Término.

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Ananda.

Vamos pensar que hoje é só mais um dia.
Acordei com gosto de guarda chuva na boca. Parecia que estava ali para não me deixar esqucer da noite passada.
Desci pra tomar café ainda de camisola esperando que mamãe deixasse de lado essa história de conversa séria. Mal me sentei a mesa e ela me fitava séria.

- Será que pode me explicar direito o que houve?
- Já disse mamãe, nada de mais - olho para o bolo quentinho e sinto o apetite indo embora...
- Como nada de mais! Eu já havia começado a pensar como fazer o seu vestido, o bolo e..
- Mamãe! - quase derrubo os copos da mesa - Eu não me lembro de estar noiva!
- Mas já namora a meses com Marlon, um rapaz de boa família, que seu pai se agrada..
- Dona Olga, não adianta vir com chantagem, está terminado e ponto! Não vou me casar com alguém que não tenha ganhado meu coração, que não faça ele acelerar, minhas pernas perderem força, passar noites em claro...
- Sorrir feito boboca - foi nessa hora que percebi que havia me entregado. Droga, pensei nele outra vez e me perdi - há alguém que venha fazendo isso mocinha?
- Vou me trocar, estou atrasada.

Disparei escada a cima antes que ela fizesse mais perguntas. Enquanto me trocava, lembrava da noite passada.

" - Marlon, você sabe que isso aqui é um saco!
- Ananda, não seja dramatica
- Eu sequer gosto de beija-lo! Se quer saber a única coisa que sinto é o gosto da sua pasta de dentes. Você nem me da flores!
- Pra que? Sempre que vejo elas são uma nota!
- ARGH! Não acredito! Marlon, chega!"

Lembro pouca coisa da festa além desse término ridículo. Quando tento lembrar, a única coisa que me vem a cabeça são os olhos de Franco. Lembro dele olhando pra mim como de pudesse me ver do avesso.
Imagine se ele soubesse o motivo de toda a briga...

Um dia Qualquer em 1964Onde histórias criam vida. Descubra agora