No mundo de Vincent, apenas três coisas realmente importam: Florence, Florence e Florence.
Ainda quando é dia e seus olhos permanecem abertos, o garoto sonha com o momento em que a belíssima jovem lhe dará a atenção que tanto deseja. Com o cair da...
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As coisas ficaram estranhas desde o sumiço de Florence. Com o amanhecer do dia, nos encontramos no carro e retomamos a busca. Me sinto num filme de detetive, no qual eu sou o ajudante que traz apenas o alívio cômico.
Doug não sorri mais. Eu não sei ao certo o que se passa na cabeça dele. Não sei se ele está me culpando, ou se está culpando a si mesmo pelo que aconteceu. Além disso, a enfermeira Milgreth não para de nos importunar, o que é compreensível, já que estamos com o carro dela.
— Fala sério, gente. — Virgínia está cansada e seu cabelo, quase sempre bem penteado e sedoso, está amarrado no alto da cabeça. — Nós estamos procurando Florence há mais de 24 horas. Já passamos por um frio invernal e agora estamos nesse calor satânico! Eu estou cansada, fedendo e, aparentemente, desidratada.
— Eu me preocupo com Florence, mas também não me sinto muito bem. — Noora está pálida como papel. — Ela não deixou nada, Vince.
— Não podemos parar de procurá-la. — Doug aperta o volante entre os dedos. Ele é o motorista da vez. — Nós acabamos com ela.
— Nós? — Virgínia grunhe. — O que você está escondendo, Doug? Nós estamos procurando Florence, mas estamos com a consciência limpa. Você, por outro lado, parece estar desesperado.
— Eu não tenho nada a dizer, Virgínia. — ele contrai o maxilar. — Quero apenas encontrá-la.
— O que você fez? — ela insiste e os dois dão início a uma discussão.
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— Precisamos voltar. — dou o ultimato. — Estamos cansados, Doug, e hoje é Natal. Eu sempre passo o Natal com a minha família.
— Eu estou com fome. — Noora apoia a cabeça na janela. — Podemos parar?
— Podemos. — digo, puxando-a para mais perto.
Eu nunca vou me esquecer da febre de Noora. Nunca vou me esquecer do quão apavorante foi vê-la revirar os olhos e pular naquela cama, como se estivesse numa espécie de possessão. Eu nunca vou me esquecer do quão geladas suas mãos estavam, e de como a sua boca tremulava e soltava murmúrios incompreensíveis.
