Capítulo 20

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Dias atuais...

Farkle encarava o espelho enquanto uma mão relaxada segurava uma gravata azul marinho com listras brancas na vertical e a outra segurava, perto do pescoço, uma gravata vermelha. A posição dos braços se invertia ora ou outra, mas os seus olhos permaneciam a revelar uma pessoa abatida e impaciente. Só que sua impaciência não vinha do fato de que ele não sabia combinar a gravata com sua camisa rosa de botão, mas era a primeira vez que recebia seus antigos amigos em casa.

O rapaz nunca foi do tipo que fazia uma festa do pijama ou reunia um grupo em casa, era o oposto: ele evitava esses momentos e escondia seu endereço como se esconde um segredo preciso. O momento que ele tanto evitara agora batia em sua porta com malas prontas para residir em sua casa. Pelo menos era assim que ele se sentia.

"Maya...", ele pensou inflando as bochechas e soltando o ar gradativamente pela boca. Deu um sorriso fraco ao perceber que fazia isso tudo pela loira que caiu de paraquedas em sua vida. Jogou as gravatas em cima da cama, desabotoou os dois primeiros botões de sua camisa, abrindo-a de modo que parte de sua clavícula ficou à mostra. Sua expressão passava a ser de satisfação ao olhar o resultado no espelho.

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No quarto de hóspedes Maya estava jogada na cama encarando o teto. Aquele por muito tempo tinha sido seu passatempo favorito. Ficar brincando de enrolar e desenrolar o pano da sua camisa no dedo indicador enquanto pensava sobre tudo e sobre nada. Sentia medo de nunca conseguir tocar o rosto de Riley, como lhe prometera uma vez, e como resposta para esse pesadelo que ameaçava tomar suas ideias ela fechava os olhos bem forte como uma criança malcriada que não quer ouvir sermão dos pais. Os amigos de Riley às vezes pareciam o mais perto que ela conseguiria chegar do seu objetivo. Antes isso soava como um problema, como uma missão semiconcluída, hoje ela fica satisfeita com o quão longe foi.

Ela ainda não havia se aprontado para o jantar que estava marcado para começar daqui a trinta minutos, de súbito levantou da cama e procurou uma roupa na mochila que ficava jogada ao lado da cama. Farkle insistira para que ela usasse o guarda-roupas o que ela recusou gentilmente.

"Farkle...", ela pensou. Sabia que não era do agrado dele remexer no passado, mas ainda assim acatou o pedido dela de bom grado. Imaginou que Amir teria gostado de conhecer Farkle. E _ela_ também. Pegou as primeiras peças da mochila e foi se arrumar.

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Farkle desceu as escadas apressado ao ouvir o som da campainha.

- Maya! - ele gritou esperando que ela ainda estivesse no quarto se arrumando, mas sua voz foi abaixando gradualmente ao notar dois pés de all star cruzados nas costas do seu sofá.

Ele revirou os olhos e empurrou os pés da garota para fora. Maya se assustou com o gesto e levantou-se bruscamente retirando os fones de ouvido. Os olhos de Maya acompanharam Farkle até o garoto chegar na porta.

- Ellos llegaron? (Eles chegaram?) - ela perguntou curiosa.

- Sim. - ele respondeu inspirando e expirando com as mãos ajudando-o a dramatizar o momento.

A porta se abriu. Os burburinhos logo se tornaram sons abafados e caras sérias, apenas um sorriso desconfortável quebrava o padrão assim que ele disse:

- Sejam bem vindos, amigos!

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Depois da meia-noite (Rilaya / Rowbrina)Onde histórias criam vida. Descubra agora