Capítulo 7

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   Lince não estava lá quando ele retornou a sacada novamente. Mas com certeza, ela estava aprontando alguma coisa, pois havia várias peças de roupas no chão.

   “O que ela está fazendo agora?”, pensou consigo.

   Então ele ouviu um som ao fundo, um som baixo e estranho. Caminhou até o parapeito, e ficou extremamente chocado com o que viu. Os infectados estava se acomulando cada vez mais na porta da loja. Tinha pelo menos uns cem, todos espremidos, tentando a todo custo entrar. Com a extrema quantidade de infectados que havia ali, era possível ouvi-los. Eles gemiam, como se estivessem com dor.

- Eu já avisei o Jason - disse Lince, assim que passou pela porta. Ela estava arrastando um saco branco e enorme, cheio de roupas. - A cada minuto que passa, mais deles aparecem e se juntam na tentativa de nos matar.

- E o que você está fazendo?

- Estou criando a nossa rota de fuga. Um monte de roupas amarradas umas nas outras, acho que servira bem como corda. Eu vi na TV uma vez, e...

- Pretende amarrá-las nas vigas e depois descer por elas? - interrompeu ele.

- Sim - disse a garota.

   Richard manteve um olhar pessimista. Parecia uma ideia idiota, levando em conta que se algo desse errado, seria uma queda de pelo menos uns cinco metros. Talvez a altura não mate, mas deixará no mínimo a pessoa incapacitada de fugir dos infectados.

   Então Lince se sentou, e em seguida a garota contou o plano a Richard. Disse que assim que a porta fosse arrombada por essas criaturas, eles poderiam usar essa tal corda improvisada para fugir pela sacada. Deixariam alguns obstáculos nas escadas para atrasar os doentes, ganhando tempo para executarem com sucesso o plano. E uma vez que todos os infectados estiverem dentro da loja, a rua estaria livre para fugirem.

   Assim com o plano todo explicado de Lince, a ideia não parecia mais tão idiota. Mas alguma coisa ainda não fazia sentido.

- O que não faz sentido Richard?

   Eles iriam para onde? Se todos os lugares estavam fudidos, onde seria seguro?

- Eu pensei que cada um poderia seguir seu rumo. Bem, pelo menos eu vou atrás da minha irmã. O resto eu não sei.

   Richard deu um riso, esperando que ela dissesse que estava apenas sendo sarcástica, mas ela não estava.

- Não parece uma boa ideia nos separar.

- A gente já morreu Richard. Todos nós ja estamos mortos. Estamos apenas prolongando o que todos sabemos que irá acontecer bem em breve.

   Ele não esperava que ela estivesse sendo tão pessimista quanto a sobrevivência. E também não esperava que ela estivesse tão certa.

- Eles são fracos - disse Richard -, portanto, não conseguiram derrubar aquela porta, e não entrarão. Tenho certeza que em pouco tempo, eles irão embora.

- Bem, independente de irem ou não, eu vou sair daqui. E todos teremos que sair em algum momento, ou teremos que matar uns ao outros para poder nos alimentar, igual aos infectados.

   É, isso ainda precisa ser discutido com Jason. Talvez toda essa adrenalina tenha mascarado a fome, mas uma hora ou outra a fome vai aparecer, e pode ser que apareça com tudo.

   Greg estava vigiando a viúva, ele solicitou que não deixassem ela de quarentena no banheiro, pois seria desumano e doentio com a pobre coitada, ainda mais depois do que ela passou. Ele checava a temperatura da mesma a quase todo minuto, e sugeriu ela não falasse por conta do ferimento na jugular que poderia se agravar com as vibrações vocais. Na verdade foi apenas uma desculpa para que a mulher não começasse a metralhar perguntas das quais ninguém saberia responder com sinceridade. Até porque, acho que ser viúva do mesmo marido duas vez é algo praticamente impossível, e também bizarro já que ela conseguiu. Pode ser que vá parar no Guinness Book, mas... Talvez não haja mais ninguém para atualizá-lo.

Os mortos e os perdidosOnde histórias criam vida. Descubra agora