Capítulo 26 - Sonhos

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  A figura parada a minha frente me encarava fixamente, eu já não sabia o que era real e o que era apenas fruto da minha imaginação

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  A figura parada a minha frente me encarava fixamente, eu já não sabia o que era real e o que era apenas fruto da minha imaginação.

- Você não é real... Onde está Rick? - indaguei com a voz falha, estava embargado pelo medo.

Aquilo que estava ali, em pé e me fitando atentamente em minha floricultura não era humano. Eu sentia algo apertar meu peito e um arrepio percorrer toda a extensão de meu corpo.

Seus olhos negros mostravam a mim que não havia escapatória, seu corpo esguio e raquítico se tornava cada vez mais extenso e macabro.

Suas madeixas castanhas cobertas por um liquído escuro escondiam boa parte de seu rosto pálido agora.
Um sorriso manchado estava estampado em seus lábios finos e rachados, ele ainda me observava.

- Ó Deus, livrai-me da escuridão da noite e do demônio que me persegue.

Proferi o mais alto que pude, tentando cobrir o pavor que sentia, com a fé e com orações.

- Senhor, eu te imploro. Salve-nos. - uni as mãos e olhei para o teto, me deparando outra vez com o que me destruiu.

Uma mulher loira, e jovem muito parecida com Julya totalmente despedaçada. Sua carne aparentemente recém abatida fora pregada com tábuas de madeira no alto concreto.

- Isso não é real, eu estive o tempo todo aqui. - dei um tapa em minha testa na tentativa de acordar de um pesadelo.

Como aquela mulher foi colocada ali? Eu estive o tempo todo ao lado de fora da floricultura, eu teria visto algo, teria ouvido...
Não, eu estou louco.

Senti gotas geladas escorregarem e se perderem entre minha pele. O corpo tá mulher estava se despregando das tábuas, com o rosto desfigurado e o todo o resto estraçado, a mesma se movimentava e sussurava algo.

- Me ajude...

Olhei para o outro lado e não pude acreditar.
Julya e Rick, eles estavam na mesma situação em que a mulher se encontrava.
Seus corpos moviam-se, seus dedos amassados tentaram retirar os pregos das tábuas que os prendiam.

Eu fiquei sem reação, via o líquido escarlate se esvaziar de seus corpos destruídos e  atravessarem a escuridão, pousando no piso tomado pelo caos daquela noite.

- Eu vou ajudar vocês, vocês vão sair daí e vão sair bem. - me dirigi até o fundo da loja em busca de minha antiga escada de madeira, a peguei e caminhei em direção a minha família.

- Não façam isso, vocês vão se machucar. - me abaixei ao vê-los rastejando entre os cacos e as pétalas de rosas, já murchas e pisoteadas.

- John, me ajude. - sussurrou Julya, tentando alcançar minhas pernas.

- Papai...

- Vamos embora ok? Eu vou curar vocês. - encarei com e com os olhos inundados, a expressão no rosto meigo de Rick.

- A gente não pode papai. Ele não vai deixar. - com a respiração ofegante, o garoto arrastava seus pequenos membros pelo pequeno lugar.

- John...

- O que você disse querida? - me enclinei para poder ouvir Julya, sua voz estava fraca.

Isso não era possível.
Fisicamente nem biologicamente.

- Chegue mais perto. - minha esposa moveu lentamente o dedo, pedindo minha aproximação.

- Julya? O que está havendo?

A mulher tateou o chão e escondeu algo em sua mão magricela, exibindo seus ossos e nervos.

- Chegue mais perto...

- Você... - em um movimento rápido, senti algo perfurar minha garganta.
O gosto do sangue inundou cada centímetro de meu paladar, o ar me faltou.

Julya sorria com um prego prateado próximo a seua corpo, ela me acertara.

- P-por q-que? - balbuciei colocando a mão no local  perfurado, tentando estancar inutilmente o sangue que se esvaziava de meu corpo.

- Ele te dirá.

A figura alta de cabelos desgrenhados reapareceu ali, naquele momento.

Eu já não ouvia nada, não sentia nada.
A vida se esvaziou de meu corpo, e passou a habitar outro lugar.

A criatura se aproximava vagarosamente, o movimento feito pelos seus lábios me fizeram entender claramente as palavras que saíram de sua boca.

- Você já está morto John.

Uma luz pareceu ofuscar minha visão, eu já não senti mais dor.

- Querido? - o sorriso radiante de Julya fez uma paz preencher cada centímetro de meu coração.

- Julya, eu... O que aconteceu? - apalpei meu pescoço, ele estava liso.
Não havia nenhum ferimento ali.

- Tudo vai ficar bem, estamos salvos agora. Phill não nos incomodará mais, nem a nós nem a Rick. - uma lágrima solitária escapou de seus olhos.

- O que houve com Phill? Onde está Rick? - indaguei, curioso e aliviado.

- Phill foi morto na floricultura, haviam tábuas pregadas em seu corpo todo. E Rick está no quarto ao lado. - ela sorria enquanto prenunciava cada palavra.

- Como pode ter tanta certeza disso?

- Eu vi com meus próprios olh... - algo pontudo e afiado atravessou um de seus olhos castanhos. Logo vi o homem mascarado adentrar em meu quarto.

- Era para ter sido na testa, ora.
Sou péssimo com miras as vezes. - a voz mesmo que sendo abafada pela máscara, era óbvia pra mim.
Era dele.

- Desgraçado. Desgraçado! - tentei sair da cama, tentei socar seu rosto. Minhas pernas se paralizaram.

- Agora eu acho que consigo acertar. - o garoto pegou uma espécie de estilingue e colocou um prego entre ele.

- Papai? - o pequeno Rick colocou a cabeça para dentro do quarto,curioso para ver o que acontecia.

- Saia daqui Rick, saia daqui agora! - gritei ainda tentando me levantar.

- Mas papai...

- Eu disse para... - o prego atravessou a testa de John, lhe tirando a vida.

- Isso, eu acertei! - Grey comemorava enquanto o garoto permaneceu imóvel na porta do quarto.

- Phill Grey não morre. Ele apenas sangra e se fere as vezes, somente isso.
Vocês vêem o que Phill quer que vocês vejam. - o fato do psicopata estar se referindo a si mesmo na terceira pessoa assustou ainda mais a pobre criança. - Nunca, o que realmente é.

 - Nunca, o que realmente é

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