Naquele dia eu senti que poderia perder alguém muito especial para mim, meu melhor amigo. Se eu soubesse que aquele desenho iria causar toda essa confusão, eu jamais teria entregue à ele.
As horas pareciam eternidades, as aulas, pequenos infinitos, tudo o que passava pela minha cabeça era que meu melhor amigo, que também era o primeiro menino por quem havia me apaixonado, iria embora. Eu não queria que ele se fosse, não assim - do nada, sem mais, nem menos - eu apenas queria acordar daquele pesadelo que estava me atormentando...
O sinal soou e eu fui para casa, onde eu estudei, tomei um banho morno e fui tirar um cochilo. Quando acordei, percebi que minha mãe já havia chegado do serviço, desci as escadas, cumprimentei-a com um abraço apertado e lhe contei tudo o que estava acontecendo. No meio dos relatos eu comecei a sentir uma ardência em meus olhos, eles estavam cheios de lágrimas, lágrimas essas que me rasgavam a alma...— E é por isso que eu preciso ir na casa do Diego de noite, mãe.
— Eu compreendo, mas, meu filho, você não acha perigoso?
— Acho, mãe, acho muito perigoso, mas, por amor, a gente faz loucuras — eu lhe disse com um olhar um pouco esperançoso.
— Está certo, falarei com seu pai, ele irá junto contigo, mas ficará na esquina, está bem?
— Se esse é o único jeito desse encontro acontecer...
Após esse diálogo com minha mãe, eu fui para o meu quarto para arrumar as coisas da escola, quando abri minha bolsa, percebi que havia algo diferente dentro dela, era um envelope, que dizia:
"Abra apenas quando eu for embora...
Assinado: Diego"Fiquei me questionando como aquele envelope foi parar ali, Diego não havia mexido em minha mochila, eu teria visto ele colocando isso dentro dela.
Independente de quem havia colocado aquilo ali, eu só poderia abrir depois que Diego fosse embora, eu sabia que ele havia feito aquilo porque reconheci sua caligrafia, mas isso não me aliviava, apenas me deixava mais triste e aflito com aquela situação toda.
Eu deixei o envelope perto de meu computador e fui esperar o momento de dar, possivelmente, o último suspiro ao lado de Diego.
Aquilo estava me consumindo, já estávamos perto da casa dele, meu pai estava dirigindo seu carro preto. Era confortante saber que meus pais me apoiavam, eles souberam reconhecer que ainda sou o filho deles, independente de minha orientação sexual, queria muito que os pais de Diego tivessem aceito da mesma maneira.
Ao chegarmos no local meu pai me olhou nos olhos e disse:— Você sabe bem onde está se metendo, não é?
— Sim, eu sei bem, pai. Obrigado por ter me trazido aqui.
— Isso não foi nada, agora vá, mas tome cuidado, não quero encrenca!
Eu assenti com a cabeça, abri a porta do carro e fui em direção a casa de Diego. Ao empurrar o portão, notei que ele estava aberto, então eu entrei sorrateiramente e fui em direção ao quarto dele, que ficava do lado oposto ao dos pais, peguei uma pedrinha e joguei em direção à janela, ele abriu a mesma e fez sinal para avisar que estava descendo.
— Oi — ele disse fechando a porta atrás de si.
— Olá — eu respondi.
— Então, eu preparei uma surpresa ali no canto... — Ele apontou para o canto do jardim que ficava ali nos fundos da casa. Quando olhei para o lugar, vi que havia uma toalha de piquenique aberta no chão, uma câmera instantânea e mais nada.
— Nós vamos nos deitar ali? Com seus pais dormindo? —Eu perguntei aflito.
— Sim, eles têm sono pesado, duvido que acordem.
Chegamos perto da toalha e nos deitamos sobre ela, olhei para cima e pude ver as estrelas, estavam lindas e completamente cintilantes, em seguida eu olhei para ele e pude ver seu lindo sorriso apreciando as estrelas também.
Eu estava sentindo uma vontade incessante de beijá-lo. Aquele clima de coisa proibida e aquele sorriso que eu talvez estivesse vendo pela última vez me fizeram puxá-lo para perto de mim e beijá-lo, ele fez uma cara de espanto, mas logo se entregou também. Eu sabia que os pais dele estavam a metros de distância, e meu pai também estava por perto, mas aquela era a minha noite com Diego e nada podia estragá-la.— Eu estou pronto — eu lhe disse ao afastar meus lábios do dele.
— Pronto para quê? — Ele perguntou com uma expressão confusa.
— É nossa possível última noite juntos, e eu quero que você faça nessa noite proibida coisas proibidas também...
— Eu acho que sei onde você quer chegar, mas não sei se quero... — Ele fez uma pausa de uns dois segundos — na verdade, eu quero muito, mas tenho medo, e não tenho preservativos — ele disse com cara de assustado.
— Eu trouxe dois, não sabia se seria necessário, mas agora vejo que foi bem útil — eu disse em tom de humor.
Então nossos lábios se tocaram novamente, mas Diego foi para cima de mim e começou a deslizar seus doces lábios pelo meu pescoço. Eu estava ofegante enquanto ele levantava minha blusa e tirava minhas calças, pude sentir cada toque em minha pele, eram suaves como pétalas de rosas. Então nós viramos e eu fiquei por cima dele, ele já estava despido também, o preservativo se encaixou e então aquelas estrelas pareciam mais cintilantes ainda, estávamos em completo êxtase. Sentir nossas almas se tocando e se deliciando era algo muito íntimo, não era apenas uma relação carnal, podíamos sentir como se estivéssemos em alto mar, ou então voando junto com as nuvens, aquilo era muito mais do que as palavras existentes podiam descrever, nossas almas é que ali transpareciam...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sentindo
RomanceBruno é um menino comum de 15 anos, que está descobrindo um novo mundo, a adolescência. Diego é um velho amigo de infância que se afastou com o tempo, o que será que está por vir nesse mundo repleto de hormônios e sensações? Descubra e sinta. Plágio...