*~ Capítulo 26 ~*

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Liam

Na manhã seguinte, depois de eu ter dormido tarde por ajudar a cuidar de Haven, eu estava bebendo meu café preto na cozinha quando ouvi alguns passos atrás de mim.
Era quase oito da manhã, e eu tinha sido o primeiro a levantar da cama até... agora. Virei para trás apenas para encontrar uma Natalie vestindo uma sexy camisola, parada na entrada da cozinha.

— Coruja? - indaguei olhando para o grande desenho estampando sua camisola.

Ela acompanhou meu olhar, e agitou a cabeça.
— Coisa da sua Avó.
Ela parecia envergonhada.
Sorri, e bebi mais um gole de café.

— O que faz tão cedo acordado?

Dei de ombros.
— Sei lá, acho que fiquei sem sono mesmo.

Ela afundou seus dentes em seu lábio inferior, e começou a entrar na cozinha.
— Bom dia. - desejou ela, inclinando-se sobre a ponta dos pés para alcançar meus lábios.

Afastei a xícara da boca, e baixei meus lábios para encontrar os dela rapidamente.
— Como você está? - perguntei, assim que ela se afastou.

— Bem, - ela coçou a cabeça. — Mas Havie se mexeu muito durante a noite. Só desci para preparar o café da manhã dela, vou levá-la ao médico.

— Quer que eu vá com vocês? - ofereci, pousando minha xícara em cima da pia.

Natalie parou o que estava fazendo, e me olhou por cima do ombro.
— Tem certeza de que quer se submeter à isso?

Um sorriso sem jeito escapou dos meus lábios.
— Eu quero estar lá para o que vocês precisarem.

Ela assentiu, dando-me um sorriso caloroso.
— Obrigada Liam, isso significa muito para mim.

~*~*~*~

Depois do café da manhã, seguimos de Uber para o hospital. Haven estava bem nervosa no banco de trás acreditando que teria que tomar uma vacina com aquelas injeções gigantes em sua imaginação.
Natalie passou a viagem tentando acalmá-la com carícias e palavras carinhosas. O motorista e eu sorríamos acompanhando o drama de Haven.

Vinte minutos depois estacionamos na frente de um grande prédio com vidros espelhados. Aceitei a conta antes de sair do carro, e abri a porta do passageiro para Natalie e Haven descer.
O clima estava abafado comparado ao ar-condicionado do carro. Passei a mão pelos meus cabelos já sentindo o suor brotar no meio da minha cabeça.
O céu acima de nós estava ganhando alguns tons de cinza. Do mais claro até o mais forte, escuro e sombrio.

— Tá muito quente. - se queixou, Haven, usando a mão para fazer sombra em seus olhos. Ela estava usando um vestido rodado rosa, com detalhes de renda nas alças e no cumprimento.

Natalie pegou a mão dela, e as duas começaram a seguir pela calçada e grande estrada de acesso à entrada do hospital. Tinha um pequeno chafariz de concreto jorrando água fresca próximo do prédio.
Haven se encantou quando chegamos mais perto. Ela soltou a mão da sua mãe, e correu para tentar mergulhar seus dedos na água.
Natalie se juntou à ela.
As duas estavam de costas para mim, ambas olhando o chafariz.
Era uma cena perfeita.
Puxei meu celular do bolso, e cliquei na câmera para capturar esse momento.
Elas nem sequer perceberam.

Guardei meu celular, e me aproximei de Natalie.
Havia algumas moedas no fundo da água.
— Não vamos nos atrasar para a consulta? - perguntei, sem querer estragar o momento.

Mas quando Natalie havia ligado para agendar o atendimento, descobrimos que os horários estavam bem restritos e só havíamos conseguindo para hoje, porque um paciente havia desistido.

— Você tem razão. Vem Havie, vamos.

O clima ficou melhor quando passamos pela porta automática. Ar fresco e gelado soprou nossos rostos, trazendo alívio para nós. Seguimos para o balcão de pronto atendimento, Natalie preencheu os documentos. Ganhamos uma ficha, e seguimos para o corredor do consultório.

Haven imediatamente seguiu para brincar no espaço reservado para crianças. Havia um painel com desenho da Disney, um par de mesas, cadeiras e uma pequena estante com alguns brinquedos.
Natalie e eu sentamos nas cadeiras. Havia algumas pessoas nos olhando.
Ela deitou sua cabeça em meu ombro.
— Obrigada por estar aqui com a gente, Liam. - agradeceu ela, novamente.

Levei minha mão até seu rosto, e acariciei sua bochecha. Percebi que meu gesto atraiu ainda mais os olhares das pessoas. Não tinha muito delas, apenas um par de senhoras, dois jovens e uma mulher grávida.
Me endireitei na cadeira.
— Eu faria qualquer coisa por vocês, Natalie.

Sua cabeça se aninhou ainda mais em meu ombro.
Meu peito se encheu de calor.
Alguns minutos depois, o um jovem rapaz abriu a porta, e com uma planilha na mão chamou o nome da Haven.

Aproveitei que as duas entraram na sala, e peguei meu celular para postar a foto que eu havia tirado. Fiquei observando a imagem, enquanto pensava em uma legenda para foto.
As duas estavam de costas, mas ainda assim a foto tinha algum charme. Depois de pensar em algo bacana para escrever, eu compartilhei a foto em meu Instagram com a seguinte legenda:

"Você só entende o que é felicidade quando você tem duas garotas ao seu lado"

Meio bobo não era?
Mas eu não me importava.
Era exatamente assim que eu me sentia quando estava com elas.

Natalie e Haven saíram da sala um momento depois. Levantei da cadeira e foquei meus olhos nelas.
— Tudo certo? - perguntei, observando se havia alguma preocupação no rosto de Natalie.

Ela respirou aliviada.
— Nada para se preocupar. - avisou, enquanto caminhávamos lado a lado pelo corredor. — Haven está desidratada. Desmaiou porque sua pressão deveria ter caído aquele dia, e ainda está oscilando o doutor disse. Ela precisa beber bastante água, e eu preciso manter meus olhos nela nos próximos dias, ainda mais durante esses dias mais quentes.

Movi minha cabeça para baixo e para cima.
— Realmente tem feito dias quentes, e ela tem estado muito tempo brincando abaixo do sol ultimamente.

Natalie olhou para filha.
— Viu só garotinha? Nada de rua para você enquanto estivermos tendo temperaturas tão altas.

Haven baixou a cabeça.
— Mas é só eu colocar bastante protetor solar, e beber água, o médico disse.

Pressionei meus lábios fortemente assim que uma risada queria sair de repente.
Essa garotinha.
Ela era bem difícil às vezes.

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