Onze

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Cléo


Ignorei todas as provocações de Ariane. Ela estava com ciúme e queria estragar a minha noite. Mas não conseguiria. Eu estava ao lado de Leone e era por isso que a ariranha estava se mordendo de inveja. Percebi o sarcasmo em sua voz quando falou comigo. Ariane queria estar no meu lugar. Isso ficou evidente para mim. Mas o que mais me impressionou foi a indiferença de Leone. Ele deixou claro para ela que sua acompanhante era eu e que estava feliz do meu lado. Isso enchia meu coração mole de loucas esperanças.

Notei que o comportamento dele estava diferente. Durante o trajeto até a festa Leone sorria para mim. E quando Roxette começou a tocar no rádio, ele me olhou e seus olhos brilharam. Leone curtiu a música. Fiquei pasma. Não sabia que ele gostava desse estilo musical. Ouvi dizer que ele sempre chegava ao trabalho ouvindo Safadão.

Leone estava me surpreendendo aos poucos, com gestos e palavras. Só faltava aprender a dar o nó na própria gravata. Mas eu não me queixava quanto a isso. Eu adorava ajudá-lo a dar o nó.

Outra coisa que me deixou intrigada foi o fato de Leone perguntar sobre minha vida pessoal. Nunca imaginei que ele tivesse curiosidade sobre isso. Quando ele perguntou se eu tinha namorado eu quase engasguei. E quando eu respondi que não, pude perceber o alívio em seu rosto. Pisquei várias vezes para me certificar se era isso mesmo que eu estava vendo. Sim! Meu chefe ficou aliviado e poderia dizer que até contente por saber que eu era uma mulher livre, sem rolos, sem ficantes e namorado. Isso embaralhou meu pensamento, dando um nó na minha cabeça e esperança ao meu coração. Pare com isso, Cléo! Agora mesmo! Não se iluda com Leone. Ele é seu chefe! Ah, merda! Por que ele tinha que ser meu chefe?

Nós estávamos cruzando o salão. Eu estava de braço dado com Leone, sentindo o calor e o perfume de sua pele. E senhor Deus! Como ele cheirava bem! Eu estava ficando quase topada de tanto desejo. Sabia que era errado sentir atração pelo meu chefe, mas era uma tarefa quase impossível. Ele era lindo e querido. Sensual e charmoso. Era o sonho de consumo de muitas mulheres.

Um garçom passou e nos serviu de espumante e alguns salgadinhos. Eu precisava comer algo, pois o álcool já começava a fazer efeito. Mordi um salgadinho e Leone olhou para mim, sorrindo. Ele levou seu polegar até meus lábios e seus dedos tocaram minha face. Estremeci. O coração deu um salto, batendo forte.

— Migalhas — ele disse ainda sorrindo, roçando seu polegar em minha pele.

Meu rosto pegou fogo. Eu sabia que estava vermelha de vergonha e outros sentimentos confusos. Dei um sorrisinho sem jeito, bebericando o espumante. Ele bebeu também com os olhos castanhos fixos em mim.

— Obrigada — agradeci.

— Já disse que você está linda? — Seu olhar se tornou cintilante.

— Sim... Você já disse. — Sorri como uma boba. As borboletas querendo alçar voo no meu estômago.

— Cléo, você sabe dançar?

— Não sou uma dançarina experiente, mas sei dançar sim.

Leone pegou minha taça e deixou junto com a dele sobre uma mesa. Olhou para mim e estendeu a mão.

— Vamos dançar?

Não respondi. Apenas sorri e segurei sua mão. Leone sorriu também e me conduziu até a pista de dança. Ele envolveu um braço ao redor da minha cintura enquanto segurava minha mão. Começamos a nos mover ao som de Frank Sinatra, Fly me to the moon. Fiquei surpresa ao perceber que Leone dançava bem. E eu que pensava que ele nem sabia dançar me surpreendi.

Manual de um cafajeste - Regras de seduçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora