Capítulo 12 - Enganos

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- Corra Sarah,corra! -gritaram em coro Rick e Elisa

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- Corra Sarah,corra! -gritaram em coro Rick e Elisa.

Eu não estava conseguindo ligar os fatos,assimilar os gritos com a maldita cena que eu acabara de ver.
Ver meu irmão morrer na minha frente, e uma maneira tão cruel, me deixou em choque.

Meu corpo estava trêmulo, minhas mãos geladas e minhas pernas totalmente paralisadas.
Com os olhos fixos no corpo morto e ensanguentado de Charlie, me vieram a mente tudo o que vivemos juntos.
As lembranças felizes, momentos quais eu jamais irei esquecer.

As nossas discussões diárias pelos motivos mais fúteis do mundo,seu amor irritantemente bonitinho por histórias em quadrinhos, e as últimas palavras que ouvi de minha mãe antes de perdê-la:

"Cuidem sempre um do outro,protejam um ao outro. Sejam amigos acima de tudo. Quando eu e seu pai não estivermos mais aqui vocês serão o chão um do outro."

E merda,eu não consegui salvá-lo, eu não estava ao seu lado no momento em que ele mais precisou de mim.
Não cheguei a tempo,não fui rápida o suficiente.
Perdi a pessoa que eu mais amava no mundo. Me vi sem chão.
Mais uma vez...

{···}

Quando olhei ao redor, me dei conta que os outros haviam ido embora, restou apenas Rick ali.

Ele parecia muito abalado,e mesmo estando com medo, não me abandonou.

-Eu sei como você está se sentindo Sarah,já passei por isso. Mas precisamos sair daqui!

Uma zonzura intensa me fez perder o rumo,já não entendia mais as palavras que saiam da boca de Rick, não conseguia me manter em pé.

-R-Rick... -proferi em um murmúrio,me apoiando na porta do carro.

-Você não consegue andar? -perguntou retóricamente,analisando meu estado. - Ok,não consegue. - o moreno pousou a mão sobre o queixo e teve seus pensamentos interrompidos pelos fárois de um carro velho se aproximando.

-Ferrou. -sussurrou Rick. - Quer saber? Dane-se! - o mesmo me pegou no colo, e caminhou com passos firmes em direção a uma enorme lata de lixo cinzenta.
O encarei com os olhos arregalados,sem entender sua atitude.

-Sim White,você vai ter que ficar um tempinho nesse hotel de luxo. - exclamou sorridente, fitando a lixeira. - Os caras dessa carroça aí ainda não nos viram, você não está em condições de correr, então tenho um plano. Vou tirar a gente dessa. -o moreno depositou um beijo em minha testa, e antes que ele me jogasse naquele covil de ratos, me coloquei de pé em sua frente.

-Eu posso correr,já estou melhor! Você não precisa fazer isso sozinho. -o garoto sorriu,colocando uma mecha de cabelo atrás da minha orelha.

-Você sabe que o garotão aqui é duro na queda. - proferiu,dando-me uma piscadela. - Apenas confie em mim White.

-Mas que...- o mesmo interrompeu minhas palavras, me colocando em seus braços de novo.

-Não adianta Sarah. -em um piscar de olhos,me vi entre cascas de banana,fraldas sujas e sacos plásticos.

"Eu amo essa garota." -pude ouvir Rick sussurrar,enquanto se afastava do local.
Franzi o cenho, minha mente estava confusa.

Havia um pequeno buraco na lata, o que me possibilitava ter uma visão,mesmo que limitada,de Rick e de todo o ambiente a minha frente.

-Ei seus desgraçados,parem a merda do carro. - gritou Rick, enquanto balançava uma barra de ferro. - Tenham coragem, seus filhos da... - a velocidade baixa do veículo fez o moreno cessar as palavras.

O carro parou,e de dentro dele saiu um senhor careca e baixinho, usando um daqueles óculos fundo de garrafa.

-Pelo amor de Deus,leve tudo! Mas não machuque minha família,por favor. - indagou o homem em desespero.

O garoto o encarou com desconfiança,e se aproximou vagarosamente do automóvel.
No banco de trás havia uma garotinha segurando uma urso de pelúcia, e um bebê dormindo na cadeirinha.
No banco do passageiro, estava uma senhora de cabelos grisalhos, que tremia com as agulhas de crochê nas mãos.

Ainda desconfiado,Rick rodeou o carro e se dirigiu até o senhor.
-Abra o porta-malas! -proferiu de maneira autoritária o mesmo, apontando a barra de ferro para o pobre homem.

-T-tudo bem,fique calmo. - o idoso pegou as chaves, e fez o que o moreno ordenou.

Lá só haviam bonecas, peças de roupa e revistinhas de colorir.

Após analisar todo o espaço, envergonhado Rick voltou-se para o senhor.

-Houve um grande engano, me desculpem o transtorno por favor. -a família suspirou aliviada.

O garoto apalpou o bolso de trás de sua calça jeans e retirou de lá uma gorda carteira marrom.
-Tome,compre um docinho pras crianças. - exclamou com um sorriso amarelo, entregando duas notas de 100 dólares para o homem de baixa estatura.

-O-obrigada meu jovem. -com as mãos trêmulas,o mesmo pegou as notas e adentrou-se no carro.

-Tenham uma ótima noite família, e mais uma vez peço lhes desculpa pelo ocorrido.

A garotinha acenou timidamente com as mãos, e o senhor sem pensar duas vezes saiu com o carro cantando pneus.

Rick caminhava em minha direção, enquanto enxugava o suor do rosto e murmurava para si mesmo algumas palavras.
Com sua ajuda, sai daquele pequeno pedaço do inferno chamada popularmente de "lata de lixo".

-Vamos para a casa? Rachel e os outros já devem ter ido.
Quando chegarmos lá, alertamos a polícia.

-Moramos do outro lado da cidade. Como chegaremos lá? -exclamou Rick,com certo desânimo.

Fitei por completo o estacionamento,e no canto esquerdo, próximo a uma sorveteria avistei uma moto e dois capacetes.
Sorte?

-Com aquilo! -apontei para o nosso possível meio de transporte e caminhei em sua direção. -E olhe, a chave está no contato! -proclamei,atraindo o moreno até mim.

-Isso é muito suspeito. -indagou Rick, subindo na moto e colocando o capacete. - Vamos dar o fora!

Em pouco tempo já estávamos longe daquele lugar infernal.
As luzes da cidade estavam cada vez mais próximas, estávamos salvos.
Finalmente salvos.

Ao olhar para trás senti algo estranho.

-Tem algo errado Rick, pare a... - antes que eu pudesse terminar a frase, fomos arremessados a metros de distância, fazendo nossos corpos estralarem ao entrarem violentamente em contato com o chão.
O cheiro da desgraça se instalou em nossas narinas.
O cheiro era familiar, era incomodo.
Era fogo.

Era fogo

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