Posse - Parte II

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"Bom garoto."

Adrien queria tanto agradá-lo. De verdade. Havia algo em seu tom, em sua linguagem corporal que fazia com que quisesse ouvir cada palavra que dissesse. Além disso, aos poucos estava se descobrindo muito suscetível a elogios ― talvez a ponto de considerá-los um fetiche pessoal.

Obedeceu então a cada instrução imposta pelo rapaz quando o bondage teve início. E eram muitas instruções. Levante os braços. Mãos para trás. Separe as pernas. Fique de pé. Com paciência, ele o envolveu em amarras e nós complexos, pois não parecia ter pressa de apresentar-lhe aquela experiência.

E que experiência. A sensação da corda, ainda que não diretamente sobre sua pele, lhe apertava firmemente os músculos, sem machucá-los. Em alguns momentos, os laços afrouxavam por poucos segundos, até pressionarem com mais força que antes. Brevemente imaginou se os fios seriam capazes de causar sulcos sob o traje, porque isso lhe traria problemas ― no entanto, já estava envolvido o bastante para não se arrepender. E muito menos querer voltar atrás. A cada nó e torção apertada, a cada pedaço de corda a demarcar seus contornos, maior o contraste entre o material firme e rijo e seu corpo suave e flexível.

Chat Noir adorara esse contraste.

Mais e mais seus movimentos do tronco e dos braços eram restritos pelas linhas a circundar suas costas, sua cintura, seus pulsos. Quando ergueu-se para que ele finalizasse um dos laços do quadril, as fibras da corda arrastaram por sua ereção ao passarem pela virilha. O jovem arqueou-se inteiro com o contato, mordendo o lábio para abafar qualquer ruído; o resultado se deu de forma imediata.

Porque os fios contiveram seus movimentos; uma pressão deliciosa proporcionada por todos os laços e nós conectados. Mesmo que Félix fosse cuidadoso no gesto torturante de não tocá-lo nenhuma vez enquanto o amarrava, as fibras o apertavam e friccionavam e estimulavam. Contudo, seu silêncio não durou muito mais quando o rapaz agarrou as cordas pela parte de trás, puxando-as para torná-las mais estreitas. Adrien deixou escapar um gemido quando o ar lhe foi espremido para fora.

― Apertado? ― questionou, cínico, porque a manifestação sonora transmitira tudo, menos dor.

Ahh, só um pouco. ― O tórax foi comprimido de novo ao falar. ― Não precisa parar.

― Bom saber ―comentou, sem deixar de manusear a corda. ― Porque te imobilizar é só metade da diversão.

― Isso te d-diverte?

― Ver você se contorcer toda vez que puxo a corda com mais força. ― E esticou os fios mais uma vez, admirando os arrepios que surgiram com a provocação. ― Ter a chance de te tocar o quanto eu quiser. ― Chat ofegou com o último nó resistente. ― Te fazer completamente meu. ― A poucos milímetros de sua orelha sussurrou: ― Se isso me diverte? Você nem imagina.

― S-Sim, senhor ―respondeu de maneira automática, completamente distraído pelas sugestões que ele propusera.

― Levante-se ― ordenou ao encerrar, perto o suficiente para ampará-lo caso caísse.

― Vamos aonde?

― Tente adivinhar.

Já tinha uma ideia para onde iriam, pensou ao levantar-se para acompanhá-lo. Era o espelho do quarto ― aquela superfície extensa e lustrosa que achara tão estranha, já que ele não era nem um pouco vaidoso. Suas intenções eram mais indecentes do que era capaz de prever. O seguia com cuidado para não se desequilibrar sem o apoio dos braços; a coleira interligada à guia entre os dedos dele.

Era Félix quem o guiava ao puxá-lo ligeiramente, o que o deixava mais consciente de sua posse, como se fosse possível. Contudo, a garganta não era a única parte de seu corpo sob pressão constante. Cada passo gerava um roçar diferente das cordas sobre seu uniforme, um aperto mais firme ao seu corpo, um contorcer involuntário que o incendiava. Não era o único atento a estas mudanças:

Sadique | Chat Noir | YaoiOnde histórias criam vida. Descubra agora