Os mortos e os perdidos

Capítulo 25

- É uma garota - disse Carlos.

Richard e Erick já sabiam que se tratava de Lince. E foi então que Richard se desesperou.

- Você a matou? - perguntou Ralf.

- Não, ela só está inconsciente. Nem chegou a sangrar.

Richard queria pegar a arma das mãos de Ralf, mas seu corpo estava travado. Travado tanto de medo de vacilar na ação, quanto de medo do que pode ter acontecido com Lince.

- Ela está com vocês? - perguntou Ralf.

- É - disse Erick -, está com a gente sim.

Carlos pegou Lince no colo, e a trouxe para dentro. Ele até empurrou a porta com o pé, mas a mesma não fechou completamente. Colocou a garota no chão. Ele então, passou a verificar o ferimento na cabeça de Lince.

- Tem mais alguem com vocês? - perguntou Ralf.

- Não - respondeu Erick.

Richard estava com raiva. E mal conseguia se mover. Em sua cabeça, se passava dezenas de idéias estúpidas para ele executar e acabar tudo em merda.

- O que vocês querem com a gente? - indagou Erick.

Assim que ele perguntou, Richard pode observar outra pessoa no corredor escuro. Com certeza era Bill, e isso acelerou ainda mais o seu coração. Erick demorou um pouco, mas também viu o garoto Bill ali.

- Nada de mais - respondeu Ralf. - Só queremos conversar. Descobrir se vocês são confiáveis, e quem sabe, nos tornarmos todos amigos. O que acham?

- Diz isso, e aponta uma arma pra nossa cara - disse Richard.

- Isso aqui? - disse Ralf, olhando para o revólver - Não levem a mal, mas...

Ele foi interrompido com o estrondoso som de disparo. Todos se assustaram, e seus corpos reagiram com o tiro.

Bill atirou em Ralf, no pescoço. O homem se manteve alguns segundos em pé antes de finalmente cair. Carlos que estava no chão prestando atendimento a Lince, se desesperou, mas nada pode fazer. Ele apenas levantou as mãos, quando percebeu que agora era ele quem estava correndo perigo.

- Garoto - disse Erick -, já pode abaixar a arma.

Bill estava imóvel e com os olhos arregalados, ainda apontando a arma para a direção em que Ralf estava. Erick aos poucos se aproximou, e conseguiu acalmá-lo.

Richard pegou o revólver que estava com o cadáver de Ralf, e apontou para Carlos.

- Não íamos fazer mal nenhum a vocês - disse Carlos, enquanto deixava algumas lágrimas escorrer.

- Cale a boca - disse Richard.

- Nossas armas, onde estão? - perguntou Erick.

Carlos apontou por sobre os ombros. Erick ameaçou ir até o cômodo, mas Richard lhe segurou.

- Onde está aquela garota? - perguntou Richard.

- O nome dela é Júlia - respondeu Carlos.

Mas antes mesmo de Richard chamar por ela, a mesma apareceu na sala.

Richard ordenou que Erick fosse com ela buscar as armas, e assim fizeram.

Nesse meio tempo, Lince acordou. Reclamou de estar com dor de cabeça. Se sentou no chão por alguns segundos, e então se levantou.

Ela até queria abraçar Richard, mas também não queria desconcentra-lo.

- Tudo bem? - perguntou Richard.