Dependência

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 "A verdadeira afeição na longa ausência se prova". - Luiz de Camões.

Por que o único sentimento que se passava pela cabeça dele naquele momento era pura raiva? Não era como se estivesse com raiva de Naruto ou coisa do tipo, não. Talvez Uchihas fossem covardes em muitos níveis, mas quando se tratava do filho dos Uzumaki, Sasuke não tinha medo e não se acovardaria perto daquela pessoa a qual a muito conhecia.

Quem sabe, talvez, a raiva fosse de si próprio por ser burro.

Foi como se ao ser posto diante dos azuis tudo que ele havia feito até agora foi refletido diante dos anises expressivos de Naruto. O peso da culpa caiu no seu ombro como trezentos pesos de chumbo, assim como aquele dedo enorme de sua consciência que estava a lhe cutucar a muito tempo e agora parecia lhe empurrar para um pedido de desculpas.

Sasuke sentia como se o universo estivesse lhe dizendo para cair de joelhos diante Naruto e pedir desculpas, dizer à ele que sentia muito e que o queria de volta em sua vida, implorasse para que ele esquecesse essa falha e que pudessem começar tudo novamente de uma forma diferente dessa vez.

Mas uma ova que ele iria fazer isso.

Diante ele, Naruto sorriu e parecia estar leve como nunca. Diferente do que tinha imaginado, o Uzumaki não lhe deu as costas e nem sequer pareceu incomodado com sua presença, apenas puxou uma das cadeiras de Karin e sentou-se rente ao balcão, pegando o pote de ramén que soltava fumaça, buscando um dos hashis dentro do elefante de porcelana que ornava o balcão.

- Karin saiu faz tempo? – perguntou como quem nada quer enquanto separava os hashis para logo após enrolar uma quantidade generosa de macarrão e enfiar na boca.

Sasuke olhou de um lado para o outro, não sabendo bem se devia responder uma vez que as duas frases ditas naquele recinto foram dadas por Naruto em primeiro lugar.

- Aliás, você não devia estar na casa da sua namorada? – o loiro encarou-o por cima dos ombros. – Sakura-chan é uma ciumenta de carteirinha, não vai gostar de saber que você anda enfiado na casa de outra garota. – deu de ombros antes de voltar-se para o seu jantar.

Sasuke pensou em sair daquele lugar. Não entendia o porquê, mas Naruto não conseguiria enganá-lo por trás daquela fachada pacifista que apresentava naquele momento.

O de olhos azuis girou na cadeira, notando que não receberia mesmo uma resposta. Sasuke travou diante daquele olhar, antes mascarado de falsa gentileza, agora estava exposto de frieza direcionada a si. Aquele brilho azul poderia congelar o inferno.

- E ai, você não tem nada para me dizer? – uma das sobrancelhas loiras ergueu-se de forma petulante juntamente com a pergunta feita. – Você devia aproveitar que agora estamos só nos dois, pode largar a fachada de bom moço, Teme. Sakura-chan não tá aqui para te julgar. – sugeriu com um sorriso mediano.

Ele estava provocando.

- Não sou eu quem me segurava perto da Sakura, Naruto. – finalmente o Uchiha dera sua palavra. – Eu deixo o papel de fantoche para você.

Os olhos do Uzumaki apertaram-se em aviso diante a provocação.

Sasuke não estava disposto a conversas, não quando Naruto estava querendo arranjar motivos para confusão. Naquele momento ele já não sabia se algum dia as coisas voltariam a ser como eram antes, já que parecia que o loiro jamais estava disposto a dar uma brecha para que conversassem realmente.

- Avise sua prima que eu saí mais cedo. – o tom grave era de ordem e não pedinte enquanto se encarregava de pegar a jaqueta que estava sobre a bancada que dividia os cômodos.

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