Dia 9: Dia de sorte

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Quase não dormi. Fiquei ali olhando para ele enquanto ele dormia.
' Será que ele sonha?'
O led permanecia em amarelo. Modo stand by.
Seu rosto tinha uma expressão tranquila, se olhasse com atenção podia se crer que ele estava respirando. Notei que ele era muito bonito. Nem me dei conta e estava mexendo em seu cabelo.
- Espero que você fique bem, Connor. -disse baixinho.

Acordei em um sobressalto. Estava ajoelhada ao lado da cama, vazia.
Sentia um gosto de cabo de guarda-chuva na boca.
- Tenente!
Ao chegar a cozinha encontrei outro bilhete.

'Connor parecia bem quando saiu. Não me disse onde ia. Vou segui-lo. Fique em casa, encrenqueira.'

Pela primeira vez concordei com o tenente. Liguei a TV e vi toda a movimentação nas ruas. Muita comoção devido às manifestações dos andróides.
Estava passando em todos os canais.
Vi uma tropa de choque mobilizada e vários manifestantes coagidos em uma área aberta. Eram imagens aéreas.
Houve alguma depredação desde que o movimento havia começado porém não houve nenhum tipo de violência contra humanos. Não podia dizer o mesmo dos andróides, que até agora estavam sendo massacrados.

Em um determinado momento, já não tinha muita esperança de que aquele conflito terminaria com algum andróide vivo. O jovem líder dá um passo à frente e começa a cantar.

'Hold on, just a little while longer...'

Lágrimas escorrem sem a minha autorização. Sem o meu controle.
'Desculpe, tenente. Terei que desobedece-lo, mais uma vez!'
Peguei o casaco e corri, batendo a porta atrás de mim.

Posso sentir o frio?Onde histórias criam vida. Descubra agora