03 - O branco a luz e a cruz

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Agora o tempo parece estar em constante pausa, o monótono de uma sala de avaliação sem graça deixa tudo uma eternidade, Daniel balança os pés numa cadeira grande e branca assim como quase todo o restante, sem contrastes, imaginando pensando, o cérebro a mil, até ouvir uma voz:
— Você vai superar isso.

Rapidamente, Daniel procura de onde veio a voz e visualiza um homem negro, alto e forte; sem graça e apreensivo, Daniel pergunta:

— Onde eu estou?

— Isso não importa você tem que superar isso e ficar mais forte, você já sobreviveu a algo bem pior. — O homem responde.

A dupla de enfermeiros que observavam Daniel sob um vidro onde eles podem enxergá-lo, sem que o mesmo desconfie de tal ato, os profissionais notaram que o menino estava conversando, e comentaram entre si:

— Com quem ele está conversando?

— Não há ninguém lá, porém ele parece olhar fixo para a esquerda como se estivesse dirigindo-se a alguém naquele canto. — O companheiro inconclusivamente responde.

— Ele conversa sozinho, tem ataque de fúria, visualiza coisas inexistentes até agora esses foram alguns dos diagnósticos do garoto. — Relatam abordando os possíveis problemas do garoto, em seguida continuam a análise.

Confuso em relação ao visitante, Daniel questiona:

— Quem é o senhor?

— Eu sou alguém como você! —O homem rapidamente responde.

Depois de responder o questionamento do garoto, o homem misterioso desaparece, no mesmo instante a porta se abre, Daniel se arrepiou ao presenciar o sumiço. Na porta eram os enfermeiros que estavam observando Daniel, os mesmos ficam curiosos com os fatos ocorridos na sala e resolveram falar com garoto:

— Com quem você estava conversando?

Sem compreender a situação, Daniel fica olhando todos os cantos em busca de respostas, o enfermeiro então insiste:

— Você não me ouviu? Com quem estava conversando?

— Eu não sei quem era, pois ele simplesmente sumiu! — Daniel responde enquanto encara os enfermeiros.

 — Daqui de dentro? —Os enfermeiros tentam confirmar a informação. 

— Sim, ele estava neste local que vocês ocupam. — Daniel fala enquanto aponta para os dois homens.

Aquilo deixou os enfermeiros em dúvida, pois não havia nada ali desde o começo, com perguntas não resolvidas um dos enfermeiros decide deixar os questionamentos de lado e seguir adiante:

— Hoje você dormirá aqui, amanhã nós te explicaremos mais da sua situação.

Desapontado, Daniel fica emburrado e fecha a cara como se não quisesse mais conversar, alguns minutos depois os enfermeiros abandonam a sala deixando o garoto sozinho novamente.

As paredes brancas, aquela mobília, uma sala estática onde nada acontece, Daniel não aguentava mais aquilo, algumas horas ali parecia uma eternidade, e todos os questionamentos que ele fazia a si mesmo, eram perturbadores, seu psicológico já estava sendo afetado por tudo isso, ao olhar para o lado vê um vulto, era uma menina que não parecia muito confortável naquela sala andando de um lado para o outro, parecia em busca de algo, ao passar a mão da testa diz:

— Não podemos ficar aqui nessa cela de tortura, é apenas uma questão de tempo até eles virem nos buscar, temos que fugir!

Sem compreender nada daquilo, Daniel se apavora com o que ouviu daquela menina, e então questiona:

Retrocognição (HP) (XP)Onde histórias criam vida. Descubra agora