Sob o mesmo luar

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Quando cheguei na porta de entrada da casa não vi mais Joseph, nem sequer qual rumo ele teria ido. Eu havia gritado com ele e praticamente o humilhado e aquilo estava me corroendo por dentro, eu precisava pedir desculpa, embora não fosse o suficiente. Então resolvi ir caminhar um pouco, era muita coisa para processar e minha mente estava um turbilhão. Embora escondesse de Joseph, peguei um cigarro na carteira que estava em meu bolso, o acendi e dei um longo trago, pude perceber um barulho de galhos quebrando, ao virar e olhar para trás pude ver Jessé sai dali.

- Qual é Jessé, tá me perseguindo agora? Falei irritado.

- Não Alexandre, olha para sua frente. Ele apontou e ao olhar pude ver um vislumbre, a lua refletia no mar e o vento que ali fazia, tocava na água e a fazia pequenas ondas onde o reflexo da lua dançava sobre a água, um linda visão.- eu sempre venho aqui pra assistir esse show da natureza. Ele continuou pegando um cigarro e ascendendo.

- Realmente um show. Concordei tragando o meu cigarro novamente. - Jessé, desculpa pelo soco, você provocou!

- Tudo bem, eu mereci, fui muito ingênuo ao pensar que você estaria só a essa altura do campeonato, olha só você, sempre elegante, muito bonito. Ele me analisava da cabeça aos pés. - vai me contar que é a sortuda ou sortudo ?

- Não posso, porque não diz respeita somente a mim. Traguei novamente o cigarro.

- Tudo bem, eu entendo. E então fez-se um silêncio apenas olhavamos o show que a mãe natureza nos dava gratuitamente ali.

- Irmão, mãe e pai descobriram que sou gay e me expulsaram de casa, por isso estou aqui, não tinha para onde ir. Ele deu uma pausa e seu  olhar continuava fixo para o mar. - Lá dentro eu disse que sai de casa e que estava com alguém, bem na verdade eu menti sobre algumas coisas.

- Não é novidade. O interrompi.

Ele olhou para mim, tragou o cigarro e continuou.- Eu menti sobre eu ter saído da casa deles, na verdade eles me jogaram pra fora, mandaram eu sair, pegaram minhas roupas e jogaram pela porta, tudo isso porque eles saíram para irem à cidade e eu levei o cara que estou me envolvendo la para casa, eles voltaram antes do tempo previsto e ao entrarem dentro de casa me pegaram em pleno o ato do sexo. Mais uma pausa e seu olhar aflito voltou-se para o chão. - Me chamaram de aberração, disseram que tinham vergonha de mim, que em nossa família nunca havia tido um viado, que eu sujei um nome da família. Jessé segurava o choro, e ali eu pude ver que ele estava sendo sincero com o dizia e aquilo me partiu o coração, meu impulso foi apenas abraça-lo e logo ele me aperta sobre o seu corpo, aos soluços ele continuou.- Eu não tenho para onde ir, não sei o que fazer, nunca arrumei um emprego porque ninguém quer um doente trabalhando. Aquelas últimas ecoaram me deixando com dúvidas o afastei de mim um pouco.

- Doente, como assim ? Eu perguntei sem entender.

- É Alexandre, depois que deixei aquele bilhete para você eu quis fazer de tudo para te esquecer então praticamente todo dia era um homem diferente, certo dia eu conheci um rapaz, rapaz não um homem, mais ou menos a minha idade, saímos para nós conhecer tomamos umas, não sei quantas mais foi o suficiente para me tirar os sentidos, fiquei completamente bêbado, nisso ele abusou de mim, provavelmente sem preservativo, e quando acordei no dia seguinte estava no meio do mato, minhas roupas jogadas e meu anus além de dolorido sangrava, mas aí eu não contei nada para nossos pais, cerca de um ano depois... Novamente ele parou, puxou ar para seus pulmões e logo despejou para fora e continuou. - Eu fui participar de uma seleção de emprego fiz tudo certo, passei em todos os testes, e solicitaram exames de sangue e outros, mas meu mundo acabou quando eu recebi o resultado, e lá constava “Detectou-se reatividade contra as proteinas: GP160, GP120, GP41, P55, P24, P17, P40, P66, P51 e P31” em outras palavras, HIV, meu mundo acabou ali mesmo, não fui aceito na empresa e ainda tive o desprazer de ganhar essa doença de presente, passei a frequentar grupos de apoio e lá conheci Carlos, contei minha história que é bem semelhante a dele e conversa vai, conversa vem acabamos nos envolvendo, eu não posso dizer que o amo, mas gosto dele, gosto de sua companhia. Eu estava pasmo com que estava ouvindo, não sabia o que dizer.

- Agora é a parte que você diz que isso é brincadeira. Falei com um sorriso duvidoso no rosto, mas tudo que ele fez foi ficar em silêncio, daí vi que ele realmente estava falando a verdade.

- Queria eu que fosse brincadeira, mas infelizmente é verdade. Ele pegou outro cigarro e ascendeu.

- Mamãe e papai sabem sobre isso? Perguntei sem saber o que falar.

- Não tive coragem de contar para eles, tenho certeza que não entenderiam, quando me jogaram para fora disseram que já sabiam sobre mim, só não queriam acreditar, então daí você já tira, se eu tivesse dito eles me julgariam mais ainda.

- E esse rapaz que você conheceu, onde está, sabe que você foi colocado para fora de casa?

- Sabe sim, ele presenciou tudo, a princípio ele me chamou para ir morar com ele, tem uma estabilidade financeira e tals, mas eu recusei não quero mais depender de ninguém, pedi apenas para me deixar aqui, ele relutou um pouco insistindo para mim ir com ele, mas realmente precisava ficar só, precisava colocar as coisas no lugar ele me deixou aqui e disse que viria no fim de semana, mas até agora não deu nem as caras. Ele riu com sarcasmo. - deve ter pensado melhor sobre o fato de sustentar um doente.

- Não diz isso, vai ver aconteceu alguma coisa com ele. Realmente não sabia o que falar para ele.

- É talvez, mas não me surpreende se ele tiver desistido de mim, é normal as pessoas fazerem isso. Ele tragava o cigarro com olhar fixo no mar.

- Jessé, preciso te contar uma coisa, sobre a sua pergunta, se estou com alguém e quem é. Um nervosismo subiu a espinha.

- Não precisa maninho, saquei assim que você me deu aquele soco e saiu atrás de Joseph. Fiquei em choque e mesmo assim me fiz de desentendido.

- Como assim?

- Vocês estão juntos, eu já percebi isso, e ao ver como você se preocupa com ele só mostra o quanto vocês ficam fofos juntos, eu não irei atrapalhar você, não desse vez, você merece ser feliz. Ele disse isso virando o seu olhar pra mim.

- Não vai me julgar, dizer que é errado? Falei boquiaberto com que acabara de ouvir.

- Alexandre, se você e eu que somos irmãos tivemos um caso, por que eu julgaria você e meu  sobrinho? não importa com quem você está, só importa que sejam reais os sentimentos, e na boa, vocês ficam bem juntos, combinam. Cada palavra de compreensão de Jessé me deixava arrependido de minhas atitudes anteriores, ele realmente havia mudado.- pode ficar com o quarto, irei dormir na sala, amanhã eu limpo e arrumo o outro quarto.

- Desculpa por minhas atitudes mais cedo, eu estava com ódio de você, por você ter me abandonado.

- Tudo bem, e como eu já disse, você estava com Simone e tinha o pequeno Joseph, que agora é um homão da porra. Rimos.

- Quer dizer que você traiu a minha mãe e ainda por cima com o próprio irmão? Joseph falou atrás de mim ao me virar vi ele com os olhos arregalados e a mão na boca.

Gente mais um capítulo para vocês, deixa eu dizer umas coisinhas para quem vem lendo o conto a tempos e não sabe das atualizações, nos últimos dias eu revisei os primeiros capítulos. Mudei e adicionei algumas coisas, então releiam que tá mais explicado e mais detalhado. Bem não lembro se ja disse isso nos Capítulos anteriores, mas vou fazer a saga do livro, isso mesmo, vai ter livro dois, a outra novidade é a nova capa feita pelo magnífico MeninoInvisivel que também vai estar por trás da capa do segundo livro, esse livro era pra ser intitulado " Amor Proibido - Descobertas " mas eu optei por deixar assim mesmo. Espero que gostem do capítulo, votem e comentem o que estão achando

Amor proibido - Livro 01 (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora