Naquela altura do campeonato eu não fazia a menor ideia do que estava acontecendo naquele momento, eu só conseguia sentir uma paixão, uma chama interna, então eu continuei beijando-o. Pude sentir suas mãos percorrendo todo o meu corpo e eu também comecei a deslizar minhas mãos por entre suas costas, seus lábios se afastaram dos meus e pude sentir sua respiração ofegante de adrenalina descendo meu pescoço, foi tudo tão quente e ardente, foi uma das melhores experiências que tive.
— Olha, eu... Olha, me desculpa tá?— Ele me disse se afastando de mim, logo após terminar a frase ele se virou para ir embora, mas eu segurei um de seus pulsos.
— Calma! Não precisa se desculpar, talvez seja algo bom colocar os sentimentos reprimidos pra fora, na verdade, é ótimo!— Eu lhe disse consolando-o enquanto passava uma de minhas mãos em seu rosto.
— Eu sei, eu só não estou entendendo tudo isso! É tudo muito novo para mim, eu sempre fiquei e namorei meninas, jamais pensei gostar de meninos!— Ele me disse com lágrimas nos olhos.
— Olha, eu sei bem o que você está passando, aliás estou passando pela mesma situação, ou você já se esqueceu disso?— Eu disse com lágrimas nos olhos quando comecei a entender toda a situação.
Diego era um menino muito feliz, muito alegre, sempre teve um olhar radiante, mas com o tempo esse brilho foi diminuindo um pouco, ele era fortemente reprimido pelos pais a seguir um padrão masculino imposto pela família, não era nada explícito, mas ele sempre entendia o recado, não podia usar certas roupas, ou ir para certos lugares, muito menos compartilhar tudo o que queria em suas redes sociais. Ele nunca se deixou abalar, mas sabia que se seus pais descobrissem toda a história comigo, ele jamais poderia me ver de novo...
— Eu sei que você entende o que eu falo, e que está passando pela mesma coisa, mas lembre de meus pais, você sabe muito bem como eles são, não sabe?— Ele realmente parecia estar assustado.
— Eu entendo perfeitamente! Meus pais também fazem o mesmo comigo, somos muito parecidos, lembra? Eu sei que é muito difícil querer descobrir as coisas de um jeito profundo e intenso e não poder fazer isso, eu também sofro com isso, preciso sempre ficar escondendo tudo de todos... Você foi o primeiro menino por quem eu acho que senti algo, mas talvez eu tivesse sentido algo antes se não tivesse que ficar sempre escondendo as coisas.— Eu lhe disse chorando, porque naquele momento estava sendo totalmente sincero, pude sentir minha alma saindo pra fora do corpo.
— É verdade, temos muito em comum, você também foi o primeiro menino que senti algo diferente, e como você, eu também não sei bem o que é, porque isso é diferente, não é tão fácil entender, já que eu nunca tive essa experiência, pra mim é algo quase estranho, e sinceramente, eu nem consigo dizer se gostei ou não, é tudo muito louco! Pelo menos você pode ouvir meus relatos e desabafos.— Ele se sentou no chão daquele terreno baldio e eu o acompanhei e fiz a mesma coisa.
— Bem, nós podemos ficar aqui conversando sobre o que estamos sentindo até conseguirmos nos entender direito, e como nós já concordamos antes, podemos apenas ir sentindo a vibe do momento, né?— Eu lhe dei um abraço.— Estamos juntos nessa, okay?— Eu estendi minha mão, ele apertou minha mão entrelaçando seus dedos aos meus.
Eu liguei para meu pai alguns minutos depois para poder avisá-lo de que eu iria demorar um pouco pra voltar pra casa e que estava tudo bem, só que havia encontrado com Diego. Naquele dia conversamos bastante, naquele terreno tinha uma árvore, onde nós nos encostamos e ficamos debaixo da sombra quando o Sol já estava em seu pico.
Foi uma tarde incrível, conheci um lado de Diego q eu conhecia pouco, e sinceramente, eu amei, era tudo tão sincero e sensível.
Ele era um menino meio nerd, pois amava mexer com mixagem de áudio, fazer cálculos matemáticos e coisas assim, mas também amava sair pra festas e ficar com várias pessoas. Já eu era um menino bem mais artístico, amava cantar, tocar, tirar fotos e dançar, eu realmente amava isso, era bem comunicativo, mas ao contrário de Diego eu preferia ficar em casa fazendo algo que me agradasse.
Naquele dia, um pouco mais tarde eu fui para a casa de Diego, que era mais perto daquele terreno. Ao chegar na casa dele não encontrei os pais dele, o que achei um pouco estranho.— Onde seus pais tão?— Eu lhe perguntei enquanto pegava um copo de água na cozinha.
— Eles deram uma saída, provavelmente foram ao supermercado ou à feira.— Ele pegava duas maçãs na geladeira, ficavam melhores quando ficavam geladinhas.
Ele me deu uma das maçãs e seguiu em direção ao quarto dele, era um quarto bem diferente do meu, ele tinha algumas fotos espalhadas pela escrivaninha, sobre a escrivaninha podíamos achar um computador, um fone de ouvido, algumas canetas e lápis, e alguns papéis. Os livros ficavam em uma prateleira que ficava localizada em cima da escrivaninha, um nível um pouco mais alto. Alguns pôsteres podiam ser encontrados pelo quarto, mas eram de super-heróis ou de alguns cantores e bandas que Diego gostava.
— Bem, não tem muito o que fazer por aqui...— Ele me disse.
— Que tal jogarmos algo? Você ainda tem vídeo game ou jogo de tabuleiro?— Eu disse olhando em volta do quarto.
— Eu tenho os dois, vamos jogar vídeo game então.— Ele disse indo para a sala, era onde o vídeo game ficava.
— Ótimo! Vamos jogar o que? Pode ser qualquer coisa desde que não seja jogo de futebol, você sabe como eu sou péssimo nesses jogos...— Eu disse enquanto o acompanhava em direção à sala.
— Tá bom, tá bom, vou colocar outra coisa então.— Ele disse rindo enquanto ligava a televisão e o console.
Nós jogamos um jogo de corrida de carros, onde eu me dava bem melhor do que nos jogos de futebol, aquele dia foi bem legal, algumas horas depois os pais deles haviam voltado com as compras, eu os cumprimentei, eles disseram que estavam morrendo de saudade, e não era em vão, afinal fazia muito tempo que eu não os via, eu acabei ficando para o almoço e no fim da tarde, quando o sol estava se pondo, era hora de voltar para casa, eu me despedi de todos e Diego me acompanhou até a porta.
— O dia hoje foi incrível, não esperava tudo isso.— Eu disse rindo.
— É verdade! Mas então, obrigado por tudo hoje!— Ele disse colocando a mão em meu ombro.
— Eu sempre estarei aqui, Diego. Você sabe disso.— Eu disse colocando a mão em seu ombro também.
— Eu sei! Eu te vejo amanhã, então?— Ele disse cruzando os braços.
— Claro! Não vai se livrar fácil assim de mim!— Eu lhe disse rindo.
— Ótimo então!— Ele disse rindo.— Até amanhã.— Ele me abraçou.
— Até!
Eu me afastei dele, virei-me e fui embora.
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Sentindo
RomanceBruno é um menino comum de 15 anos, que está descobrindo um novo mundo, a adolescência. Diego é um velho amigo de infância que se afastou com o tempo, o que será que está por vir nesse mundo repleto de hormônios e sensações? Descubra e sinta. Plágio...