Beijo Amargo

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Ananda

Um raio de luz fraquinho entra pela janela. Sinto meu corpo despertar mas não abro os olhos.
Fico ali, parada, sentindo pressão do corpo dele. Procuro seus cachinhos. Fico feliz por estarem cada dia maiores. Adoro passar horas mexendo em seu cabelo.
Desço minha mão pela suas costas, sentindo o padrão dos seus músculos. Sinto seu peito subir e descer feito uma criança.
Tento me lembrar se estou mesmo na terra mas não tenho certeza.
Tomo um leve susto quando você leva a mão a minha cintura. Então meu coração dispara mais ainda quando lembro que você está de novo me tocando. Abro os olhos e encontro você olhando para mim, sorrindo, maravilhoso, e nem deve ser 7 horas da manhã.

- Bom dia Nandinha!
- Desculpe, te acordei?
- Sem problemas, acho que a gente vai ter logo que levantar. Já já alguém chega para ver se estamos bem.
- Por um instante esqueci que estávamos no aparelho - com ele ali eu mal lembrava meu nome - vou me vestir.
- Não, não, não... vamos aproveitar só mais um pouquinho que seus pais não estão do outro lado da parede..

Já fazia um tempo que estava com Franco mas parecia que nunca ia me acostumar com a ideia dele sendo meu. 
Enquanto ele beijava meus seios a única coisa que eu poderia pensar era em como eu o queria até o fim dos meus dias. Em como eu era feliz e como eu tinha sorte.
Depois de muitos risos e carinhos,  nos levantamos. Fui preparar o café fresco enquanto ele fumava.
Pouco tempo depois Clarice chegou com os pães e frutas para se unir a nós no café da manhã.  Ela me levaria em casa para que mamãe não ficasse com dúvidas que passei a noite na sua casa.
Me despedi do Franco com o que chamo de beijo amargo.
Hoje era diaa de assalto a banco na Rua XV, fiquei de fora por estar nos últimos dois. Odeio quando nos separam.

- Assim que chegar de dois toques no telefone de casa e desligue, vou saber que está bem.
-  Não se preocupe Ananda, fique no jornal para soltar logo as notícias está bem? Amo você Ananda .lembre-se disso.
- Não se meta em nenhum fusuê sem mim!

Vou, fecho a porta. Deixo atrás dela metade de mim e levo no lugar, a incerteza.

Um dia Qualquer em 1964Onde histórias criam vida. Descubra agora