7.0 - Hope

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“A luta acabou e quem somos nós
Para julgar o que virá?
Todos os braços de ferro estão caídos, longe,
Seguidos pelos heróis
Que pertencem à terra descansar”
— Waking Hour, The Gathering

Sussex, Inglaterra, 2154.

— Exterminar! Exterminar!

Os três guerrilheiros abaixaram as cabeças ao vir uma chuva de concreto quando o raio atingiu o muro no qual eles se refugiavam.

— Vão! Vão! De volta pro bunker! Eu cubro vocês — Victor afirmou, destravando a arma pesada que portava. Assim como todos que estavam do lado de fora. Era perigoso demais para simplesmente andarem desarmados.

Clara e Philip obedeceram sem pestanejar à ordem de seu líder, deixando a barreira de concreto para trás e abaixando as cabeças enquanto ouviam a fúria dos Daleks às suas costas.

— Estamos quase chegando — Philip soltou arfando, já vendo a entrada para a base onde os refugiados se escondiam, disfarçada sob a entrada de um antigo bunker outrora abandonado.

— Onde está Victor? — Clara questionou, voltando-se para trás. No horizonte, apenas toda a destruição do que um dia fora uma pequena vila em Sussex. Agora, tudo era ruínas e cinzas, esquecidas ao vento e sem vida. Sem uma alma viva sequer, sendo a única exceção aqueles seres de Skaro, os causadores de todo aquele sofrimento.

— Ele virá em breve. Entra. — Nem mesmo Philip estava certo disso, afinal, ir até a superfície era quase uma missão suicida. O destino certeiro daqueles que tentavam era a morte imediata ou a vida em campos de trabalho forçado dos Daleks.

Clara voltou os olhos para trás mais uma vez, vendo uma silhueta surgir ao longe. Sorrindo fracamente, finalmente entrou no bunker. Victor sobrevivera, mais uma vez.

— Vocês voltaram! — A morena foi recepcionada por uma voz infantil e logo sentiu braços ao redor de sua cintura e um rosto enterrado contra sua blusa na altura da barriga.

— Eu prometi que ia voltar, não prometi? — Clara abaixou-se para ficar na altura da garota, acariciando os cabelos castanhos da criança de apenas sete anos.

Clara era tudo o que a pequena Livy tinha após a morte do pai, Daniel Oswald, irmão de Clara. O homem e a esposa foram mortos logo quando os Daleks invadiram a Terra, quatro meses atrás, quando todos ainda lutavam contra a praga*. Clara e Livy tinham apenas uma à outra junto da Resistência.

— Livy, quantas vezes eu tenho que dizer pra você não ficar perto da porta de entrada? — Tiffany, que assumia a responsabilidade pelas crianças dentro do bunker, ralhou com a menina. A moça loira sorriu ao ver Clara de volta. — Que bom ver vocês de volta. — Tiffany logo abraçou a jovem Oswald, em seguida fazendo o mesmo com Philip e Victor, que acabaram de entrar.

— Falhamos mais uma vez — Victor comentou com um tom rouco, cansado da luta e cansado de falhar. Mais uma vez, eles voltavam sem uma vitória para contar. Ele limpou a garganta, tentando retornar ao normal.

— Pelo menos estão todos aqui... — Tiffany soltou em um sussurro e os três sentiram-se gratos por pelo menos ainda terem a vida e, de certa forma, a liberdade.

Qualquer coisa seria melhor do que terminar em um campo de concentração dos Daleks. Mesmo que fosse viver escondidos debaixo da terra.

Mas que tipo de liberdade era essa, afinal, sendo obrigados a esconderem-se o tempo todo, sempre com medo e lutando para sobreviver com escassez?

— Alguma novidade dos recém-chegados? — Victor questionou enquanto o grupo começava a caminhar mais para o fundo do bunker.

Philip separou-se logo depois, desejando um banho e comida. Livy continuava grudada na mão de Clara.

Memento MoriOnde histórias criam vida. Descubra agora