Escolhas

3.7K 308 910
                                    

"É a verdade o que assombra, o descaso o que condena, a estupidez o que destrói..." -Renato Russo.

Não é engraçado como os dias passam rápido quando não se está atento no tempo que se vive, mas, sim, no quanto se vive?

Três semanas passaram voando. Naruto mau-vira quando se passara um mês. Foram emoções e acontecimentos demais para um tempo que agora lhe parecia tão pequeno, ele daria uma semana no máximo para tudo aquilo.

Não se sentia mal por ter encarado o rosto desacreditado de Minato quando lhe contou sobre ter trancando os estudos de administração para entrar em um curso de artes. Difícil mesmo foi ver o pai tentando conter sua mãe, enquanto esta gritava e esperneava nos braços fortes do marido sobre como o moleque a quem dera a vida era um irresponsável para com os compromissos.

Mas, fora um vaso ou outro ter atingido sua cabeça ou simplesmente passar raspando, o loiro não teve lesões graves naquele dia.

Estava feliz.

Apesar de estar chocado, Minato não lhe julgou em momento algum. Naruto sabia que jamais passara ao pai a ideia de continuar o legado que o homem construíra. Ele não era do tipo que se fecharia em uma sala seis horas por dia, dentro de um terno ridículo, sentaria em uma mesa e lá ficaria frente a um computador. Não, nunca. O loiro gostava de por a mão na massa. Trabalho braçal era o seu forte. Ele queria sentir sua mão na obra, queria sentir o suor em sua pele, chegar em casa exausto por realmente estar fisicamente cansado, ser peão e fazer parte de cada coisa que pudesse deixá-lo em movimento com tudo ao seu redor.

Kushina estava evitando conversas consigo apesar de tudo. Inclusive, Naruto viu-se surpreso pela mulher estar reclamando de que sentia falta de Sakura. Kushina jamais gostou de sua ex-namorada, justamente por serem tão parecidas – mesmo que a ruiva negasse com força cada vez que dizia isso a ela. -, afinal, gênios parecidos, quando colocados em um único lugar é como uma bomba prestes a explodir.

Apesar de toda raiva que a Haruno fizera a ex-sogra passar, a ruiva dizia que a rosada colocava ao menos um pouco de juízo na cabeça oca de seu filho. No entanto, ela não fazia isso melhor do que Sasuke.

Outra das queixas de sua mãe era falta de ter o menino Uchiha ao seu lado como seu braço direito na árdua tarefa de educá-lo.

Sakura, apesar de pulso firme, era muito desatenta a pequenos detalhes. Para ele driblar a Haruno eram dois pulos fáceis. Com a sua mãe o negocio era mais embaixo. Naruto sempre teve seus momentos de escapadas, mas que com o manuseio correto e olhar de gavião de Kushina, tornava-se um tiro pela culatra. E era assim que Sasuke agia com ele também. Sua mãe sempre dizia que o filho de Mikoto era seus olhos quando ela não estava por perto para cuidar de sua cria.

A Uzumaki esperava de todo coração que a briga dos dois amigos não se pendurasse por tanto tempo – que já estava sendo longo o suficiente, visto que das demais vezes ambos voltavam a se falar em questão de horas. – e logo Sasuke estivesse batendo na porta de sua casa para apressar seu filho para o trabalho, estudos ou até mesmo para sair no final de semana como sempre faziam.

Ele sabia que sua mãe estava-o nomeando como imediatista por agir daquela forma com aquele que convivera a vida toda. Mas ele não voltaria atrás porque sua mãe lhe julgava daquela forma. Ele tinha seus princípios, e só passaria por cima deles se ele próprio assim achasse melhor.

Até porque não é como se Sasuke estivesse buscando seu perdão ou estaria tentando falar consigo, quem sabe nem estivesse sentido sua falta. Ele tinha Sakura agora. Isso por si só já devia preencher um grande espaço no coração do Uchiha. O Uzumaki já havia aceitado, havia acabado. A diferença dos dois era larga demais para continuar a conviverem juntos. Poderia parecer despeito, mas não era. O afastamento o fizera enxergar o quanto vivera em função de Sasuke e suas alegrias durante tanto tempo.

DisputaOnde histórias criam vida. Descubra agora