D O I S

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Floresta negra

Eu não faço idéia de onde eu estou, não há janelas apenas a porta de entrada. Uma pequena vela ilumina o lugar e deixa o espaço depressivo. A única coisa que eu lembro foi quando aquele homem me entregou aquele líquido e logo depois apaguei.
Um barulho agonizante de uma mulher gritando me faz sair do chão e escutar detrás da porta, ela parou de gritar e escuto passos se aproximar da porta e eu imediatamente vou para o canto me agachando e abraçando as pernas.

A porta se abre, lá está ele.

- Mil perdões pelos gritos, ela acha que gritar irá salvar a vida dela - Ele diz se aproximando de mim.

Engulo em seco, ele puxa meu braço me deixando de pé e me arrastando para fora do quarto.

-- O que vai fazer comigo? -Perguntei tentando me soltar, mas ele é mais forte do que eu. Ele aperta ainda mais meu braço me fazendo contorcer de dor, ele praticamente me joga no sofá da sala. Eu observo o local que basicamente tudo é de madeira antiga e rústica. Será aqui que irei morrer?
Ele se agacha e olha fixamente em meu rosto. Seus olhos pretos iguais as asas de um corvo, seus cabelos pretos igual a noite e sua expressão mais sádica o possível.

- Vou dizer porque escolhi você - Diz ele, se levantando e indo se servir com alguma coisa no balcão -Será minha ajudante - Ele volta até mim.

Fico confusa com suas palavras, ajudante?

Eu fico encolhida no sofá sem entender nada como um bicho de frente ao seu predador.

- Perdeu a língua? - Zombou ele.

- Eu vou ter que matar pessoas? - Perguntei.

Sua expressão fica séria.

- Não, sua tola - Ele suspirou -Irá limpar, cozinhar e me ajudar em outras coisas - Ele deu o último gole de sua bebida.

- Vou virar sua empregada? - perguntei, indignada

- Pode começar na cozinha, faça alguma coisa - Ele responde.

Eu estou pasma e imediatamente lembrei-me do meu gato. Pulei quando ele ia saindo e entrei na frente dele.

- Meu gato, onde está? - Perguntei com lágrimas nos olhos.

- Está preocupada com o seu gato? - Ele perguntou, incrédulo.

Abaixei a cabeça.

- Tolinha - ele murmura

Eu avanço para cima dele com toda minha força.

- Vá para o inferno! Nunca iria concordar com essa barbaridade! - berrei em sua cara

Ele imediatamente me joga no sofá e fica sobre mim. Seu olhar é assustador. Sedento.

- Você não está em posição de escolher nada! Irá me obedecer ou acabará enterrada em qualquer buraco por aí! - ele rosna e me larga.

Isso só pode ser um pesadelo! Céus, o que vai acontecer comigo se eu não cooperar? Eu não tenho ninguém lá fora para sentir manha falta. Estou sozinha. Fico imóvel e ele me manda ir à cozinha fazer alguma coisa. Sem escolhas eu acabo obedecendo. Estou com muito medo dele farei de tudo para mantê-lo calmo. Me posisiono na frente da pia de louças e observo a janela que estava de frente. Dava para ver a margem da floresta escura deixando o local aterrorizante. Parece um cemitério lá fora, a lua mal ilumina o local e as árvores me parecem mortas. Meu Deus, que lugar é esse? Penso comigo mesma. Para piorar tenho que cozinhar e eu não tenho a mínima ideia do que fazer. Eu acho que qualquer coisa que tiver na geladeira deve servir. Vasculho tudo e encontro ótimos ingredientes para uma sopa.

Doce Tragédia (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora