Capítulo 19

9.1K 639 127
                                    


Eu e o Pedro continuamos trocando mensagens pelo celular, mas ainda não tínhamos marcado um novo encontro. A Carla estava enchendo a minha paciência para sair de novo com ele, afirmando que eu já sabia o que um sentia pelo outro e que só faltava darmos um beijo para oficializar o que, segundo ela, já estava claro. Eu preferi esperar mais um pouco e deixar o tempo decidir quando deveria ser o nosso segundo encontro, que aconteceu no sábado.

No início da noite de sábado, meus pais me convidaram para dar uma volta no shopping para a minha mãe comprar uma calça e depois irmos ao cinema e jantar, só que o recesso de Carnaval já ia acabar e eu queria colocar o máximo das minhas séries preferidas em dia, então agradeci o convite e fiquei em casa. Por volta das sete e meia, o Caio passou arrumado pela sala, entrou na cozinha e saiu de lá cheio de sacola de mercado.

- O que é isso? – Perguntei curiosa.

- Bebidas pra festinha! – Ele estava empolgado.

- E desde quando você leva bebida pras festas?

- Desde quando sou eu quem tá dando a festa! – Ele estava enrolado para abrir a porta. – Pode abrir a porta pra mim?

- Como assim? – Perguntei assustada. – Você vai dar uma festa aqui hoje?

- Não! A festa vai ser no play! – Ele respondeu impaciente. – Será que você pode abrir a porta?

- Ah tá! – Dei uma pausa. – Faltou a palavrinha mágica...

- Aline! – Ele falou irritado.

- Esse é o meu nome, não a palavrinha mágica...

- Por favor, Aline! – Ele fechou os olhos para tentar segurar a raiva.

- Ah, agora sim! – Levantei do sofá e abri a porta para ele.

O Caio ainda precisou descer mais três vezes para levar o resto das bebidas, o que o deixou cansado. Ele se sentou ao meu lado no sofá.

- Cansei! – Ele bufou.

- Vem cá, essa festinha é pra quantas pessoas?

- O pessoal da minha turma do terceiro ano... – Ele estava olhando para a televisão, mas não parecia estar prestando atenção em nada do que estava passando.

- Hmmm. – Eu não gostava muito dos colegas que tinham estudado com ele no ano anterior, principalmente porque éramos da mesma escola e eles viviam pegando no meu pé, só que não eram brincadeiras engraçadas, a maioria delas eram para me colocar para baixo.

- A gente queria marcar um reencontro pra não perder a amizade e marcamos pra hoje... Aí todo mundo rachou o valor do play, eu ofereço as bebidas e cada um vai trazer uma comida! – Ele voltou a ficar empolgado. – Vai ser legal!

- Imagino! – Fui cínica.

- Você não gosta mesmo deles, né? – Ele me olhou.

- Não sei como você gosta deles! Eles são ridículos!

- Você não gostava das brincadeiras, né? Mas não era nada demais! Eram só brincadeiras!

- Pra você podia ser só isso... – Estava ficando chateada.

- Ah, maninha... – Ele fez a voz como se estivesse falando com uma criança, o que me deixou irritada.

- Ah, não vem não! – Levantei do sofá. – Você quer aproveitar com os seus amigos, então vai lá! Mas me deixa em paz e não me força a gostar deles! – Fui para o meu quarto e fechei a porta.

Deitei na cama e fiquei olhando para o teto. Infelizmente comecei a lembrar várias brincadeiras que tive que aguentar no ano anterior por causa dos amigos do meu irmão. Eles só pegavam no meu pé porque eu era completamente diferente do Caio e, por isso, eu não era boa o suficiente para ser a irmã dele. Tentei afastar esses pensamentos, mas senti que eu estava começando a me sentir triste e eu não podia deixar isso acontecer. Quando o Caio se formou no Ensino Médio, eu prometi que nunca mais ia me sentir triste por qualquer colega dele e ia aproveitar sua ausência na escola para começar a ser a Aline e não mais "a irmã do Caio". Peguei o meu laptop e comecei a assistir a um episódio de uma série adolescente. Já estava quase acabando quando a internet caiu. Fiz tudo o que eu podia tentar, mas a internet tinha caído mesmo e, como nada do que eu fizesse ia resolver, fui para a cozinha lanchar. Pouco antes dos meus pais saírem, eu tinha comido biscoito, então não estava com muita fome. Fiz um misto quente para mim, lavei a louça, escovei os dentes e sentei na sala para ver televisão.Achei que aquele não era o meu dia da sorte, pois a televisão também não estava com sinal. Voltei para o meu quarto pensando no que eu poderia fazer para passar o tempo, até lembrar de um livro para pintar que eu ganhei no amigo oculto que fizemos na minha turma no ano anterior. Procurei por ele nas gavetas da minha escrivaninha e o encontrei jogado na última gaveta. Peguei os lápis de cor que encontrei, fui até a cozinha para fazer ponta e me joguei na cama para começar a pintar. Eu até estava gostando, só que o silêncio ainda me incomodava. Um outro hobby meu era ouvir música, então me levantei, peguei o meu fone de ouvido dentro da mochila e voltei a deitar na cama e continuei pintando enquanto cantava.

Já devia estar há quase uma hora pintando e cantando, quando reparei uma sombra saindo da porta do meu quarto. Agradeci mentalmente por meus pais terem chegado e levantei correndo para pedir ao meu pai para ligar para a central da tv a cabo e reclamar da falta sinal, só que, assim que saí do meu quarto para o corredor, eu bati com tudo em alguém que me abraçou. Na mesma hora eu soube que não era nem a minha mãe e nem o meu pai, e já estava pronta para reclamar com o Caio do susto que ele tinha me dado, quando eu me dei conta de que também não era o meu irmão. Dei um passo para trás, me soltando dos braços da pessoa e olhei para ela na mesma hora em que a ouvi:

- Foi mal... – Era o Pedro

- Pedro? – Me afastei mais um pouco.    

E agora? Será que acontece o primeiro beijo deles?!

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

E agora? Será que acontece o primeiro beijo deles?!


O colega do meu irmãoOnde histórias criam vida. Descubra agora