2.0 - Break the ice

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"Quando ela está enfurecida
Ela acaba com toda a vida
Você não viu?
Você não viu?
As ruínas de nosso mundo."
- Ice Queen, Within Temptation

Planeta Lyncis, 3048.

- Rápido, abram caminho - Harry Oswald, junto de seus dois sobrinhos, chegaram com um estrondo pela porta da frente, carregando um homem estranho e desacordado. - Peguem o máximo de cobertores que conseguirem, rápido, rápido!

Clara, sua filha, foi a mais veloz e correu para o quarto, a fim e fazer o que fora mandado, enquanto sua tia permanecia parada no mesmo lugar, observando os homens colocarem o estranho sobre o sofá e aumentarem ainda mais o fogo da lareira.

- Quem é esse, Harry? - perguntou para o irmão, que acabava de receber os cobertores entregues pela filha e lançava-os sobre o homem.

- Encontramos caído no meio da estrada. Parece que foi atacado por alguém. Ou algo...

Todos os olhares voltaram-se para o homem baixo e de cabelos desgrenhados, com alguns cortes na face e a pele quase azul de tanto tempo exposto ao frio. Talvez o pesado casaco tivesse ajudado-o a sobreviver sob o frio do inverno interminável de Lyncis.

- Não acho que ele vá sobreviver - a mulher decretou, pessimista.

- Ele parece estar tendo uma hipotermia... - Clara se manifestou, interrompendo o pessimismo da tia. - Vou fazer um chá para ajudar a esquentar.

A jovem saiu em direção à cozinha com seus dois primos, que desejavam por uma água quente para um banho, deixando seu pai e tia na sala de estar, debatendo sobre o ocorrido.

- Eu e os meninos estávamos voltando do vilarejo, quando encontramos esse sujeito caído no meio do caminho. Me pergunto o que o atacou...

- Você sabe muito bem o que o atacou, Harry. As pessoas da vila são unidas, nunca fariam mal umas às outras em uma situação tão difícil. - Ela cruzou os braços, assim como todos eles estavam frente à situação que enfrentavam em seu planeta. - Não entendo o que os Ice Warriors faziam tão próximos à vila... - Harry e Marieta trocaram olhares preocupados, com medo que os inimigos de seu povo fariam dessa vez. Será que poderiam ser ainda mais sufocados?

...

O Doutor começou a mexer as pálpebras, finalmente acordando da inconsciência e sentindo uma forte dor na parte de trás da cabeça. Mas, mais forte do que isso era o frio que parecia congelar-lhe os ossos.

- Calma, devagar - Clara instruiu assim que o estranho acordou e tentou levantar-se.

Com o pai e os primos tendo ido descansar após enfrentarem a neve alta na ida e volta da vila - e de terem carregado um estranho -, e a tia na cozinha, preparando o jantar, ela ficou sozinha na sala de estar, observando aquele homem e esperando que acordasse, com curiosidade que escorregava por detrás de seus olhos castanhos.

- Beba. - Entregou uma chávena de chá quente para o senhor do tempo, ajudando-o a tomar do conteúdo. Mesmo com os vários cobertores e a lareira aquecendo o ambiente, ele continuava gelado, retornando para sua temperatura normal aos poucos.

- Obrigado - ele agradeceu e Clara deixou que o homem bebesse o chá devagar, sentindo o sabor agradável e quente aquecer-lhe o corpo, livrando-o do frio aos poucos.

Enquanto isso, Clara assistia àquele sujeito baixinho com interesse. Os últimos anos da sua vida haviam sido passados dentro daquela casa, não podendo sair, com a neve alcançando-lhe os joelhos e um vento que quase a empurrava para trás às vezes. Estava cansada de esperar o verão retornar. Parecia que esse dia nunca chegaria, com o inverno sempre no meio do caminhar da estação.

Memento MoriOnde histórias criam vida. Descubra agora