Há algum tempo atrás...Me lembro da primeira vez que eu fui a um circo.
Era tudo tão colorido e convidativo. As pessoas eram gentis e carregavam os sorrisos mais sinceros em seus rostos.Uma senhora de cabelos brancos vendia pipoca na entrada,ela era simpática e tinha um belo par de olhos verde-esmeralda.
-Aceita pipoca minha jovem?-sua voz era doce e suave, poderia acalmar até a mais aflita das pessoas.
-Eu não trouxe mais dinheiro senhora,desculpe.
-E quem está pedindo dinheiro? Aceite querida. - Ela estendeu seu braço, em suas mãos havia uma bandeja reluzente com 7 pequenos pacotes coloridos amarrados com uma fina fita de setim vermelha.
Eu os observei, todos os pequenos detalhes.
Em cada pacote havia uma letra: C,E,J,D,R,R,S.
Nessa ordem,eles foram colocados em uma fileira."É apenas pipoca,pra que tudo isso?"
Pensei comigo.
A senhora era de fato, muito detalhista.Ao pegar o pacote azul com a letra S, lhe dei o meu melhor sorriso.
-Obrigada senhora, esses embrulhos são encantadores.
Ela retribuiu meu sorriso, e aproximou-se de mim.
-Siga as pistas querida. Circos não são tão legais assim. -em um sussurro, ela despejou tais palavras em meu ouvido.
Em seguida, continuou a caminhar pela grama verde do lado de fora do majestoso HellsTown, me deixando totalmente perplexa com sua atitude.Aquilo soava como um enigma. Talvez, ela quisesse me passar algum tipo de mensagem subliminar atráves daqueles belos pacotes de pipoca.
E talvez eu tenha demorado tempo demais para entender.
Quando o show começou e as trapezistas subiram ao palco, eu fiquei encantada. Coloquei o mundo e meus pensamentos no mudo e me atendeu apenas ao máximo volume da melodia adocicada que era emitida pelos pianos.
Todo aquele show encantador foi interrompido quando alguns policiais chegaram ao local. Alguns cochichos podiam ser ouvidos do palco. Algumas pessoas que estavam do lado de fora, entraram gritando no circo causando grande alvoroço.
"Tem uma mulher morta lá fora!"
Um deles gritou.
O público pareceu bastante curioso com o que acabara de ouvir, eu também.
Um pequeno grupo seguiu até a entrada, e eu sem mais, fiz o mesmo.A alguns metros, pude avistar algo no chão. A curiosidade falou mais alto, então eu segui em sua direção, até chegar ao que eu avistei.
Ao chegar lá, pude sentir um tremor tomar conta de meu corpo.
A bandeja reluzente, e dois pacotes coloridos estavam jogados pelo chão.
E a senhora, caída a alguns passos de distância.
Seus cabelos inteiramente brancos tampavam seu belo rosto envelhecido.Havia gotas da sangue na bandeja, que depois de ser pisoteada já não estava mais tão reluzente.
-Saiam daqui, deixem a polícia trabalhar. -exclamou um policial, nos empurrando para longe do cadáver da doce velhinha.
Conseguia ouvir a conversa das pessoas que estavam logo atrás de mim.
"O que você acha que aconteceu com aquela pobre senhora pai?"
Um garoto de cabelos cacheados perguntou ao seu pai.
"O mundo é um lugar cruel filho. Mas Phill Grey... Talvez ele seja um pouco mais cruel que o mundo."
"Phill Grey, ele com certeza é o responsável por isso."
"Phill Grey fugiu da cadeia. Ele pode estar aqui conosco, nesse momento."
"Essa velha era uma charlatona. Phill Grey fez bem em matá-la."
"Você viu a marca que ela tinha em seu rosto? Phill que fez."
Phill,Phill,Phill.
Quem diabos é esse tal Phill?
Como eles podem ter certeza que foi ele quem assassinou a senhora?"Phill Grey está solto. Devemos pegá-lo antes que mais alguma merda aconteça." -ouvi um policial conversar com um colega.
Eu não conhecia esse tal Grey. Mas de uma coisa eu tinha certeza: ele não era boa coisa.
Passado um tempo, um anúncio na TV me chamou a atenção.
"O assassino de Clara Grey ainda não foi encontrado. Testemunhas afirmam ter um visto um homem de capuz preto sair do local com a chegada da polícia"
Era só isso que se falava nos jornais,programas de TV, revistas no momento. A velhinha vendedora de pipocas virou notícia em toda a região.
-Mãe, vou até o Jully' s . Volto em uma hora. -exclamei, pegando meu casaco preto que estava pendurado na parede.
-Ok filha, se cuide.
Jully's era um pouco distante de minha casa. Ficava praticamente do outro lado da cidade, mas eu fazia questão de ir comer lá todos os finais de semana. Aliás, o melhor hambúrguer da cidade era servido lá.
-O que vai querer hoje Sarah? -perguntou a sorridente garçonete.
-O mesmo de sempre Karla. - lhe devolvi o cardápio.
Algum tempo depois, um garoto entrou no restaurante.
Ele parecia preocupado, estava se escondendo de algo.Levantei-me do confortável banco de couro, e fui em sua direção.
-Com licença, você está bem? -perguntei,arqueando as sombrancelhas.
-E-estou, obrigado. Qual seu nome? - balbuciou ele.
-Sarah.
Sarah White. E o seu?-Phill Grey, prazer. - o garoto estendeu suas mãos trêmulas em minha direção.
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Entre se quiser , saia se conseguir
TerrorCapa feita por @ennestelar Ao perder seus pais em um terrível acidente de carro, Sarah White se isola do resto do mundo, na tentativa de superar e esquecer o que aconteceu. Quando um famoso grupo circense chega a cidade, seus amigos, na intenção de...