Uma miniatura

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nada a declarar :3

boa leitura e perdão qualquer erro. 

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Lá estava ela. Sofia Cabello deitada e completamente enrolada em Taylor Jauregui. Aquilo em partes era confuso, mas não menos confortável e familiar. A Jauregui possuía marcas muito fortes, cicatrizes que marcavam sua mente e coração. Uma mudança de uns tempos para cá foi o novo brilho em seus olhos, talvez Sofia fosse a culpada.

As duas mulheres perderam muito. Um fantasma do falecido marido e um divórcio, eram coisas difíceis de superar em uma cidade onde o tempo parecia não passar. E se o tempo não passa, as cicatrizes não curam. A menos que você tenha em quem se apoiar, e as elas agora possuíam alguém. Uma razão para levantar, algumas na verdade. A sobrinha, a família que conquistaram e uma a outra.

Eram sentimentos novos para Sofi, nem mesmo no pico da estabilidade de seu casamento a fizeram sentir aquelas borboletas pelo corpo. O calor que começava em seu peito e acalentava sua alma; Amor, essa era a palavra. Quem sabe sua aliança tenha sido feita no calor de uma paixão adolescente, a paixão acaba, sem amor não dura. Se esse era o problema, jamais deixaria que acontecesse de novo. Estava disposta a qualquer coisa para ter Taylor ao seu lado, nem que isso significasse a eternidade.

Afagou os cabelos macios que estavam espalhados pelo travesseiro. Seus lábios foram direcionados ao pescoço exposto da maior, um suspiro sonolento foi a resposta.

— Me deixa dormir, mulher — resmungou a outra. Seu corpo tomou impulso para virar, mas foi impedido por Sofia.

— Está na hora de levantar, amor

Aquelas palavras abriram os olhos da Jauregui. Era sempre tão maravilhoso vê-la lhe chamando assim.

— Eu vou matar qualquer um que tem haver com isso! Você principalmente Lúcia Vives Gómez!

O grito foi ouvido no quarto onde estavam, o que fez as duas saírem da sua bolha e gargalharem. Algo parecia estar acontecendo, ainda mais pelos gritos de Veronica no corredor. Parecia ser importante, os vários passos na madeira antiga faziam os gritos ficarem ainda mais abafados pelas paredes. Vestiram a primeira coisa que viram por aí, assim que desciam a escada, foram quase atropeladas por Allyson.

— Alguém poderia me dizer o que porra está acontecendo? — A Cabello gritou para ninguém. Entretanto Luna estava ao lado das duas.

— Tia Veronica entrou em trabalho de parto.

As duas olharam para a menor de olhos arregalados. Luana deu apenas de ombros. Se lembrava muito bem de escutar Lucy quase quebrar a porta das suas mães e a sua também. Com os ferimentos na costa não poderia dormir com as duas, então se retirou para o seu quarto. O sono, já difícil pela dor, foi interrompido pela Vives desesperada.

Um casal antes, Veronica despertou com uma dor que começava em seu ventre e ia até sua espinha. A dor a fez morder o lábio. Notou que a cama estava molhada, não era seu suor ou água. A conclusão fez seu coração cair no peito, estava em trabalho de parto. Olhou para o lado, a namorada dormia no meio de alguns lençóis no chão, Vero havia a expulsado antes de dormir. Não havia outro jeito a não ser jogar um travesseiro, em um pulo a mulher levantou assustada, anos de batalha mantinham todos em estado de alerta, até mesmo em sonhos.

— A bolsa estourou. — Foi a única coisa que conseguiu dizer antes de gritar pela nova contração.

Clara segurava suas pernas no lugar, como se já não fosse humilhação demais estar de pernas abertas para todas as mulheres naquele quarto. Allyson, Clara, Camila, Normani e Demetria ficavam no quarto, a última para garantir que nada saísse totalmente errado, seria a última opção em uma emergência. O relógio parecia não se mover.

— Já vejo a cabeça, meu bem, faça só mais um esforço. — Suada e cansada a mulher forçou o bebê para fora, sua última tentativa para aquilo. Então sentiu o alivio ao saber que tinha acabado.

Respirou fundo algumas vezes, seu corpo pedia descanso desesperadamente, mas algo estava errado, em filmes ou séries o bebê sempre chorava após isso, e o quarto estava em silêncio. Engoliu em seco, um sentimento estranho se apossou do seu peito. Que estivesse tudo bem, que estivesse tudo bem. Parecia uma oração, uma manta.

— Vamos lá, pequeno — ouviu Clara resmungar. O pano era usado para fazer a animação.

O pequeno choro a fez soltar o ar, calma. Não havia desejo a gravidez, mas não significava que gostaria de perder aquele pequeno. Todas no cômodo se permitiram sorrir, havia conseguido com sucesso. Relutante, Normani guiou o pequeno até a mãe. Veronica se permitiu sorrir um pouco, era uma criatura engraçada. Ainda estava um pouco sujo, o rosto vermelho e mordia a mão. Parecia uma miniatura de uma pessoa.

— Agora saiam todas que não são médicas e a mulher dela. — A matriarca da casa ordenou. Se rendendo todas saíram em resmungos. Adoravam bebês, queriam babar um pouquinho, mas entendia que o pequeno precisava de um pouco de ar. — Quer amamenta-lo?

A mulher mordeu o lábio, o rosto pela primeira vez em anos ficou em um tom avermelhado, vergonha. Isso fez a Jauregui engolir o sorriso, o susto que Veronica tinha levado a fez despertar, pensou consigo. Poderia não estar apaixonada pelo bebê há um tempo, porém a quase perda tenha aberto os olhos para um novo amor, ou paixão no momento. As vezes eram assim, as mulheres não necessitam amar a gravidez, não é algo tão mágico como os contos de fadas. As dores no corpo, a sensação de que perdeu o controle, há um ser que depende de você. Pode parecer fantástico, entretanto a carga e pressão que colocam em seus ombros. Você perde o poder de não fazer coisas que gosta, beber, tomar café ou alimentos gordurosos. E tudo fica mil vezes pior se a gravidez não foi planejada. Ninguém culpava Vero, ela havia deixado claro há muito tempo que não desejava ter filhos, e Lucy a apoiava nisso, mas um acidente colocou aquele bebê no caminho, o que restava era aceita-lo como família. 

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até a próxima att

tá chegando o final, gente

Demon (3 temp)Onde histórias criam vida. Descubra agora