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IV. Esta devoção é um caminho seguro.

   159. Esta devoção à Santíssima Virgem é um caminho seguro para irmos a Jesus Cristo e adquirirmos a perfeição, unindo-nos a Ele:
   1) Porque esta prática, preconizada por mim, não é nova; é tão antiga, que não se pode, como diz Boudon, em um livro que escreveu sobre está devoção, determinar-lhe com toda precisão os c0meços. Em todo caso é certo que há mais de 700 anos encontram-se vestígios dela na Igreja.                      
   Santo Odilon, abade de Cluni, que viveu cerca do ano 1040, foi um dos primeiros que a praticaram na França, conforme está anotado em sua vida.
   O cardeal Pedro Damião refere que em 1016 o bem-aventurado Marinho, seu irmão, se fez escravo da Santíssima Virgem, em presença de seu diretor e de um modo bem eficiente: pôs a corda ao pescoço, tomou a disciplina, e depositou sobre o altar uma quantia de dinheiro como sinal de seu devotamente e consagração à Santíssima Virgem; e assim continuou tão fielmente, que, na hora da morte, mereceu ser visitado e consolado por sua boa Soberana, de cujo lábios recebeu as promessas do paraíso em recompensa de seus serviços.
   Cesário Bollando menciona um ilustre cavaleiro, Vautier de Birbak, parente chegado dos duques de Lovaina, que, aí pelo ano 1300, fez esta consagração à Santíssima Virgem.
   Esta devoção foi praticada por muitos particulares até o século XVII, quando se tornou pública.
   160. O Padre Simão de Roias da Ordem da Trindade, também chamada da redenção dos cativos, pregador do Rei Felipe III, pôs em voga esta devoção em toda a Espanha ( em 1611 ) e na Alemanha; a instância de Filipe III, obteve de Gregório XV grandes indulgências para aqueles que a praticassem.
   O Padre de Los Rios, da Ordem de Santo Agostinho, aplicou-se com seu íntimo amigo, o Padre de Roias, a espalhar esta devoção por toda a Espanha e Alemanha, o que fez por seus escritos e pregações. Compôs um grosso volume intitulado Hierarquia Mariana, no qual trata,  com piedade e erudição, da antiguidade, da excelência e da solidez desta devoção.
   161. Os reverendos padres teatinos estabeleceram esta devoção na Itália, na Sicília e na Saboia, no século XVII.
   O Rev. Pe. Estanislau Falácio, da Companhia de Jesus, incrementou maravilhosamente esta devoção na Polônia.
   O Rev. Pe. Cornélio a Lápide, recomendável tanto por sua piedade como por seu profundo saber, tendo recebido de vários bispos e teólogos a incumbência de dar seu parecer sobre esta devoção, examinou-a acuradamente e teceu-lhe louvores dignos de sua piedade, e seu exemplo foi seguido por muitas outras pessoas importantes.
   Os reverendos padres jesuítas, sempre zelosos do serviço da Santíssima Virgem, apresentaram ao Duque Fernando da Baviera, em nome dos congreganistas de Colônia, um pequeno tratado desta devoção. O duque, que era, então, arcebispo de Colônia, deu-lhe sua aprovação e a permissão de imprimi-lo, exortando todos os curas e religiosos de sua diocese de propagar, quanto pudessem, esta sólida devoção.
   162. O Cadeal de Bérulle, cuja memória é abençoada por toda a França, foi um dos mais zelosos em espalhar esta devoção, apesar de todas as calúnias e perseguições que lhe levantaram e moveram os críticos e os libertino. Acusaram-no de inventar novidade e superstição; escreveram e publicaram contra ele um panfleto difamatório, e serviram-se, ou antes o demônio, por seu ministério, de mil estratagemas para impedi-lo de divulgar na França esta devoção. Mas o grande e santo homem só opôs a sua calúnia uma inalterável paciência, e às suas objeções, contidas no tal libelo, um pequeno escrito em que as refuta energeticamente, demostrando que esta devoção é fundada no exemplo de Jesus Cristo, nas obrigações que lhe devemos, e nos votos que fizemos no santo batismo; e é especialmente com esta última razão que ele fecha a boca a seus adversários, fazendo ver que esta consagração à Santíssima Virgem e a Jesus Cristo por suas mãos nada mais é que uma perfeita renovação das promessas do batismo. Diz, enfim, muitas coisas belas que se pode ler em suas obras.
   163. No livro de Boudon, já citado (n. 150), encontra-se os nomes dos papas que aprovaram esta devoção, dos teólogos que a examinaram, pode-se ler das perseguições que lhe suscitaram e que venceu, e dos milhares de pessoas que a abraçaram, sem que jamais papa algum a tenha condenado; nem setia possível fazê-lo derrubar os fundamentos do cristianismo.
   Fica, portanto, de pé que esta devoção não é nova, e que não é comum, por ser preciosa demais para ser apreciada e praticada por todo mundo.
 

Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima VirgemOnde histórias criam vida. Descubra agora