CAPÍTULO 02

1.5K 74 7
                                    

Bem-vinda à equipe

Richmond, Virginia Junho de 2006

Ella

— Isso foi um erro — eu murmuro, enquanto Chloe revira os olhos,
aplicando mais uma camada de rímel nos cílios enquanto Simone dirige o
carro mais rápido, ignorando o limite de velocidade. — Simone.
Ela encolhe os ombros e dá um tapinha no meu ombro.
— Relaxe, garota! Nós vamos chegar em casa a tempo — ela olha
rapidamente para o relógio. — É apenas onze, pelo amor de Deus.
Cobrindo meu rosto com as mãos, eu descanso meus cotovelos em meus
joelhos, enquanto murmuro:
— Fácil para você dizer. Você conhece meus pais.
— Nós todas temos pais, não? — Chloe bufa, desta vez passando batom.
Por que diabos ela está fazendo isso se saímos da festa há alguns minutos?
A menos que elas queiram ir para outro lugar depois de levarem a
prudente Ella de volta para casa.
Foda-se minha vida, sério.
— Eles só querem me proteger — eu tento defender meus pais, mesmo que
seja difícil quando eles praticamente proíbem tudo, me afastando
completamente da vida.
— Sim, eu sei. Eles estão mantendo você uma santa e outras coisas. —
Chloe se inclina para frente, descansando sua bochecha no assento do carro.
— É uma maravilha você sair com a gente.
Sim, ambas são as chamadas garotas más do ensino médio, não que
meus pais saibam sobre sua reputação.
Eu guardo esse pedacinho de informação para mim mesma.
— O que você vai fazer para ir ao baile? — Simone pergunta, enquanto
vira à direita tão rápido que mal consigo ficar no assento sem cair para trás.
Esta menina dirige como uma louca!
— Eu não vou — eles não vão me comprar um vestido ou qualquer outra coisa, então a conversa é um ponto indiscutível para dizer o mínimo.
A expressão horrorizada no rosto do meu pai quando mencionei ir dançar
com um garoto, mesmo que seja um garoto nerd da minha aula de ciências, foi o suficiente para esmagar todos os meus sonhos.
Ele tem boas razões para ser protetor, mas estou tão cansada de viver em
uma jaula.
— Isso é triste pra caralho, garota!
— Não fale palavrão — acrescento, enquanto Chloe mais uma vez revira
os olhos, mas felizmente, neste momento, o carro para perto da porta dos fundos da minha casa, e as luzes estão apagadas.
Expirando em alívio, eu tiro o cinto e beijo as minhas garotas e digo até
logo.
— Mova-se rapidamente antes que eles saibam. Caso contrário, você
também perderá o piquenique. — Simone avisa, e balançando a cabeça, corro para dentro, removendo meus sapatos para não fazer barulho.
Eu ando na ponta dos pés na escuridão completa até as escadas, e então
eu piso em algo pegajoso e deslizo um pouco. Eu quase amaldiçoo, já que tem que ser minha irmãzinha e sua louca obsessão por suco de laranja. Ela está
espalhando essas coisas por todo o maldito lugar.
Eu continuo, ignorando as coisas desagradáveis em meus pés, e chego à
minha porta, rapidamente deslizando para dentro e fechando-a atrás de
mim. Eu tenho muita sorte que a porta dos meus pais não esteja aberta. Eles
costumam acompanhar minha irmã e eu para ter certeza de que estamos
dormindo e não fazendo outras coisas.
Fechando meus olhos e descansando minha cabeça na madeira atrás de
mim, eu exalo alto. Uma brisa leve me atingindo no rosto me faz abrir os
olhos para ver minha janela aberta com as cortinas brancas como neve
soprando em diferentes direções.
Eu não posso acreditar que a deixei aberta quando me esgueirei mais
cedo para sair com as garotas!
Quando ligo a luz, me preparando para ir tomar um banho rápido, noto as
manchas vermelhas no chão de madeira.
— Que diabos? — eu murmuro, em seguida, suspiro em exasperação
sobre aulas de desenho da minha irmã e, como resultado, as pinturas que
constantemente mancham tudo. Eu sou a única a fazer a limpeza aqui, então
sempre passo horas certificando-me de que ela não danifique permanentemente nada. No entanto, ela adora, e desde que o meu quarto
tem a melhor vista, ou pelo menos é o que ela afirma, ela pinta
principalmente aqui. O que é chato, mas o que posso fazer quando a amo
tanto?
Agarrando meu pijama, eu removo qualquer traço de maquiagem, tomo
um banho rápido e me visto antes que a sede leve a melhor sobre mim.
Decidi que não vai doer descer, já que meus pais não se importam com
isso, eu ando na ponta dos pés de volta para o corredor, e o cheiro fraco e
repugnante de algo estranho penetra no meu nariz e eu quase vomito. Eu não cheirei isso quando cheguei em casa.
O que eles estão cozinhando?
Desta vez, evito o líquido no degrau e vou para a pia da cozinha,enchendo um copo de água e bebendo dele avidamente, enquanto me
pergunto se talvez eu deva dar outra chance a essa conversa de formatura.
Afinal, nós só vivemos uma vez, certo? Eu não deveria lutar mais pelos
meus direitos? Não é como se meus pais fossem monstros; eles nos amam e querem nos dar o melhor. Sim, eles são um pouco superprotetores, mas e
daí?
Com a positividade me preenchendo, eu me viro e recuo, quando tropeço
em algo sólido, mas macio, e quase caio.
O desconforto toma conta de mim, porque o objeto não me lembra um dos brinquedos de Sarah. Colocando minha mão na parede, procuro o interruptor
de luz, já que eu realmente não quero acordar meus pais. Eu esfrego meus
olhos enquanto a luz embaça minha visão por um segundo.
Uma vez limpa, o ar gruda dentro dos meus pulmões quando a imagem
que me cumprimenta me impede de correr.
Um agonizante grito de terror ecoa pela noite, e demora um pouco até eu
entender que ele escapou da minha boca.
Mecanicamente pego o telefone do balcão da cozinha e ligo para a polícia, concentrando-me apenas nos sons do outro lado da linha. Eu abro e fecho os olhos, esperando que a imagem desapareça, mas não.
— 191, qual é a sua emergência? — a senhora pergunta, e engolindo a
bile na minha garganta, eu olho mais uma vez.
Meu pai está deitado no chão em uma poça de sangue com a garganta
cortada. Minha mãe está por perto com a cabeça arrancada, e minha
irmãzinha… eu não consigo localizá-la, mas o vestido cor-de-rosa dela está
no sofá, como se tivesse sido removido às pressas.
— 191, qual é sua emergência? — a senhora repete e eu encontro minha
voz.
— Meus pais estão mortos e eu não consigo encontrar minha irmã — eu
sussurro ao telefone, o choro agitando meu corpo enquanto mal consigo me
manter em pé.
A vida que eu queria desesperadamente fugir, não existia mais.

Psychopath's PreyOnde histórias criam vida. Descubra agora