Capítulo V: Caminhada Matutina.

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    Alguns dias se passaram desde o ocorrido, e eu ainda estava pensando em tudo, será que Diego sentia alguma coisa também? Será que eu realmente estava gostando dele? Esse beijo só me deixou mais confuso do que inicialmente, eu estava assustado com tudo isso, era tudo muito novo.
    Era domingo, estava um dia lindo, perfeito para ir dar umas voltas pelo quarteirão ou ir ao parque exercitar-me, estava cogitando a ideia de chamar Diego para ir conversar comigo, afinal ao longo da semana a gente não se falou muito, ficamos conversando apenas o necessário, e essas voltas poderiam esclarecer tudo. 
    Naquele instante eu me levantei da cama e olhei para o relógio, eram sete horas da manhã, dirigi-me à janela e abri as cortinas, com um belíssimo sol em meus olhos, iluminando meus cabelos azuis e aquecendo meu coração. Eu estava de samba canção e sem camiseta alguma, meu corpo não era nem um pouco atraente, tinha uma certa barriga, braços e coxas um pouco largos, não era o tipo de corpo padrão, e nem era o que eu queria. Desci as escadas e fui até à cozinha pegar uma xícara de café que eu tanto amava. 

   — Oi paizinho, bom dia!— Eu disse enquanto o abraçava, minha mãe permanecia dormindo, odiava acordar cedo aos domingos.

   — Oi filhão, dormiu bem?— Ele me perguntou afastando seu corpo do meu. 

   — Dormi sim, e você?— Eu o perguntei enquanto apanhava uma xícara e me direcionava em direção à garrafa térmica para pegar o café.

   — Eu também!— Ele respondeu.

   — Que bom!— Eu lhe disse enquanto pegava um ovo e uma banana, iria fazer uma panqueca saudável, devido ao meu sobrepeso, tive que começar a seguir a dieta que a nutricionista havia passado.

    Depois disso meu pai foi para a sala, ligou a televisão e sentou-se no sofá. Enquanto isso eu liguei o fogo, coloquei a frigideira sobre o fogão e enquanto ela aquecia no fogo baixo, eu amassei a banana, quebrei o ovo e misturei ambos até virarem uma massa homogênea. Virei-me e joguei a mistura sobre a frigideira, enquanto ela dourava a parte debaixo eu fui lavar o recipiente e a colher que eu havia usado. Peguei a espátula de silicone e virei a panqueca, depois de pronta eu sentei-me à mesa e comi a deliciosa panqueca e tomei meu café na temperatura ideal.
    Então um tempo se passou, quando olhei o relógio eram oito e meia, peguei meu celular e mandei uma mensagem à Diego perguntando se ele topava de ir caminhar comigo, durante o tempo que ele demorou a responder, eu fui colocar uma roupa ideal para fazer exercício, ao terminar de vestir-me, chequei o celular e Diego havia respondido minha pergunta, ele iria comigo, já estava se arrumando para vir. Eu fui até a sala, peguei minhas chaves, avisei meu pai que iria dar uma caminhada e fui embora.
    Me encontrei com Diego alguns minutos após esperar no parque onde havíamos combinado, ele estava usando uma roupa para praticar esportes, era preta com detalhes azuis, aquele sol matutino valorizava muito seu cabelo, era inevitável olhá-lo sem ficar de queixo caído.

   — Hey Bruninhoo! Tudo em cima?— Ele me cumprimentou com um abraço.

   — Tô ótimo, e você?— Eu perguntei 

   — Ah, tô bem também, bora então?— Ele fez um sinal para a gente começar a caminhar.

    Nós estávamos andando de forma calma, eu não tinha muita resistência para fazer corridas.

   — Olha, eu preciso abrir logo o jogo, depois daquele dia...— Eu fui interrompido subitamente.

   — Não fala mais nada.— Ele disse me olhando, mas em momento algum paramos de andar.

   — Ma-ma-mas eu preciso conversar contigo sobre isso, é importante pra mim, afinal você é a única pessoa com quem eu posso falar sobre tudo isso...— Eu lhe disse gaguejando no início.

   — Eu sei, não é isso, é porque eu também não sei como estou me sentindo em relação à isso, tudo ficou estranho desde aquele dia... Sabe, eu te beijei só pra ver se você realmente sentia algo. Às vezes precisamos beijar um cara para sabermos que não gostamos disso, é tipo comer jiló. O problema foi quando eu cheguei em casa, eu simplesmente não conseguia acreditar no que eu tinha feito porque como somos muito próximos e tal, pensei q não fosse acontecer nada, mas aconteceu... E muito.

   — Mas o que houve?— Eu o indaguei confuso.

   — Eu também não sei! Só acho que comecei a sentir algo por ti que eu nunca havia sentido antes... Foi tão estranho, eu só ficava pensando naquilo o dia todo e a noite toda, surreal...

    — Bem, então estamos na mesma!— Eu lhe disse rindo.

   — Sim!— Ele riu.— Nós podemos apenas ir levando e sentindo, né? De repente a vibe continua...— Ele disse tímido, claramente estava mais confuso que eu, maldita adolescência...

   — Claro! Vamos levando... Por que não, né? Eu nunca passei por isso antes, mas sempre tem a primeira vez...— Eu o disse um pouco ofegante, não estava cansado, apenas nervoso.

   — Claro... Olha pra mim...— Ele parou por um instante para olhar em volta.— Me segue, vamos mudar um pouco nossa rota, tudo bem?— Ele me perguntou colocando sua mão em meu ombro.

   — Sem problemas.— Eu concordei com um certo medo, não sabia o que ele queria fazer.

    Nós fomos seguindo um caminho em que cada vez estava com menos movimentação. Após muitas esquinas viradas e quarteirões inteiros atravessados, nós chegamos num terreno vazio, estava à venda por anos, mas ninguém comprava devido ao ambiente ao seu redor não ser tão familiar, eu e Diego íamos muito lá na infância.

   — Olha pra mim.— Ele pegou em meu ombro mais uma vez.— Me promete que se isso tudo não der certo, vamos continuar sendo amigos e me prometa também que não vamos falar nada para ninguém enquanto não tivermos certeza do que pode acontecer, okay?

    Nós estávamos um pouco ofegantes, mas ainda não tínhamos começado a suar, e para ser sincero eu não sabia o que estava acontecendo ali, por que ele tinha me levado para aquele terreno, ele podia ter me perguntado aquilo no parque mesmo.

   — Prometo, claro! Você sabe que apesar de tudo o que pode acontecer conosco, sempre vamos ser amigos!— Eu lhe disse olhando-o nos olhos.

   — Ótimo!— Ele me abraçou por um período de tempo relativamente demorado se comparado aos nossos abraços normais.— Agora... Me beija!— Ele me disse olhando-me nos olhos e segurando de maneira leve o meu pescoço.

    Ele aproximou seus lábios aos meus, e aconteceu mais uma vez...


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