No dia seguinte na escola estávamos na hora do almoço e as minhas amigas já haviam ido embora, já que nem sempre elas ficavam para o almoço, ficamos então apenas eu, Diego e outros meninos que nós conversávamos, enquanto comíamos surgiu o assunto sobre pegação, e eles todos só falavam que tinham pegado várias nos rolês, eu não ficava com ninguém há meses, logo não tinha muito assunto para mim e eu fiquei calado.
—E você Bruno, andou pegando alguém nesses últimos tempos?— Perguntou-me Paulo, um menino que era da minha sala.
—Ninguém. Você sabe como eu sou, não sou de fazer coisas assim... — E realmente eu não fazia aquelas coisas todas, não tratava aqueles assuntos como prioridade em minha vida, não a toa que eu tinha ótimas notas por muita dedicação.
—Entendi, mas você já pegou várias em uma noite, não é?—Ele me perguntou com tom de intimidação.
—Sinceramente, nunca parei pra contar...—Eu fui interrompido por Diego, curiosamente eu não esperava por isso naquele momento.
—Sim, ele já pegou várias, foi comigo num bailão e eu vi.
Naquele momento todos me olharam com cara de surpresos, a verdade é que eu só havia ido para poucas festas, ou bailões, e nenhuma delas Diego estava presente, então num breve pensamento eu pude perceber o que Diego estava fazendo, queria provar ao povo que eu era um pegador e "machão", eu não precisava provar nada a ninguém, mas fiquei quieto para não estragar o momento.
—Oloko por essa eu não esperava hein!—Disse Paulo em alto e bom som.
Quando todos terminaram de almoçar era meio-dia e meia, todos se levantaram, colocaram seus pratos no local certo, se despediram e foram embora, ficando apenas eu e Diego.
Nós iríamos arrumar o som naquela tarde, para o evento que aconteceria dali a poucos dias, e depois teríamos o projeto de teatro musical da escola.—Cá estamos mais uma vez.—Ele disse num tom de deboche como sempre o fazia enquanto abria a sala do equipamento de som.
—Pois é, não aguento mais!—Eu o retruquei rindo.
—Eu também não, mas até que eu gosto, já me acostumei, sabe?—Ele disse arrumando uns fios que estavam fora do lugar e que não usaríamos.
—Entendo, depois de um tempo já nem reclamamos... —Eu disse ligando os aparelhos na tomada.
Eu ouvi alguém batendo na porta naquele momento, era a professora vendo se nós precisávamos de ajuda com alguma coisa.
—Por agora não precisamos de nada, meu bem. —Eu disse fazendo sinais de negação com a cabeça.
—Bem, se vocês estão bem eu vou ir organizar as outras coisas que ainda faltam, okay?—Ela disse balançando seus braços, naquele dia ela usava uma saia azul com uma blusa preta e um tênis preto, um visual bem bonito.
—Por mim, tudo bem!—Disse Diego enquanto balançava os ombros.
Naquele momento ela saiu da sala e foi organizar as tais coisas que ainda lhe faltavam checar. Diego se virou e começou a olhar a sala toda procurando por algo.
—O que procuras?—Eu disse enquanto encarava ele com aquela cara estranha.
—Um microfone! Você viu algum, além desses que estão em cima da mesa?—Ele procurava por um microfone cujo eu havia guardado atrás da caixa de som, só para ver o que ele iria fazer, era um microfone de lapela.
—Um microfone? É aquele ali atrás da caixa?—Eu apontei para a caixa de som que estava no chão.
—Deixa eu checar...—Eu sabia que era aquele microfone que ele procurava, mas eu queria fazer uma brincadeira que fazíamos desde a infância, quando tínhamos uns 9 anos de idade, dávamos um tapão no bumbum, achávamos hilário, e batíamos forte mesmo.
Quando ele se abaixou para pegar o microfone, olhei para sua bunda e dei-lhe um tapa muito forte, ele se levantou no mesmo instante com o microfone em mãos e gritou muito alto.
—Ai seu quengo! Mano, que dooor!—Ele sentou-se em uma das três cadeiras que haviam na sala e ficou ali por um minuto enquanto sentia o ardor.
—O que foi? Doeu?—Eu disse rindo muito.
—Não, não, fez cócegas!—Ele disse bravo.
—Mas cê tá brava?—Eu disse a frase meme icônica que sempre usávamos
—Eu não vou nem responder!—Ele disse todo bravo, mas eu só conseguia rir da cara dele naquele momento.
Nós começamos então a arrumar tudo de fato, ele pegou os microfones e ligou na mesa de som, eu liguei a mesa de som e peguei o cabo auxiliar q se encontrava em uma prateleira. Ele ajustou o som na mesa, mas pediu para que eu fosse do lado de fora da sala para ouvir o volume, assim que eu dei o sinal ele começou a testar o microfone.
—Testando 1, 2, 3. Testando... — Ele começou a fazer esses testes simples de microfone.
— Está ótimo! — Eu gritei do lado de fora da sala, onde eu me encontrava naquele momento.
Eu então comecei a me dirigir em direção a sala da aparelhagem de som, chegando lá ele me pediu para pegar um microfone e ir testar do lado de fora, para ver se não iria ter sons muito altos. Eu fui, mas eu não sabia se era pra falar algo específico ou se eu podia cantar, então eu cantei. Era um trecho da música tema do "Fantasma da Ópera", o musical. Eu só ouvi alguém aplaudindo da sala do som, só podia ser Diego, afinal não havia mais ninguém presente ali naquele momento e quando olhei para as escadas ao lado dos bancos vazios da platéia, ele estava de fato me aplaudindo enquanto as descia.
—Parabéns! Você canta muito bem, sabia? sempre te ouvi cantar no projeto de teatro, mas não sabia que você conseguia usar tantas técnicas e expressões vocais. — Ele disse com cara de surpreso.
—Muito obrigado, eu tento, sabe? — Eu disse ficando vermelho de vergonha.
—Entendo, eu amo cantar, não é a toa que eu amo fazer o projeto, que aliás começa daqui a pouco né? — Ele disse olhando para o relógio que localizava em seu pulso.
—Sim, sim, começa às 13:30.— Eu abri um sorriso naquele momento.— ...Obrigado, sabe, na hora do almoço, foi muito bacana me cobrir para que não soubessem que na verdade eu nunca fui contigo em alguma festa, muito menos peguei alguém nelas—Eu lhe disse gargalhando.
— Não foi nada! Você sabe que sempre irei te cobrir, independente da situação.—Ele me disse segurando em meus ombros e olhando em meus olhos.
— Obrigado, de verdade!—Eu lhe disse dando-lhe um abraço, que por algum motivo era mega confortante.
— Não precisa me agradecer, afinal eu não fiz nada além de minha "obrigação"— Falou-me rindo.
Após esse momento o portão principal se abriu, nós fechamos a sala e fomos para o projeto de teatro, tivemos uma aula de experiência para cantar e dançar no palco, a aula foi no teatro da escola, foi incrível, mas naquela tarde, após o momento que tive com Diego na aparelhagem de som, percebi que algo havia mudado, Diego ficou me olhando de um jeito diferente do que normalmente.
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Sentindo
RomanceBruno é um menino comum de 15 anos, que está descobrindo um novo mundo, a adolescência. Diego é um velho amigo de infância que se afastou com o tempo, o que será que está por vir nesse mundo repleto de hormônios e sensações? Descubra e sinta. Plágio...