Capítulo XI: Intensa Borboleta...

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    Quando eu saí para ir à escola, no dia seguinte, eu fui decidido que iria tentar convencer os pais de Diego a se resolverem, e eu esperava que eu conseguisse fazê-los mudar de ideia porque apesar de tudo aquilo ser novo e confuso, Diego, acima de tudo, era meu melhor amigo e eu precisava fazer com que aquilo tudo parasse em sua vida, pois me sentia culpado com isso.
   Quando cheguei na escola, não encontrei Diego, logo de cara, então fui perguntar para minhas amigas:

   — Gente, o Diego veio? 

   — Eu não o vi por aqui ainda, acho que não chegou. Afinal eu cheguei aqui bem cedo e não tive nem sinal dele. — Clara disse.

   — Vou ficar lá fora esperando para ver se ele chega... — Eu disse em tom de desapontamento.

   — Nós iremos para a sala, encontramos você lá — Disse Gabi.

    Então eu fui para o lado de fora da escola para ver se Diego aparecia, já eram sete e cinco e o portão iria fechar, eu precisava saber que Diego estava bem. Por um momento de distração eu olhei para o lado para algo que me chamou a atenção, era algo azul bem brilhante, me aproximei para saber o que era. Quando cheguei perto pude notar que era uma borboleta preta e azul, ela era linda, seu azul era tão intenso quanto o azul presente em meu cabelo, eu podia sentir uma conexão com ela de maneira inexplicável.
    Quando virei-me novamente para o lado e voltei à realidade, notei que Diego estava entrando pelo portão com sua mãe. Eu me escondi atrás da árvore e pude notar que ela não havia me visto pois estava conversando com o inspetor que ficava cuidando do portão principal da escola. Eu estava completamente abalado e com medo, não conseguiria conversar com a mãe dele.
    Diego e sua mãe entraram na escola e eu tive que esperar ambos para que não me vissem. Eu fui para a sala de aula e vi que a professora havia acabado de entrar e estava arrumando suas coisas sobre a mesa, enquanto ela arrumava as coisas eu me dirigia para minha carteira que ficava na janela. Ao me sentar, eu abri a mochila e arrumei meu material rapidamente sobre a mesa também, eu sabia que aquela manhã seria extensa...
    O sinal soou e todos desceram para o intervalo, eu decidi ficar na sala e dar uma revisada na matéria porque não queria me encontrar com a mãe de Diego novamente. Ainda sentado em meu lugar ao lado da janela eu olhei para o lado de fora e vi uma faísca azul extremamente brilhante, era a borboleta. Aquele bichinho estava me perseguindo, não havia outra explicação.
    Ela era tão bonita que novamente fiquei maravilhado com aquela cor extremamente fria, mas que me transmitia exatamente o contrário, fiquei tão distraído que levei o maior susto com o ruído alto que veio da porta, era Diego entrando na sala e fechando a porta atrás de si.
    Naquela hora meus olhos se encheram de lágrimas, eu não esperava por aquilo, pensei estar delirando, mas tudo era real, ele estava vindo em minha direção mesmo.

   — Oi... — Ele disse de modo desajeitado enquanto se sentava numa cadeira que havia puxado para deixar do meu lado.

   — Olá... — Eu disse tão desajeitado quanto ele, minha voz falhou e minhas bochechas coraram, apesar de ainda parecer meio abatido ele continuava lindo com seus cabelos ruivos como o fogo flamejante de tochas em meio à uma caverna extremamente escura.

   — Eu não posso demorar, então serei breve no que tenho a dizer, minha mãe veio aqui para pedir a minha transferência, eu vou me mudar daqui três dias... — Ele disse me olhando profundamente nos olhos, naquele momento eu senti como se estivesse sem chão. Meu mundo havia acabado.

   — Isso não pode ser verdade, e nós? O que faremos? — Eu lhe disse com lágrimas nos olhos que escorriam como chuva no vidro de um carro.

   — Eu vim aqui para dizer que irei fugir esta noite, me encontre atrás de casa, talvez esse dia seja o último que eu consiga te ver... Agora preciso ir embora, minha mãe acha que eu fui ao banheiro. — Nós nos levantamos da cadeira e eu o puxei para perto de mim e fiquei encarando-o com aqueles olhos profundos, mas não dissemos nada esse momento durou uns 10 segundos, até que eu me rendi e encostei meus lábios aos seus, eu estava sentindo muita dor naquela hora, sabia que aquele beijo poderia ser um erro naquele lugar tão propício para que entrasse alguém, mas a vantagem é que as portas só abriam por fora se utilizassem a chave, que ficava com as inspetoras. No meio daquele beijo ele se afastou de mim e eu pude perceber dor em seu olhar.

   — Eu te amo, por favor, não se vá! — Eu lhe disse pegando em sua mão. — Você ainda é meu melhor amigo!

   — Eu sei, mas não depende de mim, Bruno, infelizmente...

   — Mas e se eu conversasse com sua mãe? Eu poderia tentar convencê-la...

   — Bruno, não insista nisso, já estou machucado demais com tudo isso... Eu preciso ir agora... — Ele se virou para ir embora e caminhou em direção à porta, quando chegou próximo da saída, virou-se novamente — Eu te amo, me encontre atrás de casa nessa noite, por favor. — Ao terminar suas palavras ele se virou para a porta, abriu-a e foi embora, deixando-a aberta.

    Pelo corredor eu pude ver a borboletinha passando, será que aquilo era um sinal?

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