Ananda.
O vento soprava meus cabelos que escapavam do lenço vernelho envolto no rosto, com o laço comprido pendendo no pescoço, meu óculos branco de lentes escuras e o vestido branco. Franco usava seu macacão, sem camisa e com um lenço no braço pra combinar comigo. Andar de lambreta era nosso novo passatempo preferido. As vezes eu fazia questão de ir de lado para ver as pessoas nos olhar. Paramos no parque mais florido das redondezas, montamos nossa toalha, a cesta, o radio a pilha. Eu amava os domingos com ele.
- O que quer de aniversário Nanda? - Meu Deus, esse pão tomando guaraná direto da garrafa é o meu namorado. - Talvez uma uma colônia?
- Não. Normal de mais.
- Disco do Chico?
- Clari passou na sua frente, ele chega na semana que vem.
- Você sabe que eu não sou bom nisso broto...
- Eu te dei uma camisa do seu time francês, sabe que trabalho deu? - passei 6 meses economizando e ajudando a mamãe nas costuras. Ainda estava sem 1 cruzeiro no bolso. - Ainda falta pagar a parte dos beijinhos que você esta me devendo...
- Mas e ontem? - ele me puxa pela cintura e beija minha nuca- não conta?
- Ótima parcela, continue pagando.
- Ok. Chega. Vou esperar mais nada. -Franco fica em pé, colocando as mãos nos bolsos- Olha, eu queria algo maior então passei semanas lavando o carro do meu pai e entregando jornal, mas, quando vi esse, achei que era perfeito. Ainda não é nada muito formal, afinal a gente acabou de sair do colegial mas eu queria que você soubesse que é só o nosso começo. Feliz aniversário adiantado Ananda!Dentro do saquinho de veludo tinha um anel. O aro era bem fino, com um desenho delicado, e uma pedra azul em forma de coração pousava no centro. Era lindo.
- Puxa! Franco! - levantei e corri pro seu peito- é tão lindo e delicado, eu amo essa cor! É perfeito. Obrigada amor.
- Você fisgou meu coração brotinho. Muito antes de acertar aquele tiro bem no centro do alvo hahaha.
- Shiiiii, fala baixo - na verdade, eu era muito boa. Ao menos nos treinos.
- Eu te amo, e vou sempre estar aqui, do outro lado da ponta dos seus dedos.
- Amo você Tremendão.Feliz 19 anos pra mim!
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Um dia Qualquer em 1964
Short StoryUm dia Qualquer em 1964 - É a junção de cartas feitas para estudo de personagem do Musical " 1964 O Canto Calado" de Roberto Frantinelli. Franco e Ananda veem o Golpe Militar estourar no final do Ensino Médio. Com o tempo os jovens se unem ao Movime...