O colega do meu irmão

Capítulo 12

- Solta ela e nunca mais chega perto, entendeu? – Um garoto se colocou entre a gente e gritou com o Leandro.

- Ei, cara! Qual é? – O Leandro se defendeu. – Ela disse que não tinha namorado!

- Mas tem irmão! – O Caio continuou falando alto. – O que é bem pior! Então sai daqui! – O Leandro olhou para o Caio com uma cara que misturava confusão e raiva e continuou seguindo a banda que já tinha voltado a andar.

- É pra isso que você sai de casa? – O Caio se virou para mim com raiva e continuou falando alto. A sorte era que, como a banda já estava andando, quase ninguém estava por perto para ver a cena que o meu irmão estava fazendo.

- Vai querer me dar lição de moral agora? – Eu estava com raiva por ele ainda estar gritando.

- O que você tem na cabeça, hein? Você tá maluca?! – Ele parou de gritar, mas continuava falando mais alto do que o normal e parecia que a raiva estava aumentando. – Foi isso o que você falou para os nossos pais que vinha fazer aqui?

- Eu vim me divertir! Qual é o problema? – A minha raiva estava crescendo.

- Para se divertir não precisa sair beijando os caras!

- Ah, é? – Fui cínica. – E não é isso o que você faz toda noite quando sai? Diversão pra você não é sair beijando todo mundo? Qual é o problema de eu beijar um cara?

- Você é minha irmã! E você é menina!

- Ah, e você beija o quê, hein? Não são meninas também? Talvez até a irmã dele você já tenha beijado!

- Olha aqui, - ele se aproximou de mim – não tenta distorcer o que eu tô falando! Você nem conhece esse cara direito! E se acontecesse alguma coisa com você? – Ele ainda estava com raiva, mas o tom começou a demonstrar mais preocupação. – Você saiu sem celular! Assim que eu soube que você estava aqui com um grupo cheio de caras eu comecei a te ligar, mas o celular estava em casa!

- Eu avisei aos nossos pais que ia deixar o celular em casa pra não perder e nem ser roubada! Eu não sou irresponsável! Eu avisei a eles! – Eu parei um tempo para respirar. A respiração estava pesada e rápida.

- Por que você fez isso? Você não é disso! Você não gosta de Carnaval! – Ele perguntou baixo.

- Porque eu queria me divertir! Eu queria distrair a cabeça! Eu queria viver um dia o que você vive todo final de semana! – Só então a ficha caiu para um detalhe que ele tinha dito antes. – E vem cá, que história é essa? Como você soube que eu estava aqui com um grupo cheio de garotos?

- Fiquei sabendo... – Ele tentou desconversar.

- Fala pra mim! Eu tenho o direito de saber quem é o sem noção que liga pro meu irmão só pra avisar que eu estou me divertindo pela primeira vez!

- Os meus amigos, tá? – Ele falou com um pouco de raiva e impaciência. – Os meus amigos me ligaram pra avisar que a minha irmã tava no meio de um grupo cheio de caras! Se não fosse por eles não sei o que podia ter acontecido. – Ao falar isso, ele apontou automaticamente com a mão direita e eu vi quem era uma das pessoas que estava assistindo a tudo desde o início.

- Pedro?! – Na mesma hora, toda a raiva que eu estava sentindo dele se juntou com a indignação pelo modo como meu irmão estava agindo mais uma vez. – Foi você? – Ele estava mudo com uma expressão que eu não consegui identificar. Parecia que estava se segurando para não demonstrar que não tinha gostado nem um pouco de ver o que tinha acabado de acontecer. E, naquela hora, eu torci para que fosse isso mesmo, para ele poder sentir o que eu tinha sentido mais cedo naquele mesmo dia.

- Não! – O Caio voltou a falar no tom de voz normal. – Foi outro amigo, mas quem foi não interessa... O que importa é que se eu não tivesse sido avisado...

- O quê?! – Eu interrompi o Caio. Eu ainda estava olhando para o Pedro, e, vê-lo com aquela expressão, como se estivesse decepcionado comigo, como se não soubesse o que ele tinha feito no dia anterior, só fez com que a minha explosão fosse ainda maior. Eu encarei o meu irmão e disse com raiva: – Hein, Caio? Se você não tivesse sido avisado poderia ter acontecido o quê? Eu poderia ter caído no papo de alguém como você? É isso?

- Aline, você não sabe do que tá falando. – Ele tentou argumentar.

- Ah! Eu sei, sim! Sei muito bem! Eu sei de tudo, esqueceu? Você me conta tudo! Me conta sobre todas as suas conquistas em cada saída sua!

- Aline! – Ele tentou falar, mas eu não deixei.

- Então, qual é o problema? Você pode beijar quem você quiser, mas eu não? É isso? Você e os seus amigos, - eu encarei o Pedro – podem sair em uma noite e ficar com a garota que quiser, MESMO QUE SEJA SÓ UM BEIJO, – eu falei mais alto essa parte e na mesma hora o Pedro fechou os olhos e balançou negativamente a cabeça – mas eu não posso sair e beijar SE eu quiser? – O Pedro abriu os olhos e me olhou triste, mas eu não me importei.

- Aline, você não conhece esse tipo de cara! - O Caio falou sério e se aproximou mais de mim.

- Conheço muito bem, Caio. – Uma lágrima escorreu dos meus olhos. - Se você não se lembra, eu moro com um dentro de casa! - Olhei para o Pedro, já chorando bastante, e completei: - E convivo com os amigos dele também! Que se passam por legais, mas que logo cai a máscara! –Voltei a olhar para o Caio. – Pode ter a certeza de que, por experiência própria, eu sei me proteger muito mais de caras assim do que as garotas que vocês pegam à noite! – E saí correndo em direção a minha casa.    

Como vai ficar o clima depois dessa discussão? Vocês acharam que a Aline foi muito dura com o Caio e o Pedro ou eles mereceram?

Quem será que vai atrás da Aline?

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