Retrocognição (HP) (XP)

10.5 - Antepassado (XIII - XIV)

O XP despertava talentos e muitas experiências relevantes, no relato anterior era nítido o quanto o XP influenciou ao longo desses anos, através da vida de quinze pessoas moldou uma nação, alterou muitas histórias, mesmo que nem sempre tenha conseguido as grandes metas, mas as marcas estão fincadas nessa terra, continuando, o próximo relator se posiciona, era uma criança parecia inquieta ao falar.

Adriana Kubitscheck (XIII) (1960- 1970):

— Eu sou Adriana Kubitscheck, morava com os meus pais, eles cuidavam bem de mim, mas o trabalho deles era meio complicado, eles criavam coisas para ajudar a sociedade, quando eu comecei a ter pesadelos e ver coisas estranhas, meus pais se preocuparam muito e começaram ser mais cuidadosos comigo, me protegiam de todo o mal.

A população vivia sob uma ditadura, reprimidos pelo regime, nessa época os planos dos meus pais passaram a influenciar grande parte dos cidadãos que buscavam liberdade, meus pais foram descobertos e sofreram as consequências, sendo presos pelos militares que dominavam o país.

Fiquei sozinha, por um tempo apenas chorei, depois cansei disso, vasculhando os pertences da minha família descobri os planos de uma sociedade perfeita, que eles tinham criado, chamado 50 anos em 5, era o legado da família Kubitscheck, eu era a única responsável que poderia cuidar daquilo.

Busquei por formas de implantar os planos, como eu era apenas uma criança ouvi muitos nãos, mas consegui alguém que confiasse no meu propósito, seguimos os roteiros prescritos por meus pais a principio deu certo, mas quando os militares descobriram que eu era a responsável pela algazarra causada pela população, fui encarcerada também.

O plano continuou, e os militares questionavam de onde estava sendo comandado? Me recusei a falar e medidas extremas foram tomadas. Revi os meus pais, da pior forma possível sendo torturados na minha frente, eles imploravam para que eu não revelasse nada sobre o plano deles, foi muito difícil ver todo aquele sofrimento.

Eu não aguentava mais ver cenas de tortura, ainda mais sendo dos meus pais, uma noite consegui enganar um guarda e fugi da cela, as escondidas libertei meus pais, fomos embora da prisão e com um carro roubado fomos para a estrada. Depois da nossa fuga, foram impostas varias barreiras pelas rodovias para impedir que saíssemos do Distrito.

De frente com uma dessas barreiras, meu pai foi ousado no volante e acelerou o quanto pôde, atropelamos os homens que tentava nos impedir, depois de furar a barreira nós perseguiram, às estradas estavam ruins e cheias de buracos, minutos depois nós alcançaram e deferiram golpes na traseira do nosso carro, surpreendentemente fomos fechados pelo carro que nos perseguia, meu pai tentou uma manobra arriscada que deu errado, nosso carro capotou e saímos da estrada, a partir desse momento foi o fim para mim.

Eram vários finais, muitas histórias encerradas, para Daniel era difícil não pensar como seria o seu final, esperava que fosse feliz, mas com tantos finais trágicos suas perspectivas eram as piores possíveis, pensava na sua morte, e sobre as pessoas ao seu redor, qual o desfecho de tudo? Um dia ele seria apenas mais uma visão na mente de outro portador do XP? esses dilemas ficaram no ar, pois a ultima história começou a ser contada, de forma tímida e cabisbaixa o relato se iniciou.

Siel Costa e Silva (XIV) (1975-1994):

— Eu sou Siel Costa e Silva, você deve ter memórias minhas, o infortunei algumas vezes, quando criança eu era incompreendido por minha família, sofria com o desprezo dos meus pais, tudo isso causado pelo XP que despertou me trazendo grandes problemas mentais, meu único refugio era meu irmão mais velho.

Um dia após alguns surtos mentais, meu irmão resolveu me levar ao nosso tradicional passeio a um lago nos arredores da cidade. Eram tempos difíceis a sociedade sobrevivia na penúria, líderes corruptos e com alianças criminosas, estava havendo uma grande manifestação contra o governo, a facção Comando Ciclope ficou encarregada de dispersar os manifestantes.

Ao chegar ao lago onde era o centro da manifestação, meu irmão e eu nos deparamos com uma algazarra, fomos confundidos com manifestantes e após um mascarado da facção me abordar, meu irmão interveio e foi esfaqueado bruscamente, ele morreu ali, diante dos meus olhos.

Os dias seguintes foram péssimos, a falta do meu irmão me tornou outra pessoa, o ódio pela facção só crescia, jurei me vingar, a partir dali treinei duro e com XP alcancei ótimos resultados. Tornei-me um vingador, passei a armar emboscadas e a matar todos os Ciclopes que conseguia. Depois de tirar a vidas de vários membros da facção não me sentia melhor era uma vingança inútil, e  não mudou nada.

Numa das minhas visitas ao lago conheci uma garota, notei uma conexão imediata e a convidei para sair, depois desse encontro ocorreram outros, até que estávamos num relacionamento sério. Revelei toda a verdade do meu passado inclusive sobre a vingança, ela quase me largou, mas seu amor por mim era forte o bastante para me ceder o perdão, prometi que não seguiria com a minha vingança, estava muito feliz sentia o amor novamente.

Minha vida se encaminhava para um final feliz, meu casamento estava marcado, e pronto para acontecer. A família dos noivos reunida, um ambiente prospero tudo estava perfeito, a noiva entrava enquanto eu a esperava no altar, quando vejo um Ciclope se aproximar, eu corri desesperado, mas quando cheguei até a minha noiva foi apenas para segura-la antes do tombo, a festa foi invadida pela facção, mataram todos que estava presentes, não sei como eles descobriram que eu era o vingador que destruía os membros da facção e resolveram tirar tudo de mim e deixar apenas o sofrimento angustiante de perder tudo.

Houve um funeral em conjunto de todos os falecidos, minha mente clamava por justiça, mas eu não poderia quebrar a promessa que fiz a minha amada, não me restava mais nada a fazer, era apenas um ser desprezível, meus atos causaram um mal geral a todos que me rodeavam, eles estariam bem se eu não existisse.

Segui uma longa caminhada após o funeral, do topo de um precipício eu exclamei, "Siel o garoto que nunca existiu." E me lancei, queria com isso apagasse a minha existência e todo o mal causado por ela.

Era muito tenso ouvir um final por escolha, enquanto todos lutaram ao máximo pra sobreviver, Siel apenas desistiu, ao pensar que quase cometeu o mesmo erro, Daniel sente-se um fracassado, então como se as mentes estivessem interligadas Siel responde:

— Eu sei que sou um fracasso.

Daniel tinha apenas pensado isso como ele poderia saber desse fato? Nesse momento o garoto lamenta ter pensado isso, como se não fosse por maldade era apenas um julgamento próprio, e Siel tornou a falar:

— Daniel, no seu incidente de quase morte, foi por influência das minhas memórias e sentimentos, você mesmo com todas as dificuldades estava resistindo, e por minha culpa quase desistiu, eu sinto muito por isso.

O pedido de desculpas é consentido por Daniel, e pela interligação mental, Siel sabe que o garoto o perdoou verdadeiramente.

Depois de toda a história do XP ser revelada, Zaki age como um porta-voz ao comentar:

— Como já sabe o XP transmite a experiência ao logo das reencarnações e a sua vida é o atual XP. — Com uma feição tensa Zaki completa. — O HP tem o dom da vida, e a vivencia dos antepassados XP que ele interrompeu ao longo dessas guerras se acrescentou ao limite da vida dele, o que o fez ficar vivo até os dias de hoje, e agora ele está atrás de você.

Esse relato estremeceu Daniel o deixando com medo do que poderia ocorrer adiante com sua vida, temendo o inimigo poderoso o garoto emudeceu, vendo a situação desmotivadora, Zaki encorajou:

— O XP é a nossa história, o nosso conhecimento e experiência adquirida durante a nossa vida, e tudo isso agora pertence a você garoto, honre esse legado.

Era como se fosse um discurso de encerramento, que findou com Daniel retornando ao hospital depois de todos sumirem, foi um caminho solitário, mesmo assim sentia como se os seus passos fossem seguidos por todos que vieram antes dele, e o XP por completo fosse a sua vida.

*****YOOOOOH*****

Oi, eu sou o Renato!

Esse foi ultimo capitulo do arco dos antepassados, foram histórias sofridas, mas que carregam um legado muito maior.

Os próximos capítulos seguirão a vida de Daniel, então vamos acompanhar o atual XP.