Capítulo 37 - Retrocesso

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Senti a minha cabeça girar e uma brisa gélida percorrer meu corpo eriçando os pelos do mesmo. Eu estava sendo arrastada por duas pessoas, senti suas mãos apertando fortemente meus braços, meus pés estavam molhados por tocarem no orvalho da grama, e eu tentava com muito custo manter meus olhos abertos. Minha mente me pregava peças, minha vista estava embaçada e eu não lembrava de muita coisa. Tentei focar no rosto de quem estava ao meu "lado", quando as coisas ficaram claras e os minhas pernas dormentes estavam vi a quem pertencia aquelas mãos que mobilizavam meus braços, me impedindo de reagir ou de tentar qualquer ataque.
Aliás, talvez eu estivesse fraca demais para pensar em fugir dali.

Suas faces manchadas por uma tinta fraca e escorrida, e o sorriso que se formou nos lábios de ambos ao me verem olhando para eles...
Eram internos de Chernobyl Center, malditos cachorrinhos do Phill.

- Você não consegue se mexer não é? - indagou um deles,me encarando fixamente.

Tentei respondê-lo, tentei me mexer mas meu corpo não obedecia meus comandos, a única coisa que conseguia sentir naquele momento era a dor demasiada que se apossou da minha cabeça.

- Phill preparou um grande show de boas vindas para você Sarah White, nós estávamos tão ansiosos por isso. Eu não posso dar spoilers, mas temos certeza que vai gostar muito! A atenção de todos estará voltada só para você essa noite. - comentou o outro, com uma expressão séria estampada em seu rosto.

Suas palavras cessaram, mas seus passos não. Tentava digerir aquilo tudo, eu estava tão confusa que não conseguia pensar em nada que pudesse me tirar dali.

Um pouco mais a frente, ficou evidente a grande estrutura por baixo da grossa lona. Um filme passou pela minha cabeça, todos os sentimentos, Charlie e a porra do carrossel onde eu o vi morrer.
Eu estava de volta ao lugar onde tudo começou, de volta a ClownTown.

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Meu corpo tremia involuntariamente, podia sentir o cheiro de pipoca doce sendo trazido pelo vento, as luzes no centro do palco oscilavam de um lado para o outro, até que chegamos a entrada.

Meus olhos um pouco mais acostumados com a claridade, foram cegados pela intensa iluminação que pairou sobre a minha cabeça enquanto meu corpo foi abruptamente arremessado ao chão.

Tentei falhamente me colocar de pé, me mover e enfrentar aqueles desgraçados mas a minha força havia sumido. O máximo que consegui foi me rastejar por alguns centímetros, mas fui impedida antes de chegar mais longe. Um dos palhaços colocou todo o peso de seu corpo em cima de mim pisando nas minhas costas.

O ar sumiu dos meus pulmões e ao fundo pude ouvir risadas, não só deles mas de todos que também estavam no palco.

Ao ver a aprovação de seus amigos, o interno inclinou seu corpo e investiu em outro método para me mobilizar.
Ainda pisando em minhas costas, ele levou suas duas mãos até a minha cabeça e a empurrou com força contra o chão frio.

A brutalidade foi tanta que senti o sabor metálico do sangue tomar conta da minha boca, mas a dor não era maior que a vergonha de não conseguir me mexer, e o sentimento de impotência de não ser capaz de me levantar e reagir a isso tudo.

Eu não conseguia respirar, a agonia tomou conta de mim e eu parei de tentar por um instante.

- Agora a vadiazinha não é mais tão valente não é? Cadê a sua coragem boneca? E os seus amiguinhos de merda, não vão vir te salvar? - em um movimento rápido ele saiu de cima de mim e virou meu corpo. - Olha só pra você! - o mesmo olhou para o meu rosto e sorriu. - Você não é porra nenhuma entendeu? PORRA NENHUMA!

Entre se quiser , saia se conseguirOnde histórias criam vida. Descubra agora