O N Z E

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A água quente caía sobre meu corpo, despejei o shampoo em minha mão e passei no cabelo massageando suavemente, o cheiro é incrivelmente maravilhoso.

Após o banho eu me enrolei na toalha e fui para meu quarto, eu vesti um short jeans e uma regata branca.

Minha mão deu uma pontada de dor, preciso trocar o curativo, já era para mim ter perdido essa mão faz tempo...

Peguei o kit de primeiros socorros e fiz outro curativo, minha mão está horrível com esses pontos e dói, mas é o de menos agora. Após fazer o curativo comi algumas torradas com geleia de pêssego, mas acabei vomitando tudo.

Não sei, devo estar doente.

- O que aconteceu? - Blake perguntava parado na porta do banheiro

Limpei a boca com o dorso da mão direita e dei descarga.

- Não sei - respondi

Ele mediu minha temperatura com a mão e fez uma cara de espanto.

- Você está fervendo em febre - disse

Conferi e era verdade, estou muito quente.

Ele pega meu braço me levando até a cozinha, procurava por remédio e me deu um.

- Tome este remédio e vai se deitar - Ele diz seriamente - Vou sair e comprar umas coisas para a ceia de hoje, você ficará bem sozinha? - Perguntou ele cauteloso

Hoje é natal? Pensei comigo mesma e olhei para o calendário estampado na parede

- Sim... ficarei - murmurei

Rapidamente fui para o quarto. Eu não queria falar com ele e nem olhar na cara dele, não sei, estou assustada e com raiva. Ele tentou me matar!, eu não deveria estar assim porque foi um momento péssimo dele e de surto.

Ao invés de me deitar eu fui desenhar, mas meu peito está cansado, não sei, uma falta de ar. Estou piorando muito rápido, que diabos é isso? Gripe?

Desisto de desenhar e vou para o quarto dele, na sua mesa havia papéis, ou melhor, atestados médicos espalhados na mesa.

Dizia que era de um médico psiquiatra, ele frequenta psiquiatra ou fraudou essas receitas?

Provavelmente fraudou, não duvido de mais nada vindo dele.

Está quente demais esse quarto, abro as janelas e um vento suave entra. O dia está bonito lá fora apesar da neve, a neve cobria a grama toda e as árvores, acho que vou lá fora fazer bonecos, afinal, minha febre precisa abaixar.

Coloquei uma blusa e troquei meu short por uma calça e saí de casa, fiz algumas bolas de neve e procurei por galhos para fazer as mãos do boneco. Fui em casa e peguei um cachecol amarelo, duas cenouras e botões.

Os botões são os olhos dele e a cenoura o nariz, não achei nada para fazer um sorriso e apenas desenhei um.

O boneco de neve estava pronto, lembro quando eu e meus pais fizemos vários desses no quintal de casa, e eu daria tudo para viver aqueles momentos de volta.

Mas não vai, Alyssa. Você precisa superar.

Preparei um chá para mim e bebi, a febre abaixou e me deitei no sofá, olhei no relógio e marcava 13:00, espero que Blake não demore, não quero ficar sozinha por muito tempo. A solidão é cruel e a hora passa lentamente.

Já sei o que irei fazer para passar o tempo. Fui até o quarto dele e peguei o molho de chaves e vou para o porão. Gélido e com cheiro de morte, isso assusta qualquer um. Uma cadeira metálica e com prendedores em cada braço, do lado havia uma mesa com vários alicates e agulhas.

Doce Tragédia (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora