Doce Tragédia (EM REVISÃO)

O I T O

 
Um mês foi o suficiente para perder minha sanidade, um mês foi o suficiente para entender o lado de Blake.

Se eu quis isso?

Não.

Mas estou atraída por ele, de um jeito intenso.

De um jeito que quando chego perto dele perco o ar.

Blake fez isso comigo, ele conseguiu me levar para suas sombras. E há um jeito de escapar disso.

Apenas lutando contra esses sentimentos.

Fiz uma coisa nessa última semana que nunca me perdoarei. Ajudei Blake a enterrar um corpo, mas ele me obrigou, eu não queria fazer aquilo.

Mas não tira o peso da culpa, não tira o remorso.

Não sei em que estou me tornando apenas para conseguir a confiança dele.

Ele nunca mais me trancou nessa casa e me deixa fazer o que eu quiser.

Era isso que ele queria?, um tipo de companhia para sua vida solitária e frustada?

Está certo, estou fazendo o papel direitinho.

  Hoje estou no lago quase congelado pelo gelo, esse inverno está sendo muito torturante. Eu podia ver meu reflexo cansado na água, uma imagem triste...

  Blake estava pegando lenha e às vezes me olhava e sorria, gostando da minha presença forçada.

Céus, um dia vou escapar desse terror inteira?

Por quê ninguém ainda não apareceu?, É estranho... Não deram nem sequer a minha falta?

Atirei pedras no lago com força que respingos voou em meu rosto, a água estava tão fria...

Vá, dê um mergulho.

A voz interior susurrou.

Eu tirei meu vestido e fiquei olhando a água, olhei para Blake que estava esperando eu pular.

—  Não entre —  Ele me alertou.

Eu olhei para ele.

— Por quê?

— A água está gelada demais, está ficando maluca? — Ele disse se aproximando de mim. Recolhi imediatamente meu vestido do chão e voltei a vestir. Realmente, estou ficando maluca perdendo os parafuso da cabeça.

Mas é você que está fazendo isso comigo, Blake.

  De volta para a cabana Blake preparou a lareira para aquecer a casa. Está muito frio e minhas mãos já estava quase congelando lá fora. Quando a lareira se acende eu vou rapidamente para de frente dela, que imediatamente esquenta meu corpo gélido. Blake se serve de Whisky e se senta no sofá atrás de mim.

— Eu gosto do fogo — ele comenta

Olhei para ele de lado, quem gosta de fogo? penso. Eu tenho pavor de fogo. Tenho pavor de pensar que posso morrer queimada qualquer dia, céus, tão sórdido.
Abraço meus joelhos e fico olhando o fogo chiar. Eu queria escutar alguma sonata de preferência Beethoven. Eu sinto paz quando ouço suas sonatas. Sinto minha alma vazia. Recrio um momento em que estou em meu quarto escutando Moonlight. Uma das suas obras maravilhosas. Estou sozinha em casa como sempre, deitada em minha cama presa em meus pensamentos, aprisionada. Procurando razoes para continuar vivendo, criando planos, objetivos. Mas... a tempestade sempre vem, e ela se chama Blake. A pior tempestade que passou por mim. A que destruiu tudo a minha volta.

E depois dessa tempestade não virá o arco-íris. Não vira pássaros cantando, não irá ter o gramado molhado para pisar em cima, não irá restar mais nada depois. Nada. Me contorço de frio, de medo, de angústia.
  Me afasto desses pensamentos, decidi fazer um chá. Me dirijo até a cozinha e coloco água no bule para ferver junto do chá de hortelã. Enquanto a água ferve me direciono até o balcão e me encosto lá mesmo, para olhar Blake no sofá se acabando no whisky. Ele brinca com seu canivete com todo o ar de segurança do mundo. Ele não sente medo de nada, mas eu sinto, sinto todo medo do mundo aqui. Eu estou constantemente com medo. Chega ser um absurdo.
Com a outra mão ele segura seu copo com a bebida, aperta seu maxilar dando um ar de sensualidade. Merda. Consegue ser sexy até bebendo whisky.

O bule chia e eu pulo de susto. Abro o armário de pego uma caneca e me sirvo de chá. Volto a me sentar de frente ao fogo.

— Por que não conversamos um pouco? — ele pergunta

tremo.

Me viro para ele.

— Não há o que conversar Blake — respondo

ele levanta a sobrancelha

— Claro que há, vamos, sente-se ao meu lado — ele diz com um ar de dominação.

E eu obedeço. Automático. Eu fico ao seu lado e encosto a cabeça nas costas do sofá.

— Podemos apreciar o silêncio — sussurro

Dou um gole do meu chá. Ele me olha nos olhos e tira a caneca de minha mão. Deixa na mesinha e me beija. Um beijo inesperado. Sinto o gosto do whisky em seus lábios e o beijo mais ainda, mais intenso. Eu me desarmo, me entrego completamente para ele.

— Fique comigo — ele diz entre nossos lábios

Digo que sim e ele me leva para o quarto. Eu ficarei aqui com você, Blake.