O sol da manhã iluminava a floresta e seu brilho acordou Hope. Os cabelos da fada estavam embaraçados, ela olhou para os lados e, como acabou de acordar e sua visão ainda estava meio embaçada, só conseguiu ver a silhueta de Ifrit. Ele estava olhando para uma foto, mas Hope não conseguiu identificar quem estava nela. A fada fechou os olhos com força e abriu novamente, sua visão já estava melhor. Ela se levantou e percebeu uma coisa, Fafnir não estava na árvore e os frascos com vagalumes haviam sumido.
_ Se está procurando pelo Fafnir, ele disse que ia pra perto do lago.
_ Sozinho nesse lugar? Não acha isso meio perigoso?
_ Tá preocupadinha, é?
_ Não enche.
_ Bem, eu confio na capacidade dele. Se você quiser ir atrás dele, vá.
Hope amarrou o cabelo, abriu as asas e saiu voando até o lago. Chegando lá, logo viu Fafnir, que estava soltando os vagalumes. Ela desceu um pouco antes e seguiu a pé. Fafnir estava estranho, suas mãos e camisa estavam manchadas de sangue. Parece que ele lutou com alguma fera grande. A fada continuou se aproximando, mas parou atrás de uma árvore quando Fafnir começou à tirar suas roupas sujas, ficando só com uma espécie de bermuda azul. Hope deu um suspiro de alívio.
Dentro da bolsa do dragão tinha um sabão que ele pegou em Saria. Primeiro ele pegou sua camisa e mergulhou na água, esfregou o sabão em uma parte e na outra até o sangue sair. O processo foi repetido em todas as outras peças. As ferramentas que ficavam presas na calça estavam espalhadas pelo mato e o dragão pegou sua bolsa mais uma vez, dessa vez ele pegou uma corda fina, de 2 metros. Fafnir foi até a árvore onde Hope estava e amarrou a corda em um dos galhos, ele estendeu a outra ponta até outra árvore e fez o mesmo. Hope só observava o dragão, que demonstrou que sabia o esconderijo dela, enquanto ele estendia suas roupas molhadas. Aquilo chamou a curiosidade da fada.
_ Suas roupas secariam mais fácil, se você usasse magia.
_ Magia é a sempre a resposta de vocês?
_ Se temos é para usar.
Fafnir olhou para a fada com um olhar de indiferença e ignorou o que ela disse. Ele terminou de estender as roupas e se afastou um pouco, começou a dar pequenos pulos sem sair do lugar. Logo, começou a dar socos e chutes, sempre alternando entre esquerda e direita. Ele fez isso por um curto período de tempo e, quando terminou, pulou no lago. A fada saiu da árvore e foi até a margem, ali ela se sentou. O dragão não pensou duas vezes quando puxou a fada para dentro d'água.
_ Sério, isso era realmente necessário?
_ Você devia ter visto a sua cara.
_ Ah é?
_ Antes de começar uma guerra, aproveite a oportunidade e curta o momento.
A fada estava decidida em atacar o Fafnir, mas depois que ouviu a frase, se encostou na margem e começou a relaxar.
Ifrit decidiu explorar o lugar em busca de plantas e animais que pudessem servir de medicamentos e alimento. Ele foi um pouco longe e acabou encontrando uma área mais escura, onde conseguiu ver os animais lutando entre si, mas não foi aquilo que o surpreendeu.
_ Fafnir estava certo, essa floresta realmente tem um tipo de líder.
Só era possível ver os olhos sanguinários de algum ser escondido nas sombras. Os animais ao redor estavam assustados e não se moviam de jeito nenhum. Ifrit pegou um coelho de presas que estava parado e ergeu para frente. De repente, uma língua saiu rapidamente das sombras e puxou o coelho das mãos de Ifrit e só foram ouvidos sons de mastigação.
_ Não sei o que está aí, também não tenho interesse. Mas algo me incomoda...
Ifrit deu as costas e seguiu retornando para o lago. Em sua cabeça, só se passavam os pensamentos de: "O que são eles?" e "Como eles chegaram aqui?".
Fafnir e Hope já estavam na árvore, tirando o acampamento. Ifrit chegou até eles e contou tudo o que viu.
_ Isso é tudo.
_ Então existe uma criatura dessas por aqui. Preciso mostrar uma coisa pra vocês
Fafnir um caderno de sua bolsa, parecia ser um caderno de anotações e rascunhos. Ele foi até a folha com um desenho de um morcego humanóide. Ele tinha o corpo humano, com o corpo todo peludo. No lugar dos braços, ficavam asas e sua cabeça era a de um morcego.
_ Esse é o motivo das minhas roupas estarem cobertas de sangue. É uma espécie de vampiro incompleto, mas não existe nada assim no planeta. Alguma coisa esta errada nesse lugar.
Hope também se pronunciou.
_ Não é so algo, esse lugar está todo errado. Essas árvores não cresceram de forma normal, elas não aparetam ter tanta idade para serem tão altas.
Os três chegaram na mesma conclusão: Alguém está criando algo e precisava de um lugar para guardá-las. Eles perceberam que precisavam sair dali rapidamente. Pegaram tudo o que podiam e saíram dali correndo.
_ Fafnir e Hope, o que vocês pegaram?
Hope puxou uma muda das árvores e Fafnir pegou um pedaço da asa do morcego humanóide. Eles se afastaram o máximo que podiam e resolveram andar.
Eles caminharam até a tarde chegar, quando eles pararam para se alimentar. Os três reuniram o que tinham e preparam uma pequena refeição, mas a aparência não era boa. Hope foi a primeira à levar a colher até a boca.
_ Isso é ruim demais!
_ Só come logo Hope...
Ifrit disse enquanto comia. Hope olhou para Fafnir, buscando alguma compaixão, mas ele estava comendo com os olhos fechados. A fada se obrigou a comer, cada colherada daquela gororoba era uma luta contra o desconhecido.
Após terminarem e guardarem tudo, eles continuaram a viajem. Fafnir pediu o mapa para Ifrit, ele precisava confirmar uma coisa.
_ Como eu pensei...
_ O que tem.
_ Nada, mas seguindo por esse percurso, tem uma vila. Eu vi ela quando estava fazendo uma missão antiga. Devemos chegar nela até o anoitecer.
_ Partiu então.
Os três continuaram a caminhada, o percurso era longo e o sol não ajudava. Cada um levava um cantil com água, mas logo ela ira evaporar. Ifrit já havia pensado nesse problema e levou alguns pergaminhos, um deles era de transporte.
_ Hope, você já deve conhecer esse pergaminho.
_ Sim, ele é o pergaminho que muitos mercadores usam. Só que, para ser usado, é necessário que o indivíduo tenha o conectado em algum lugar.
_ Certo. Esse aqui, eu conectei em um reservatório de água.
_ Só que os pergaminhos só podem ser utilizados uma vez. Só que, se redesenharmos o mesmo círculo mágico em outro papiro, ele se conecta também.
Após redesenhar o círculo mágico, eles usaram o pergaminho e um pouco de água começou a sair, como uma torneira. Os cantis foram cheios e eles continuaram viajando.
O sol já estava se pondo, todos estavam cansados. Na frente deles, estava uma pequena colina e atrás dela ficava a vila. Eles subiram e, quando chegaram no topo, viram a vila pegando fogo. Hope estava chocada.
_Mas o que diabos está acontecendo?
Fafnir e Ifrit já estavam correndo até a vila. O olhar deles estava determinados
_ Ifrit, vamos com tudo!
_ As pessoas estão desesperadas, é claro que eu vou com tudo!
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Hope: A saga dos Dragões
Short StoryO mundo da fada Hope muda quando ela é salva pelo dragão Fafnir. É descoberto que misteriosas forças das trevas estão atacando em diferentes reinos. O que eles poderão fazer para mudar o curso dessa história?