Nova Iorque,
Agosto de 2015Ella
Chutando a pedra caída no chão, bufo tão alto em frustração que a
mulher que anda ao meu lado pula, mas eu não me importo.
Rejeitada, mais uma vez.
Eu mal me contenho de irromper em lágrimas quando a percepção
afunda em mim e meus joelhos se dobram, mas as mãos fortes de Chloe me pegam a tempo.
— Shhh, baby. Vamos sentar — ela me guia em direção ao banco ao
lado do prédio do Departamento de Polícia de Nova York, onde nos sentamos enquanto as pessoas passam com olhares curiosos,provavelmente por causa
do meu rosto vermelho manchado de rímel.
Eu nem sequer tento parar minhas lágrimas enquanto pressiono as
palmas das mãos nos meus olhos.
— Acabou — murmuro, desespero e resignação em minha voz.
Embora provavelmente tenha acabado há alguns anos, quando Dean Holt me avisou que ninguém jamais aprovaria minha entrada na psicologia criminal.
Parece que todos fizeram de sua missão tornar isso impossível para
mim. E finalmente aceito minha derrota, não tendo forças para lutar contra todo um sistema.
Chloe dá um tapinha nas minhas costas, enquanto diz:
— Tudo bem, amor. Você sempre pode procurar em outras cidades.
— Ninguém vai me dar um emprego em qualquer tipo de trabalho de
campo, e sem isso, é impossível entrar na BAU, e você sabe disso. — mesmo
que o FBI não tenha me aceitado, eu ainda esperava que depois de alguns
anos de experiência, eles me deixariam trabalhar para eles.
Ela fica em silêncio, não tendo nada a dizer sobre isso.
Não importa o quanto eu tenha estudado, não importa que eu tenha lido todos os livros sobre psicologia criminal e os tenha escolhido como disciplinas seletivas gerais, todo o meu conhecimento não conta merda nenhuma para essas pessoas. Eles apenas olham para o meu passado e assumem que este trabalho não é para mim, que estou querendo algum tipo de vingança.
Eu não estou. Eu só quero dar a outras famílias uma chance de lutar.
Isso é tão errado?
— Eu pensei que você amasse trabalhar com...
Eu não a deixo terminar.
— Sim, eu trabalho com mulheres abusadas e crianças em abrigos e nos centros, porque eu quero ajudá-los. Mas se trabalhasse na BAU, eu
realmente teria a chance de evitar que os estupros e abusos acontecessem.
Você não entende? Às vezes é tarde demais para consertar o problema
quando o monstro já infligiu seu mal. Essas crianças e mulheres têm que
viver com isso para sempre. — eu grito em seu rosto, enquanto ela
estoicamente escuta. Ela toma um gole do seu chá, exala uma respiração pesada e, em seguida, levanta meu queixo para que possa ter toda a minha atenção.
— Mas isso não significa que seu trabalho não tenha nenhum valor.
Essas pessoas não têm ninguém a não ser você para que saibam que está
tudo bem em seguir em frente, e que elas não devem ficar presas em suas
cicatrizes. Também vale muito, garota. Se você não vê, então talvez seus dois graus em psicologia signifiquem merda nenhuma — então ela se levanta e me dá uma olhada por cima do ombro. — Uma vez que esta festa de auto piedade esteja terminada, me ligue. Estamos precisando ir às compras.
Com essas palavras de despedida, ela me deixa sozinha, caminhando
pela rua, seu cabelo loiro balançando de um lado para o outro.
Tanto quanto eu odeio, ela está certa. Passei todo esse tempo tentando
entrar nesse tipo de trabalho e desvalorizando tudo na minha vida.
Vale a pena, no entanto? Os sorrisos e as palavras gratas das crianças
no abrigo passam pela minha mente, lembrando-me que eu faço diferença em suas vidas. Elas sabem que são importantes e que ninguém pode tratá-las dessa maneira.
Eu dou-lhes algo importante. Eu lhes ensino que ninguém tem o direito
de lhes trazer dor. Como posso ver isso como nada, simplesmente porque não trabalho no FBI?
Minha atitude é desrespeitosa com todos eles e comigo. Eu trabalhei
duro para a posição que tenho agora. Mesmo que a porta da psicologia
criminal esteja sempre fechada para mim, o resto me recebe de braços abertos. Participo de todas as convenções, tenho conexões em muitos lugares e escrevo uma coluna diária para um dos blogs femininos.
Isso conta para algo, conta pra caralho.
Limpando a umidade das minhas bochechas, eu me levanto, coloco
meus óculos de sol e sorrio amplamente, esperando encontrar paz em saber que estou fazendo algo valioso.
Mesmo que prender serial killers não seja uma dessas coisas.
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Psychopath's Prey
HorrorUma vez ela se tornou minha. Minha caça. Uma psicóloga Criminal; Um serial Killer. O amor entre eles não deveria existir. Isso é o que o mundo pensa e diz. Sua missão é encontrá-lo. Sua única obsessão é levá-la. O Caçador e a presa. Deixe os jogos c...