Atentado

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Já havia se passado um tempo e até agora Rafael não havia feito mais nada, saiu da casa dos pais, que também não sabiam o paradeiro do filho. Tudo acontecia normalmente, minha rotina era a mesma, o despertador havia tocado mas não fiz questão de levantar, tudo que eu precisava no momento, era pensar. Afinal não estava nem um pouco afim de ir para a faculdade.

Levantei da cama que dividia com meu pai, fui para o banheiro e me pus em frente ao espelho, não me reconhecia mais, um rosto que antes não havia vestígio algum de pêlos, fora trocado por uma barba que o cobria por completo, cabelo grande e quase sempre bagunçado, uma imagem triste de se ver.

Quando estou com meu pai, estou no céu, mas na sua ausência tudo vira um turbilhão, o pecado de se deitar com meu pai me consome, não é certo, mas não é um errado que eu deteste, muito pelo contrário, eu amo seus toques, amo seus beijos, seu cheiro e até mesmo a forma que se preocupa em perguntar como foi o meu dia, e o que eu fiz de novo.

Tirei o Short que usava para dormir, liguei o chuveiro e deixei a água fria escorrer sobre meu corpo, sobre minha cabeça que gritava por socorro, de tanta exaustão que andava minha mente. Após o banho prostei-me novamente em frente ao espelho, peguei a tesoura que havia no armário e mexa por mexa cortei meu cabelo um pouco mais sociável, aquele que antes cai um pouco abaixo das orelhas, agora vinha até a testa, com a máquina a parei minha barba, era uma nova vida, um novo começo. Então decidi recomeçar, criar um novo eu.

Coloquei uma calça moletom de meu pai, uma regata e meus fones de ouvidos. Iria correr um pouco no parque da cidade. O tempo estava tão gostoso, os pássaros cantavam na árvore onde havia um casa abandonada, bem no topo, lembro que meu pai fez essa casa quando eu tinha 10 anos. Porém não era mais usada.

Coloquei uma música aleatória para reproduzir e segui meu percurso até o parque. Foi engraçado olhar para a casa que ficava na árvore e lembrar que minha mãe sempre dizia que ali era o esconderijo de um super - herói e que ninguém poderia saber que ele morava ali, pois iriam descobrir a sua identidade. Um sorriso bobo se fez no meu rosto. Minha mãe uma mulher guerreira, mais uma vítima do câncer, maldito câncer. Talvez tenha sido melhor desse jeito, caso contrário eu nunca teria me apaixonado pelo meu pai, ou até poderia me apaixonar, mas não seria correspondido, ou seria? Mais uma questão para martelar em minha cabeça.

Peguei o celular para trocar a música e o relógio já marcava 10:30 AM, percebi também uma notificação de mensagem, ao abrir era uma foto minha, uma foto tirada naquele exato momento, um número desconhecido.
Olhei em volta mas não vi ninguém. Não adianta procurar por mim, não vai encontrar, mas eu estou te vendo, estou olhando para você. Bateu um desespero, seja lá quem fosse estava em algum lugar daquele parque. Disquei o número de meu pai e botei para chamar, olhei em volta e não tinha mais ninguém no parque. O telefone chamava e ninguém atendia, liguei para o escritório e a secretária atendeu. - Escritório Myers, Bom dia!

- Celine onde está meu pai? Falei ofegante.
- Ah! Oi Jose, o Sr. Myers está em uma audiência agora, só volta às 11:00, quer deixar algum recado?

- Quando ele chegar diga para ele me ligar, é urgente. Desliguei o telefone sem nem sequer esperar Celine falar, só queria chegar em casa e me trancar até meu pai chegar.

Tamanha foi a surpresa ao chegar em casa e ver todas as portas abertas, mas eu as tranquei pensei, ao adentrar a casa tudo estava espalhado, a TV jogada no chão, a prateleira que guardava os vidros estava virada no canto, na cozinha a louça estavam todas quebradas no chão e as que não estavam quebradas, estavam jogadas, portas do armário abertas e um cheiro impossível de gás, notei que os botões do fogão estavam girados, por isso o cheiro forte do gás, girei os botões travando o vazamento de gás e fui em direção ao quarto, chegando lá estava tudo uma bagunça, o colchão da cama estava todo rasgado o enorme espelho que ficava na parede encontrava - se quebrado, uma destruição. Olhei em volta do quarto olhando toda essa bagunça, isso é só o começo seja lá quem fez isso no quarto, havia deixado um aviso, então foi aí que entrei ainda mais em pânico, sai dali correndo.

De repente ouvi um barulho como uma explosão e tudo ficou claro, meu corpo ardia, não conseguia me mover, foi tudo que vi, ou senti até apagar.

Amor proibido - Livro 01 (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora