Dias de um passado esquecido

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Já fazia muito tempo que não via o meu tio Jessé, nem no velório de mamãe ele apareceu, estava muito diferente, porém conservado. Ele estava sentado na escada de entrada da chácara fumando o seu precioso cigarro. Continuava com aquele cabelo aparado quase que no zero, seus músculos ligeiramente destacados naquela camisa social branca e uma calça jeans preta. Meu tio nunca casou sempre quis saber o porquê, mas nunca ousei perguntar. Ao nos ver chegando ele joga o cigarro no chão e levanta, quando olho para meu pai, logo vejo seu semblante mudar, estava pálido enquanto olhava fixamente para meu tio que agora estava parado de pé em frente ao carro com um sorriso malicioso em sua face.

- Qual o segredo? Falei saindo do carro enquanto o abraçava.

- Não entendi. Respondeu ele enquanto olhava fixamente para meu pai que ainda continuava com o mesmo semblante dentro do carro.

- O segredo, nem parece que você tem 50, olha só você, parece um meninão de 25. Seu olhar se voltou pra mim é logo um longo sorriso se fez em seu rosto.

- É a genética, olha só seu pai, poucos anos de diferença de idade e é um puta homem conservado. Respondeu enquanto voltava o olhar para meu pai.

Realmente nem parecia que meu pai era um quarentão, e uma coisa ele tinha em comum com meu tio, ambos eram muito fortes, um famoso conceito de 'brutamontes' ele sempre foi preocupado com a saúde e com seu corpo, parecia um Deus grego, aquele tipo de homem que a gente só ver em filmes, ou pensa ser algo editado em Photoshop, mas meu pai era real, ele existia e o melhor de tudo, era meu. Ele continuou dentro do carro sem mover um músculo, com a mesma expressão.

- Tá tudo bem pai? Como se estivesse em um transe ele voltou para a realidade é me olhou espantado.

- Está sim, desculpa foi só umas coisas que lembrei, mas deixa para lá. Respondeu forçando um sorriso, é claro que estava ou tinha acontecido algo. Mas preferi não perguntar porque pela expressão e o estado que meu pai estava, acho que ele não iria conversar comigo sobre o que se passava em sua cabeça. - vamos entrar? Assenti com a cabeça, ele abriu o porta malas, pegou uma única que tinha lá dentro, passou por meu tio ignorando completamente a sua presença. Então sabia que o fato de meu pai mudar tão rapidamente seria por conta da presença do tio Jessé, o que não fazia muito sentindo, já que quando a família toda estava reunida meu tio contava história dele com o meu pai de quando eram crianças, eram melhores amigos. Deve ser só um pensamento bobo, meu pai está cansado da viagem, só isso! Pensei comigo mesmo.

Ao chegarmos no quarto percebemos que ele ja estava ocupado pelo meu tio, o que deixou meu pai puto de ódio.

- JESSÉ. Sua voz era grossa e soou como um trovão em meus ouvidos. Logo meu tio aparece na porta do quarto.

- Diga maninho. Ele falava com sarcasmo em sua voz.

- O que significa isso? Meu pai olhava fixamente para meu tio que estava encostado na porta de braços cruzados.

- Um quarto que eu estou usando. Ele novamente fala debochando.

- Não me diga, pensei que era um banheiro. Respondeu meu pai revirando os olhos.

- Então maninh... Meu tio foi interrompido com outro grito de meu pai.

- Não me chama de maninho, meu nome é Alexandre. Exalava fúria em suas palavras e olhar. - Joseph, vamos voltar para a cidade, não vou ficar mais um segundo sequer debaixo do mesmo teto que esse... Meu pai parou um pouco enquanto avaliava meu tio. - Esse lixo.

- Então é isso que eu sou Alexandre, um lixo. Meu tio falou se aproximando do meu pai com um ar de surpresa por ouvir aquelas palavras, o que também me deixou chocado.

Amor proibido - Livro 01 (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora