Psychopath's Prey

Capítulo 26

Ella

Descansando minha cabeça no travesseiro, eu olho pela janela do quarto de hospital e me isolo completamente da conversa.Chloe rapidamente me traz de volta,embora. —Ella?Eu não reajo, porque não me importo com nada além das coisas que aconteceram comigo no espaço de setenta e duas horas.Descobrir que Harry ficou em sua casa para morrer com Preston quebrou algo dentro de mim, e eu não tenho certeza se vou conseguir consertar isso.Por que meu amor sempre tem que girar em torno de serial killers?Um serial killer levou meus pais embora. O serial killer era um homem que eu considerava um tio. E agora o homem por quem eu me apaixonei e me abri também acabou sendo um.Mesmo Preston, que eu considerava um amigo, tanto quanto você pode ser um amigo no curto período de tempo com um colega de trabalho, acabou por ser insano.—Ella...Finalmente, eu volto minha atenção para ela e aceno. —Sim.—Sim, o que?—ela pergunta, confusa, enquanto Simone me dá um olhar preocupado.—O que você quiser, é um sim. Olha, eu não estou no clima para esta conversa, ok?Chloe exala pesadamente e depois se senta ao meu lado, a palma da mão cobrindo a minha, e eu tento puxá-la de volta, mas ela a segura com firmeza. —Ella,Harry...—Não—aviso, e elas compartilham um olhar, mas francamente eu não me importo. Eu não tinha certeza se queria discutir isso com alguém, muito menos com minhas melhores amigas. Elas saberiam que eu menti.
Eu não podia deixar ninguém saber o que fiz.Todos esperaram pela minha declaração, para colocar o último prego no caixão, por assim dizer, e fechar o caso. Eu recebi tantas flores que parece uma floricultura aqui.—Ok. —Chloe não me pressiona, mas quando ela fez isso? —Seu senhorio entende sua situação e está bem com você prolongando o contrato enquanto estiver fora—ela diz alegremente, como se isso fosse levantar o meu humor ou algo assim.—Eu não vou renovar.Ela pisca várias vezes e depois limpa a garganta. —Estamos falando do seu apartamento dos sonhos, Ella. Você disse que nunca iria se mudar de lá.Sim, eu me apaixonei pelo meu apartamento, que tem a melhor vista da cidade e me lembrava todos os dias que eu tinha realizado tudo sozinha.Mas agora esse lugar não me lembrará nada além de Harry. Algumas de suas roupas ainda estão lá. Eu não posso imaginar continuar a viver lá mais.—Os sonhos podem mudar.Simone abre a boca para dizer alguma coisa, quando elas são interrompidas por Noah, que entra na sala com uma carranca no rosto.—Não sabia que você tinha visitantes. Eu vou vê-la em outra hora.Ele praticamente anda em cascas de ovos ao meu redor, cauteloso com a minha reação e sem me falar sobre o caso, embora eu saiba que ele precisa.Se eu fosse qualquer outra pessoa, ele estaria me questionando e tomando a minha declaração no minuto em que pudesse falar,mas porque eu estava sob sua proteção e ele falhou comigo, ele me deixa fazer isso no meu próprio ritmo.Isso tem que acabar, talvez porque eu não tenha coragem de fazer tudo de novo.—Por favor, venha, Noah. Meninas—eu me dirijo a elas, e elas se levantam, mas não antes de Chloe me dar um olhar que diz que continuaremos nossa conversa mais tarde. Eu apenas reviro os olhos enquanto ela me beija na bochecha, e elas saem, e o quarto fica envolvido em silêncio, perturbado apenas pelos sons do tráfego vindos das ruas.Noah se desloca de um lado para o outro, e espero que ele faça uma pergunta, imaginando com qual ele vai começar.Ou se ele sabe que menti.Ele amaldiçoa e depois se senta na beira da cadeira ao meu lado, ainda mantendo distância. —Eu preciso perguntar a você.
—Vá em frente—eu conheço o protocolo.Ele estala os dedos e depois pergunta: —Ele estuprou você?Eu balanço minha cabeça, focando minha atenção no outdoor brilhante que fica de frente para a minha janela. Às vezes deitada na cama e olhando para o teto,me pergunto se ele tinha, então, talvez eu fosse capaz de odiá-lo e cortar todas as partes boas que aconteceram com ele. —Não.—Por quanto tempo ele te manteve presa?—minhas sobrancelhas franzem, já que é um pouco estressante para mim, mas então eu finalmente encontro as palavras.—Cerca de quatro dias. Talvez menos—eu o vejo fazendo anotações em seu iPad, e então ele continua.—O quê ele fez pra você?—Você leu o relatório do médico, Noah—minha voz suave parece quebrar algo nele enquanto ele rapidamente se levanta e anda pelo quarto, indo e voltando, seus dedos enfiados em seus cabelos.—Eu não posso acreditar que não vi sua insanidade. Quero dizer, ele era um cara legal. Por que ele faria isso?—ele exala pesadamente. —Embora eu saiba perfeitamente porque ele fez o que fez. Mas ainda assim, não faz sentido que um garoto tão bom como ele faria isso.—ele agarra a borda dos trilhos da cama com tanta força que os nós dos dedos ficam brancos. —Eu deveria ter protegido você dele.—ele se inclina para frente, a derrota marcando todas as suas ações, mas não o tranquilizo.Porque,verdade seja dita, eu não sei o que dizer sobre isso.Nós somos humanos também. Somos autorizados a cometer erros.—Noah, ele tinha um plano e o executou. Por favor, não se culpe por isso.Uma risada sem humor desliza por seus lábios enquanto ele puxa seu cabelo, segurando meu olhar. —Você poderia ter morrido.—Mas aqui estou eu.Minha vida tem que ser vista para ser acreditada. Duas vezes serial killers tinham como objetivo me matar.Duas vezes, eles pouparam minha vida.Quão irônico é isso?—Você vai voltar a trabalhar?—sua mudança abrupta de assunto me tira dos meus pensamentos, e eu me remexo. Eu não esperava essa pergunta tão cedo. —Estou nesse emprego há muito tempo. Não há problema em querer sair.Mexendo com os dedos, puxo o cobertor mais para cima quando subitamente arrepios percorrem minha espinha. —Acho que meus professores estavam certos. Não há lugar para mim no FBI.—ou em psicologia. Eu nunca deveria ter sacrificado minha vida para pegar serial killers. Eu só provei a todos que se opuseram que estavam certos.Como teria sido a minha vida se tivesse escolhido o jornalismo fotográfico? Eu teria sido mais feliz? Eu teria casado com Harry e vivido com ele sem conhecer seus desejos secretos?—Eu vou pegar os papéis. Para o melhor ou pior, você conseguiu livrar este mundo de um serial killer. É uma conquista, Ella—ele dá um tapinha na minha mão e limpa a garganta. —Todos nós vamos sentir falta de Harry.A adrenalina flui em minhas veias enquanto minha respiração acelera, o suor escorre pelas minhas costas e meus olhos se arregalam de medo de que ele perceba.Que ele saberá que eu menti.Ele acha que apenas um serial killer morreu naquela noite.Ninguém tem ideia de quem Harry foi, porque eu mantive minha boca fechada.Para eles, ele morreu como um herói tentando salvar a mulher que amava.Que seja meu último presente para ele por salvar minha vida quando não precisava.Um presente dado gratuitamente.Mesmo que provavelmente me faça acabar no inferno de um jeito ou de outro.

Richmond,

Virginia

Um mês depois

Ella

Meus pés pisam silenciosamente na grama verde esmeralda enquanto a brisa afaga minhas bochechas levemente. Inalo o cheiro familiar de casa, e de alguma forma ao longo do caminho, o cemitério se tornou minha casa desde que minha família está lá, e eu exalo uma respiração pesada.Andando mais perto, eu pego a mangueira próxima e borrifo água em todas as flores diferentes plantadas nas lápides, depois retiro a poeira que se acumulou em todo esse tempo.Feita com a tarefa, eu coloco uma única rosa vermelha em cada lápide, e em seguida, sento no pequeno degrau, descansando minhas costas no túmulo da mamãe, e fecho meus olhos, procurando por palavras que não consigo encontrar.Eu pensei que vir aqui aliviaria minha dor, mas só fica mais forte. —Sinto muito por não estar aqui há um tempo—mais como anos. Eu normalmente fazia questão de visitá-los uma vez por ano no aniversário de sua morte, mas a cada ano, a cada nova realização, ficava cada vez mais difícil. Então, em algum momento, cinco anos atrás, desisti completamente. —Eu nem sei por que estou aqui agora—murmuro, enquanto pressiono as palmas das mãos sobre os olhos, mas eu sei.
Harry.
Com a verdade e o cativeiro, eu deveria odiá-lo.Mas eu não posso, porque me apaixonei pelo homem primeiro. Mesmo com todas as coisas monstruosas,ele não conseguiu extinguir esse amor.E eu odeio isso, porque a dor no meu peito me apunhala toda vez que seu rosto pisca na frente dos meus olhos. É porque viver sem ele é insuportável.—Ele está morto, mãe—eu limpo a única lágrima da minha bochecha e, em seguida, rio, embora seja tenso. —Eu consegui o emprego dos meus sonhos, apenas para perceber que todos estavam certos o tempo todo. Não é o que eu quero fazer.Eu agarro um pouco de terra e então lentamente deixo ir. Respirando fundo, giro, colocando minha mão na pedra, ignorando as sensações de queimação do sol quente de julho brilhando nela. —Sempre me senti culpada por estar viva e tinha que compensá-los. Então me aventurei em mentes criminosas, mas, verdade seja dita, só agora entendo como isso foi estúpido—esfregando a lápide gentilmente, gostaria que ela estivesse aqui comigo para poder compartilhar todos os meus segredos mais profundos com ela.Mas a vida decidiu de forma diferente. —É um presente. Eu continuo viva. Porque de alguma forma parte de você ainda está aqui. E eu vou usá-la com sabedoria, mãe—beijo a pedra silenciosamente e levanto-me, apenas para piscar de surpresa quando noto uma pomba branca pousando na lápide da minha irmã, tão bonita que eu desejo tocá-la.Uma bolha de riso escapa da minha boca, e eu olho para cima, apreciando esse gesto gentil, deixando-me saber que está tudo bem finalmente deixar ir.A paz que se instala dentro de mim é inexplicável, como se um peso tivesse sido arrancado do meu peito. Tenho vinte e nove anos, mas parece que acabei de começar a viver. Eu nunca vou ficar completamente de boa com o que aconteceu comigo, mas não tenho que viver em uma ilusão de que vou conseguir justiça para minha família.Eu nunca vou, e essa é provavelmente a verdade mais difícil que tinha que aceitar e sempre quis fugir.Curiosamente, não tenho mais ninguém a não ser Harry para agradecer por essa percepção.Espanando minhas mãos, eu volto para casa, para a casa que não visitei desde aquele dia trágico.Ninguém nunca vendeu, porque eu ainda tinha os direitos, mas também não havia pessoas interessadas. Eu imaginei que muitos não queriam morar em uma casa onde um assassinato foi cometido.Com a casa do serial killer a poucos metros de distância.Parando no meu caminho, fico em frente à casa de madeira de dois andares. A grama está recém-cortada e nutrida, e não parece uma casa abandonada. Eu tenho que agradecer a Srta. Kara por isso, já que ela fez de sua missão cuidar dela. Só Deus sabe por quê.Cada passo que me leva até a porta parece mais pesado, enquanto imagens vívidas dançam em minha mente.A risada de Sarah enquanto eu a rodeio no quintal.Papai franzindo a testa quando não gostou de nossas roupas molhadas.Mamãe nos chamando para jantar e piscando enquanto assava um delicioso bolo. Meu nariz ainda pode cheirar sua obra-prima de canela.Sacudindo minha cabeça com tudo isso,insiro a chave e destranco a porta, o eco dos meus sapatos me cumprimentando quando eu entro. Todo o mobiliário foi jogado fora, já que estava todo coberto de sangue e eu não via utilidade para eles. Estou prestes a checar o resto da casa, já que planejo ficar aqui por um tempo, quando o cabelo no meu pescoço se arrepia e meu batimento cardíaco acelera.Há uma respiração quase inaudível atrás de mim, mas meus ouvidos a percebem.
Lentamente, eu me viro enquanto as chaves caem no chão com um som irritante, e fico cara a cara com o homem.Ele descansa as costas contra a parede, relaxado, enquanto a lâmina prateada se desloca através de seus dedos. Ele pega meu olhar e depois fecha a porta, decidindo para sempre o meu destino.A morte finalmente fez um círculo completo comigo.É irônico como vou enfrentar a minha morte na mesma casa que uma vez me permitiu escapar dela. Mas você não pode enganar o destino depois de tudo, certo?—Ella—diz ele, ainda me perfurando com seu olhar. —Eu te disse que sempre venço.