Posso sentir o frio?

Como a respiração

Não sei o que pensar. Nem sei se tem razão.
- Por que você divergiu?
Eu pensei em mil coisas: Hank, resistência, dúvidas, injustiça.
- Você!
O quê?!
- O quê?
- Tem algo em você. Algo que me chamou a atenção no momento que te vi.
Achei graça.
- Você tá brincando, né?
Led azul intermitente com amarelo.
- Como se eu já te conhecesse. Não sei como, mas algo em mim mudou.
- Posso te fazer uma pergunta idiota?
Ele sorriu.
- Você já foi beijado, Connor?
- Não, mas não sei qual a pertinência...
Eu o beijei de leve nos lábios. Suavemente, quase que só com a respiração. Me afastei e olhei para ele.
O led estava vermelho.
- Está com medo?
Ele parecia confuso.
- Medo? Por que?
- Seu led. Como funcionam as cores?
- Azul é processamento normal. Amarelo grande fluxo de dados para processar. Vermelho situação extrema ou dificuldade de processamento.
Toquei de leve no led. Sorri.
- Então. Agora é situação extrema ou dificuldade de processamento?
Ele sorriu de maneira doce.
- Um pouco de cada.
Disse isso e me beijou. Um beijo mais doce e profundo. O meu corpo foi percorrido por um tremor. Os joelhos amoleceram. Pensei por um instante que fosse cair.
- Você aprende rápido. - disse sorrindo.
Estranhamente sua pele era quente. Naquela manhã tão fria.
- Como pode ser tão lindo... disse a ele, sorrindo.
- Minha aparência e projetada para adaptar- se aos humanos...
- Não precisa explicar, por favor... - disse beijando-o mais uma vez.

Foi uma tarde de conhecimento. Perguntamos coisas pessoais, respondi sempre com sinceridade. Parecíamos crianças. Levamos Sumo para passear. Fazia tempo que não me divertia assim!
Quando o tenente chegou estava terminando o jantar.
Ele olhou desconfiado.
- Vocês dois sobreviveram... Estou mais tranquilo.
Connor sorriu.
- Olá, Hank. A Lindy me beijou!
Eu quis sumir em um buraco no chão.
- Não posso descuidar de vocês mesmo.
- Connor, preciso explicar para você algumas coisas sobre discrição!