Despertar

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Atiramos o passado ao abismo, mas não nos inclinamos para ver se está bem morto. – William Shakespeare.

Os passos baixos soavam pelo chão de taco, o som era sutil, porém podia ser ouvido na casa totalmente silenciosa, nem aquilo foi o suficiente para que o corpo estirado na cama de solteiro se movesse.

Se Tsunade, sua mentora, entrasse em seu quarto e a visse deitada na cama com a quantidade de lenços de papel usados que estavam em seu colchão iria chutar até a sua quinta geração, e sinceramente, Sakura não se importaria de mandar sua preciosa Sensei para o quinto dos infernos. No momento ela queria paz, silêncio e ficar sozinha.

Sim, sofrendo como uma adolescente.

Não fora algo dramático ou coisa do tipo, foi simples. Se quiser saber foi tão simples que sequer Sakura acreditou no instante que fora dispensada. Quer dizer, Sasuke deu-lhe a ela tudo que ela queria por um dia todo; tiveram um encontro como um casal, ele foi paciente e atencioso, do jeito dele claro, pequenos gestos que a Haruno conseguia apreciar; e no mais tardar, quando a levara para o apartamento que dividia com seu irmão e primo, eles dormiram juntos, o que era claramente uma expressão, visto que dormir foi algo que eles não fizeram naquela noite. Tudo estava perfeito até que, ao dar a rosada um orgasmo que ela não poderia definir como nada além de esplendido, ele soltará aquelas três palavras rente ao seu ouvido.

"Não dá mais Sakura"

Ela se viu na obrigação de tentar encará-lo para ter certeza de que não ouvira errado ou que, quem sabe, talvez tivesse interpretado mal, mas o olhar frio e sem expressões que ele lhe dera após lhe dar um beijo no mínimo carinhoso em sua testa não a iludiam.

Sasuke não explicara o motivo, não lhe dera chances de perguntas e ela nem sabia se gostaria de fazê-las para ser franca, dignando-se apenas a por se de pé e vestir-se, desejando sair de lá o quanto antes.

Agora, os dias que se decorriam após isso têm sido os piores de sua vida – ok, talvez ela estivesse exagerando. – Mas sem dúvidas o que ela mais se lembrava de sentir tamanha dor e rejeição. Ela queria entender as razões do moreno para ter feito o que fez. Não conseguia compreender onde havia errado para que o rapaz decidisse aquilo.

Afinal, era uma boa namorada... Não era? Ela o ouvia quando precisava, lhe dava atenção, ajudava no que podia, correspondia as expectativas dele na cama, jamais lhe negava nada.

Então por que foi dispensada sem nem sequer um "por quê?".

Ele não telefonou nos últimos dias, nem para saber como ela estava.

Quando ela rompeu com seu ex-namorado, a Haruno ao menos disse a Naruto o clássico e manjado "Ainda podemos ser amigos", mas nem isso o moreno lhe dera. Simplesmente sumiu do mapa. E olha que ela fez questão de tentar ao menos vê-lo com a desculpa de encontrar-se com Tenten no café da faculdade durante três manhãs seguidas, o que se mostrou falho visto que ele nem deu as caras.

Se fosse Naruto, ele teria a procurado um dia depois do rompimento.

A jovem não queria correr atrás, não era certo fazer isso, menos ainda era do seu feitio agir de maneira estúpida, mas ela não queria deixar a historia com tantos pontos em aberto. Tentava entender o que fizera o Uchiha mudar de ideia tão rápido. Será que foi por causa do almoço desastroso que tivera em sua casa? Claro, com seu pai sempre querendo ser um completo idiota.

Não era a toa que Hizashi se desse tão bem com Naruto.

Sasuke era mais maduro do que seu ex; era culto, inteligente e de poucas palavras, diferente de Naruto que falava sem estribeiras, comia como um porco e a envergonhava na maioria das vezes. Mas fora esses pequenos fatos, ela não podia se negar que o loiro era melhor que Sasuke em vários pontos, o carinho e atenção eram um deles.

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