Capítulo III: Piquenique ao Luar.

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    Finalmente o dia da formatura do Proerd das crianças do quinto ano havia chegado, eu iria ficar ajudando na organização do evento junto a Diego, a professora confiava bastante na gente. Apesar de ter sido bem normal todo o quesito de organizar a escola para tal evento, eu sinto que muita coisa mudou, me aproximei mais ainda de Diego e isso foi bem legal.
    Diego iria ficar cuidando da parte do som e iluminação enquanto eu iria cobrir o evento tirando algumas fotos e gravando alguns vídeos bem bacanas para a página da escola.

   — Então, tudo certo pra hoje?— Perguntou a professora para mim e para Diego.

   — Nós esperamos que sim, não é?— Disse Diego e eu fiz que sim com a cabeça.

   — Ótimo, fico feliz. Estou bem empolgada, e vocês?— Ela nos perguntou enquanto abria a sala da aparelhagem de som.

   — Eu estou bem empolgado, espero que tudo dê certo!— Eu disse abrindo um sorriso de empolgação enquanto batia leves palmas.

   — Ótimo, já abri aqui, agora façam o que deve ser feito e terminem os ajustes no som que eu vou receber os pais.— Ela se retirou da sala após falar aquilo, nos deixando sozinhos.

    — Então Diego, acho que vamos ficar mega cansados, né?— Eu lhe perguntei a fim de fazer uma proposta.

   — Provavelmente iremos, por quê?— Ele me disse fazendo uma cara de estranheza enquanto ligava todos os aparelhos.

   — Ah, sei lá, podíamos fazer algo mais tarde, mas tem que ser das cinco da tarde pra frente porque quero fazer minhas tarefas antes.—Eu o respondi dando algumas risadas.

   — Ah, podemos ver, será bom, preciso descansar um pouco, tá tudo muito puxado, sabe? Tô realmente precisando fazer coisas assim um pouco.— Ele disse um pouco surpreso, e eu o ouvi mais surpreso ainda, jurei que ele não ia falar assim numa boa.

   — Ótimo. Que tal um piquenique no telhado de casa? Ninguém vai nos incomodar. Eu vou preparar uma torta e algumas frutas, pouca coisa mesmo. 

   — Okay, eu levo algo para beber e algum jogo, nunca se sabe né?— Ele disse rindo.

   — Ótimo, agora vou ir ver a situação lá fora e talvez eu demore pra voltar, já que vou ter que tirar fotos com a minha boa e velha máquina...

   — Tá bem, vai lá.— Ele disse enquanto colocava uma música ambiente até que todos chegassem.

    Após me retirar da sala eu só conseguia pensar em uma coisa, "será que eu realmente o amo ou será que é apenas afeto e relação de inferioridade, já que acho ele mais bonito que eu?". Mas de qualquer forma eu iria abrir o jogo todo, talvez aquilo tudo fosse confusão da minha cabeça e se eu tentasse, iria descobrir de uma vez por todas o que poderia acontecer. Se não fosse atração, iria seguir em frente numa boa com minha vida.
    Eu comecei a tirar algumas fotos da decoração, que apesar de simples, estava deslumbrante. Tirei fotos de alguns pais. Quando a cerimônia finalmente havia começado eu tirei foto das crianças, das autoridades que compunham a mesa solene e tudo mais, foi bem bonito.
    Quando tudo acabou, era um pouco antes do intervalo, a professora pediu para que eu e Diego guardássemos todos os equipamentos, e assim o fizemos e enrolamos um pouco para que desse a hora do intervalo e fossemos direto comer, mas teríamos aula depois de qualquer jeito, não tínhamos escapatória.

   — Eu acho que levarei minha caixa de som, para ouvirmos música, de repente ajuda a descontrair, né?— Eu disse enquanto desligava alguns plugs da tomada. 

   — Seria bom de fato, essa noite será bem bacana.— Ele disse enquanto colocava os microfones dentro de suas respectivas caixas.

   — Assim espero, né. — Eu lhe disse gargalhando.

    Quando terminamos de arrumar tudo, fomos comer com nossas amigas e depois teríamos aula de educação física, eu teria na quinta aula— penúltima— e ele na sexta aula— a última— aquele dia estava incrível de fato.

    Ao chegar em casa fiz todas as tarefas e preparei a torta, enquanto a torta esfriava eu fui tomar banho e me arrumar, afinal eu não iria recebê-lo de qualquer jeito, mesmo que fôssemos apenas ficar no telhado curtindo a noite, ninguém merece ficar suado num momento assim. E assim o fiz, tomei banho, me vesti e me perfumei, após tudo isso fui arrumar as coisas no telhado, que na verdade era a laje que ficava em cima da casa. era bom sentar ali e apreciar as estrelas, deitar na grama do quintal também era confortável e convidativo.
    Coloquei uma toalha no chão e levei a torta e minha caixa de som para cima, levei dois pufes mega fofos e aguardei ele chegar.

   — Heeey Bruninhoo! Suave?— Ele disse entrando em casa com uma mochila nas costas.

   — Eae Dieguin, tudo em cima, e contigo?— Eu disse enquanto tirava a mochila das costas dele e depois fiz um sinal para ele me acompanhar.

   — Ah mano, eu tô na mesma.— Ele disse rindo.

    Ao chegarmos no telhado, que era iluminado por algumas lâmpadas que estavam instaladas por ali, mas ainda estava claro, ele se sentou no pufe e olhou para o céu com um relaxamento total do corpo, aparentava estar extremamente cansado, logo em seguida eu me sentei também e coloquei uma música para tocar, como não sabia se ele tinha preferência, coloquei a música "Imaturo" do Jão.

   — Eu nunca ouvi essa música, gostei dela. Qual o nome?— Ele me perguntou enquanto colocava refrigerante no copo.

   — O nome é "Imaturo" é do Jão, aquele que canta "Vou Morrer Sozinho".— Ele conhecia aquela música.

   — Sério? Que top, vou baixar depois.— Disse ele após saborear um pedaço de minha torta.

    Naquele momento o sol começava a se por e o céu entrou naquela transição de cores que eu tanto amava, estava tão lindo, pude sentir meu coração aquecido por alguns instantes e tirei uma foto do pôr-do-sol com minha câmera instantânea e guardei a foto no bolso depois de revelada.
    Quando anoiteceu, e o Sol já tinha ido "dormir", o céu continuava lindo, com diversas estrelas espalhadas por ele e tantas coisas já haviam sido conversadas naquele meio tempo e eu senti que estava na hora de falar logo o que eu precisava.

   — Então Diego, faz pouco tempo, mas de um tempo pra cá eu comecei a sentir algo que eu preciso falar contigo...— Eu lhe disse enquanto olhava para as estrelas e virava os olhos para o chão, me deixava mais confortável.

   — Pode me contar, estou ouvindo, como sempre estive e sempre estarei. 

   — Bem, eu preciso te contar que eu acho que eu estou sentindo algo, mas não sei direito o que é, só sei que rola, entende?— Eu lhe disse, mas dessa vez eu o olhava e expressava cara de confusão.

   — Eu não sei se estou entendendo, mas acho que sei o que você está sentindo...— Ele fez a maldita pausa dramática.— Isso me parece um caso de uma possível paixão.

   — Só tem um problema...— Eu olhei para o chão novamente.

   — Qual?— Ele me questionou.

   — A pessoa por quem estou sentindo isso... Essa pessoa, bem, a pessoa é possivelmente... Você.— Eu lhe disse gaguejando e extremamente envergonhado porque não sabia como ele reagiria, era a primeira vez que confessava isso para um garoto, ainda mais um garoto que era meu amigo de infância. E se ele não gostasse? E se ele sentisse raiva? E se ele quisesse parar de falar comigo? Tantas perguntas passavam em minha mente naquela noite estrelada, achei que iria ter um treco.

   — Olha... Eu não sei o que te responder, então apenas farei o que acho que te ajudará...

    Naquele momento eu me virei para ele e percebi uma certa aproximação em minha direção e pude sentir uma respiração mais ofegante do que o normal... Diego estava se aproximando de mim e estava prestes a me beijar, naquele momento eu senti uma mistura de sentimentos tão enorme, mistura essa que só aumentava conforme a aproximação acontecia, parecia estar em câmera lenta, mas incrivelmente estava acontecendo naturalmente.
    Quando senti seus lábios tocarem aos meus, foi aí que percebi que não estava preparado para aquilo...

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