Capítulo 22

8.8K 581 838
                                    


Acordei bem melhor do que no dia anterior, mas ainda sentia que tinha alguma coisa errada. Eu sabia o que estava errado, o que estava fora do lugar, o que não estava saindo como o esperado, mas não havia nada que pudesse ser feito. Criei coragem para levantar da cama, tomar banho e depois o café para não sair atrasada. Meu pai me deixou na escola e eu passei a manhã inteira com a Carla me lançando olhares, até eu me cansar e perguntar na hora do lanche:

- Vem cá, por que você tá me olhando assim a manhã inteira?

- Tô olhando normal. – Ela se assustou.

- Não tá não! Tá me olhando com essa cara que você faz sempre que quer falar alguma coisa, mas fica se segurando!!

- Ah, quer saber, eu tô sim! – Nós duas estávamos em pé e ela descruzou os braços e jogou as mãos ao lado do corpo. – Você vai ficar fingindo que nada aconteceu?

- Como assim? O que eu tô fingindo? – Eu realmente não fazia ideia.

- Você sabe! Você tá gostando de verdade de um garoto que também gosta de você e vocês se beijaram e você gostou do beijo! Vocês têm que ficar juntos!

- Carla, para! – Eu estava séria.

- Não paro, não! Você tem que dar uma chance! Duvido que você já tenha respondido a ele. – Ela ficou me olhando, esperando uma resposta.

- Não! Eu não respondi! – Ela fez uma cara de reprovação. – E nem vou responder!

- Tá vendo!? – Ela parecia desesperada. – Você pode estar perdendo a sua maior oportunidade!

- Carla, eu ainda tenho dezesseis! Ele não é o último garoto da Terra!

- Mas pode ser o garoto feito especialmente pra você! – Ela ergueu uma sobrancelha.

- O garoto que não pode assumir na frente do meu irmão que me beijou, com certeza não é o "garoto feito especialmente" para mim! – Fiz sinal de aspas no ar, me virei e a deixei sozinha.

Após o lanche ela me olhava e chegava a abrir a boca, mas não falava nada. Eu não queria ter virado as costas para ela, mas eu não ia aguentar o romantismo e otimismo dela naquele momento. Na hora da saída a gente se despediu e eu encontrei com a minha mãe no carro. Nós conversamos bem durante todo o trajeto, mas na hora do almoço ela perguntou sobre o Pedro e eu me dei conta de que, se eu não quisesse falar sobre ele, eu teria que ficar sozinha. Respondi que ainda não tinha respondido e que avisaria assim que mandasse uma mensagem para ele. Vi um pouco de televisão, mas logo ela desligou e me mandou para o quarto para estudar. Ouvi o Caio chegando, mas ele não tentou passar no meu quarto para conversar, pois a minha mãe também o tinha colocado no quarto dele para estudar.

No jantar eu troquei as primeiras palavras com o Caio. Nossos pais estavam conversando e nós começamos a conversar com eles até, em um momento, eu falar com o Caio. Ele sorriu quando eu fiz isso e eu sorri de volta. Quando eu terminei de lavar a louça ele me deu um abraço, pediu desculpas, disse que estava se esforçando para melhorar e que estava sentindo saudade das nossas conversas e das minhas brincadeiras chatas. A gente riu um pouco, mas eu não conseguia me divertir pensando no Pedro. Decidi resolver a questão de uma vez por todas. Fui para o meu quarto, desbloqueei o celular e tinham novas mensagens dele:

Aline, eu sei que errei, mas já pedi desculpa!

O q mais vc quer que eu faça pra vc me responder???

Eu só quero conversar!!

Pfv, me responde!!

Pedro, desculpa não responder antes

O colega do meu irmãoOnde histórias criam vida. Descubra agora