4.0 - Star shot

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“Luz das estrelas,
Eu vou perseguir a luz das estrelas
Até o fim da minha vida.
Eu não sei mais se isso vale a pena.”
— Starlight, Muse

Atmosfera do planeta Telos, algum lugar no tempo.

A nave finalmente deixou a atmosfera de Telos, partindo para o planeta... Qual era mesmo o nome da galáxia que deveriam ir para trocar aqueles diamantes? Clara até se esquecera, de tão entediada que estava. Apertando botões, puxando alavancas, ativando velocidade de dobra dois e... Não, não era nada, apenas o espaço sideral e o vácuo. Não que ela não gostasse de viajar por entre as estrelas, o problema era apenas que estava cansada.

Quando disse que queria viajar e ver estrelas, Clara não imaginou que iria parar em uma espécie de navio cargueiro, por falta de uma expressão atual melhor. Seu trabalho era apenas ir até o planeta indicado, pegar o que precisava e ir embora para entregar ao destinatário.

— O que é isso? — Cyron, o comandante, questionou retoricamente ao ver uma luz de alerta vermelho piscando.

— Parece que temos problemas na área das máquinas... — Clara afirmou, esticando o pescoço para perto do rapaz loiro. — Eu...

— Eu vou resolver — Petrius afirmou antes dela.

Mas claro, ele era o engenheiro da nave, logo, era ele quem deveria cuidar desse tipo de problemas, não ela.

Sua esperança de acabar com o tédio esvaiu-se em menos de um minuto. Clara suspirou e voltou a encarar o visor enorme da tela, mostrando apenas a escuridão do espaço e a claridade das estrelas. Talvez jogar um pouco de conversa fora para passar o tempo não fosse uma ideia ruim...

— Andem logo! — Ouviu a voz de Petrius trovejar e logo o engenheiro empurrou dois desconhecidos porta adentro da área de comando.

— Não empurre! — A moça estranha reclamou, olhando com ferocidade para Petrius.

Okay, não era bem isso que Clara esperava quando pensou em acabar com o tédio. Brevemente ela observou uma das duplas mais estranhas que já vira em sua vida, com uma moça morena e vestida com... Aquilo era pele de animal? Couro? Bem, que fosse. De qualquer forma não cobriam tanto assim de seu corpo, porém, o que mais chamava atenção era sua postura quase como um animal selvagem pronto para dar o bote a qualquer instante. Em contraparte com ela, o homem que a acompanhava não poderia estar mais despreocupado, observando a nave enquanto Clara analisava aquele cachecol enorme e colorido que chegava a se arrastar pelo chão. Será que ele não tropeçava naquilo? O estranho pousou os olhos azuis sobre Clara e Cyron, abrindo um sorriso enorme em seguida. Talvez ele tentasse soar simpático, mas apenas conseguiu deixar a pilota ligeiramente desconfiada com aquele sorriso. Céus...

— Olá, eu sou o Doutor! E vocês... — O sujeito ia se aproximando, talvez para um aperto de mão, quando Petrius esticou o braço, barrando seu caminho.

— Ei, ei, Doutor ou qualquer que seja seu nome. Vocês ainda não responderam a minha pergunta: o que estavam fazendo na nossa nave e por que sabotaram nosso motor? — O engenheiro semicerrou um pouco os olhos, adquirindo o que Clara já conhecia como sua postura desconfiada, perscrutando por possíveis mentiras. E tinha que admitir, mas ele era bom nisso.

— Não fomos nós que sabotamos sua nave, já dissemos! — A voz da jovem selvagem retumbou pela área de comando, mostrando que ela realmente não estava para brincadeira. Bem, nem eles, Clara pensou.

— Leela... — O Doutor segurou gentilmente o braço da companheira, em uma tentativa de acalmá-la e de deixar para ele a parte diplomática. — Bem, acreditariam se disséssemos que acabamos de chegar? Infelizmente não vimos quem sabotou o motor de vocês, mas eu posso ajudá-los a consertar — ele começou a falar com rapidez, interrompendo qualquer linha de pensamento deles. — A propósito, onde estamos? Essa zona estelar me parece familiar. — O senhor do tempo fixou os olhos arregalados no enorme visor à frente, com a nave que ainda avançava, tendo sido deixada no piloto automático por Clara.

Memento MoriOnde histórias criam vida. Descubra agora