Helena olhava para Blair, que estava desesperada. A bruxa estava com as mãos nos cabelos e suava bastante. Helena correu até Blair, pôs as mãos em seus ombros e começou a chacoalhar a bruxa.
_ Se recomponha, garota!
_ Nós ainda não olhamos o quarto inteiro. Ela deve estar debaixo de algum desses escombros. _ Diz Ifrit, enquanto pegava os escombros e os jogava para longe.
_ Ifrit tem razão, Blair. Esse lugar está uma bagunça, com certeza essa joia ainda está por aqui. _ Diz Hope, retirando alguns livros dentre os escombros.
Blair olhou para todos e ao redor, logo se acalmou e voltou à procurar a joia. Alguns cavaleiros também ajudaram, recolhendo as rochas e organizando os itens. Passaram-se algumas horas e Fafnir apareceu no recinto, com uma jarra de água e alguns copos.
_ Desculpe a demora, pessoal. Tava ajudando lá na masmorra. _ Diz, enquanto distribui a água pros cavaleiros.
_ Aconteceu algo por lá? _ Diz Hope, pegando um copo.
_ A metamorfo acordou e eu tive que ajudar a colocá-la na cela.
_ Por falar na metamorfo. Você exagerou quando a alcançou. _ Diz Ifrit, apontando para Fafnir.
Ao ouvir Ifrit, Fafnir, que estava servindo os cavaleiros, parou. Seu semblante escureceu, sua cabeça estava baixa e seus olhos estavam cobertos. De repente, ele olhou para Ifrit, com o semblante tranquilo.
_ Sei disso, desculpe. Tava com a cabeça fora do lugar e não raciocinei direito. Devia ter apagado ela, na hora em que eu tive a oportunidade.
_ Ah... O.K _ Diz Ifrit , surpreso com a tranquilidade na voz e no semblante de Fafnir.
Fafnir olhou ao redor, focando em cada rosto no recinto. Olhou para Blair e Helena, que não paravam de olhar para o chão.
_ Blair? Helena? _ Chama, enquanto se aproxima.
_ Ah Fafnir. Desculpe, eu não te vi aqui. _ Responde Blair, olhando para o rosto do amigo.
_ Blair, eu ouvi o que algo foi retirado daqui. O que era?
_ A Joia... _ Blair tentava falar, mas sua voz estava chorosa.
_ A Joia do Necromante. _ Respondeu Helena, impedindo Blair de chorar.
Belval logo começou a falar com Fafnir.
"Isso é mal, muito mal! Por que logo essa Joia estava aqui?"
"E o que tem essa joia?" _ Questionou Fafnir, falando mentalmente.
"Você deve ter se esquecido, faz muito tempo desde que você leu sobre... Não é nada bom, essa joia tem o poder de controlar os mortos."
"Droga, já lembrei dela. Parece que ela pode ser moldada com alguns itens, mas são muito instáveis, por isso foi descartada. Mesmo sendo muito poderosa, podendo controlar até 1000 cadáveres, dependendo do portador.
Fafnir saiu do cômodo, sem mencionar nada. Ele voltou para o quarto, mas estava com a janela destruída. Saiu e entrou em outro quarto, que estava vago.
_ Não acredito nisso, Belval. Se eu ligar os pontos... Eu fui usado como isca!
"Sim, o verdadeiro objetivo era a joia... Espera, como eles sabiam que a joia estava aqui?"
_ A joia devia estar ali faz muito tempo... Não, quando eu tava no quarto com a Blair, ela estava guardando algo. Parecia recente e emanava uma energia poderosa.
"Também senti, não parecia ser um item antigo. Temos outro fator: Como sabiam que você estava aqui? E, se sabiam, como sabiam que você estava acordado? Não faz nem um dia desde que você despertou."
_ Tudo isso nos leva até uma só opção: Existe um traidor no castelo.
_ Repete isso, Fafnir! _ Diz Ifrit, fechando a porta rapidamente.
_ Cacete, Ifrit! O que faz aqui?
_ Você saiu do nada, parecia estranho. Agora repete essa história de traidor novamente.
Fafnir contou todas as conclusões que obteve com Belval, mas evitou mencionar o dragão.
_ Entendi, mas por que você saiu do nada? _ Questionou Ifrit, enquanto acendia um cigarro.
_ Consigo pensar melhor quando estou sozinho.
_ Ah... O.k voltando ao assunto. Dados esses fatos, temos alguns possíveis culpados, sendo eles: Blair, Helena e Connor.
_ Temos mais três: Você, Hope e o Rei.
Ifrit se calou por um breve momento, antes de fechar o punho e acertar um soco no rosto de Fafnir, que o levou ao chão. Fafnir olhou nos olhos de Ifrit, com um olhar sombrio, fazendo o dragão se enfurecer, o pegar pela gola da camisa e tentar lançar outro soco no rosto, mas foi impedido por Hope.
_ O que você pensa que está fazendo, Ifrit!? _ Questiona, segurando o punho do dragão.
Antes que Ifrit pudesse responder algo Helena e mais seis guardas entram pela porta:
_ Guardas, prendam esses traidores.
Os três não tiveram tempo de reagir, quando foram imobilizados pelos guardas.
_ Eu passei um tempo te observando desde que acordou, Fafnir. Percebi que você parecia meio apreensivo e que escondia algo, por isso que, quando você deixou o quarto depressa eu coloquei algo em você. _ Disse Helena, enquanto puxava um pequeno aparelho da manga do casaco de Fafnir _ Blair fez pensando exatamente em descobrir informações secretas. Funcionou melhor do que eu pensei.
_ O que significa tudo isso, Helena? _ Questiona Ifrit, tentando olhar para o rosto da cavaleira, mas foi impedido pelos cavaleiros.
_ Não finja que não sabe! Eu ouvi muito bem quando você e Fafnir acusaram a mim, Blair e o Rei de traição. Isso é considerado traição contra a coroa! Vocês vão para as masmorras imediatamente!
De repente, Fafnir derruba os dois cavaleiros que o seguravam e sai correndo pela porta, Helena logo o persegue, lançando feixes de luz dourada pela lâmina de sua espada, incessantemente. Ele corre até seu quarto, pega sua bolsa que estava pendurada em uma cadeira e pula pelo buraco na janela, por onde o metamorfo tinha fugido da primeira vez. Helena tenta acertá-lo com vários feixes de luz e um acaba acertando a bochecha de Fafnir, perto do olho direito.
_ Maldito!! _ Grita Helena, furiosa. Ela correu até os estábulos do castelo, onde a cavalaria a esperava, pegou seu cavalo e saiu atrás de Fafnir.
Fafnir foi perseguido até a floresta, onde conseguiu se esconder entre as folhas das árvores, mas estava muito cansado para ficar ali por muito tempo. Ele foi pulando de galho em galho até chegar perto de um lago onde, por acidente, errou o pulo e caiu no chão desmaiando com o impacto. Um cavaleiro estava procurando por ali e encontrou Fafnir estirado no chão, mas ao invés de avisar aos outros, ele conjurou um portal e desapareceu junto.
Dois dias depois, um cartaz de procurado foi colocado no no centro do reino, nele estava o rosto de Fafnir e uma recompensa de 10000 auts. Um homem passava por ali, com uma sacola de pão em mãos e um capuz o defendendo da luz do sol, olhou e saiu andando até sua casa. Quando chegou lá, uma sombra o observava pela janela.
_ Ai ai... _ Suspirou o homem. Ele entrou na casa, era bem simples com dois andares, aparentava morar sozinho. Colocou a sacola em cima da mesa e foi para perto da escada. _ Pode descer!
Fafnir desceu a escada devagar, ainda estava apreensivo, pegou um pão e se sentou na mesa.
_ Eles realmente estão determinados a te caçar, cara. Colocaram 10000 auts como recompensa por uma informação do seu paradeiro. _ Diz o homem misterioso, enquanto vai tirando o capuz.
_ Por que você está me ajudando, Connor? Sabe que, se descobrirem vão te colocar na masmorra também. _ Diz Fafnir, enquanto morde o pão.
_ Eu nem ligo. Te conheço desde que você chegou com a Vivian. Sei que é inocente.
_ É, mas o povo não sabe. Para eles, eu sou o homem que traiu a coroa. Fora que a Hope e o Ifrit estão presos lá. Tomara que a Helena não faça nada com eles.
_ Ela vai e, se você não se mover logo, eles podem ser mortos.
_ Sei disso. Que droga! _ Diz Fafnir, batendo na mesa com força. _ Eu preciso encontrar o verdadeiro traidor, mas, assim que eu sair daqui, vão me encontrar.
_ Ei, lembra que eu usei magia pra te tirar dessa cara, deve ter um jeito.
_ Verdade, logo você, que defende a ciência acima de tudo, renegou... Renegou... Tive uma ideia!
Fafnir levantou da mesa correndo, subiu as escadas e foi até o quarto. Connor chegou logo depois e viu Fafnir segurando uma faca e cortando os cabelos com ela.
_ O que você está fazendo?
_ Eu percebi que, se eles estão caçando o FAFNIR então eu só preciso ser outra pessoa. _ Diz Fafnir, cortando os cabelos.
Fafnir cortou os cabelos bem curtos e espetados, mas viu que ainda tinha um problema:
_ Meus cabelos são brancos. Não é normal alguém ter os cabelos totalmente brancos, vão me descobrir logo. Também tem o fato de: Como eu vou descobrir um traidor dentro do castelo, sem estar nele? Preciso dar um jeito de me infiltrar e observar os movimentos do pessoal...
_ Se infiltrar não seria tanto problema, mas observar várias pessoas... _ Diz Connor, colocando a mão no queixo, pensativo.
"Invoca um familiar" _ Diz Belval
_ Um familiar... Boa. _ Diz Fafnir, dando um sorriso.
_ Que?
_ Tava só refletindo. Bem, vou pegar umas coisas.
Fafnir vai até sua bolsa e pega um pedaço de giz e um livro com o título Invocações e suas classificações e o folheia até chegar na página 210.
_ Aqui diz que: "O círculo de invocação de familiares não é difícil. Primeiro desenhe um círculo no chão, dentro dele, desenhe um menor. Dentro desse círculo menor desenhe um triângulo e, nas pontas desse triângulo, faça um círculo em cada uma delas. No vão entre o círculo maior e o menor, escreva as seguintes palavras: Invocatio, Creatura, Socia Amigna"
Fafnir fez exatamente o que o livro mandava e, após recitar as últimas palavras, uma voz ecoou do portal:
"Dê me uma prova do seu sangue"
Ele não pensou duas vezes antes de pegar a faca e fazer um corte no dedo, deixando o sangue cair em gotas. Assim que o sangue tocou o círculo, uma luz roxa começou a brilhar fortemente e, de dentro do círculo, saiu uma sombra.
"Se realmente deseja se tornar meu familiar, dê-me um nome e me deixe ser um só com a sua alma, porém se ela não for forte, eu a devorarei."
_ Ei, não acha isso perigoso demais? _ Diz Connor, colocando a mão sobre o ombro de Fafnir.
_ Logo você diz isso? Confie em mim. _ Diz Fafnir, enquanto volta a olhar para a sombra.
Fafnir olha fixamente para a sombra, aperta os punhos, engole seco e diz:
_ A partir desse momento, seu nome será Athena.
"Como desejar, a partir de hoje, me chamarei Atena!"
A sombra foi diretamente para o peito de Fafnir, que caiu sentado no chão, desacordado. Connor correu até o dragão e o chacoalhou, mas ele não acordava.
_ Fafnir, acorda!
O corpo de Fafnir foi ficando pálido e gelado, Connor ficou sem reação. A noite caiu e, de repente, os cabelos de Fafnir começaram a ficar pretos e a temperatura dele voltou à subir.
_ Ei Connor... Consegui... _ Diz Fafnir, com a voz exausta.
_ É, conseguiu mesmo! Agora descansa, isso deve ser exaustante.
_ Não... Eu ainda tenho que fazer uma coisa.
Com o apoio de Connor, Fafnir se levanta. Ele respira um pouco e começa a aquecer o corpo, chacoalhando os braços. Fafnir para e diz:
_ Athena!
Com o chamado, a sombra saiu dos cabelos de Fafnir, os tornando brancos novamente, e se manifestou como uma coruja.
_ O que deseja, mestre?
_ Vem comigo.
Fafnir corre até o outro quarto, pega uma folha e uma caneta que estavam em uma pequena escrivaninha no canto e começou a escrever. Após terminar de escrever, dobrou o papel, pôs em um envelope, selou com a língua e estendeu para Athena. A coruja pegou a carta com o bico.
_ Leva ela até o Ifrit, por favor. _ Diz Fafnir, enquanto abre a janela do quarto, sem colocar a cabeça pra fora.
Athena balançou a cabeça e saiu voando. Fafnir foi até Connor.
_ Esse é só o primeiro passo.
_ O que você planeja, Fafnir?
_ Isso não é óbvio? Vou entrar no castelo e encontrar o verdadeiro traidor.
_ Você... Parece que eu te ensinei bem mesmo. E qual vai se o seu disfarce?
_ Você vai descobrir logo logo. Agora... _ Diz Fafnir, enquanto puxa uma esfera azul do inventário mágico. _ ... Preciso falar com uma pessoa...
A esfera azul começa a brilhar e liberar uma fumaça por dentro. De dentro da fumaça aparece o rosto de um homem, com os olhos verdes, pele escura e cabelos azuis.
_ Fafnir! Cara, o que você fez?
_ As notícias já chegaram aí... Esquece isso. Sou inocente.
_ Sei disso. O que você precisa?
_ Preciso que o reino de Tyrannus envie um cavaleiro primordial aqui pra Lancer.
_ Entendi. Qual é o nome dele?
_ O nome dele é...
Hope e Ifrit estavam sentados, acorrentados, dentro de uma cela escura, com a iluminação bem baixa.
_ Ei Ifrit, por que você e o Fafnir estavam brigando?
_ Por nada, apenas ideias contrárias. Agora não fala mais nada dele.
_ Mas...
_ Hope, ele nos fugiu e nos abandonou. Ele é um traidor e, da próxima vez que eu encontrá-lo
De repente, uma coruja aparece na pequena janela dentro da cela. Ela voa e larga uma carta no colo de Ifrit, que fica a observando enquanto sai por onde entrou.
_ O que foi isso, Ifrit?
_ Não faço a mínima ideia, mas ela deixou uma carta.
Ifrit pegou a carta, abriu e leu em silêncio e, quando um guarda chegou perto da cela, ele a queimou rapidamente.
_ Ei Traidor! O que foi isso? _ Diz o guarda, enquanto bate na porta da cela.
_ Não faço a mínima ideia do que você está falando...
_ Maldito! Saiba que eu tô na tua cola...
O guarda saiu de perto e foi embora. Hope olhou para Ifrit, que piscou um dos olhos e escreveu no chão: "Vou tirar vocês daí, me aguardem".
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Hope: A saga dos Dragões
Short StoryO mundo da fada Hope muda quando ela é salva pelo dragão Fafnir. É descoberto que misteriosas forças das trevas estão atacando em diferentes reinos. O que eles poderão fazer para mudar o curso dessa história?