*~ Capítulo 50 ~*

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Liam

— Olá, Liam. É uma surpresa ver você aqui.

Apertei meus olhos para não responder seu comentário com um palavrão.
— Eu só preciso de cerveja. E não de suas palavras.

Seus olhos arregalaram.
— Uau, - zombou ela, revirando os olhos. — Desculpe não está mais aqui quem falou.

Endireitei meu corpo no banco, e coloquei minha mala perto das minhas pernas.
Sarah se afastou do balcão.

Eu não podia ir pra casa agora, então a única solução que eu encontrei foi dar um tempo aqui no bar até tudo se esfriar.
Eu também não queria encontrar Natalie agora.

— Aqui está seu pedido. - avisou Sarah empurrando uma latinha e um copo na minha frente.
Não me dei o trabalho de usar o copo, apenas abrir a latinha e bebi um grande gole, seguido de dois e três.

— Perdeu alguma coisa? - perguntei, assim que tirei a latinha dos meus lábios, e encarei um par de olhos curiosos.

Sarah agitou a cabeça, e franziu o cenho.
— O que está acontecendo com você? Está de mala aqui, bebendo e nem é noite ainda.

Pousei a latinha em cima do balcão, e inclinei meu rosto chegando mais perto dela.
— Vem cá, você é paga para se meter na vida dos outros, ou para servir os outros?

Suas bochechas ficaram vermelhas, e ela sorriu sem jeito.
— Nossa você é grosseiro.

— E você é metida.

Sarah deu um passo para trás. Mas continuo me encarando.
— Onde está Natalie?

Dei de ombros, e peguei minha latinha de volta.
Percebendo que eu não ia responder, ela fizera uma careta, e puxou seu celular para fora.
Merda.
Ela ia se meter aonde não devia.
— O que você vai fazer? - perguntei apontando para o aparelho em sua mão.

Ela se debruçou no balcão, exibindo seus seios exuberantes, virei meu rosto.
— Quem é o metido agora?

Porra.
Tomei mais um gole de bebida para ficar com a boca cheia, senão eu falaria alguma besteira para essa garçonete atrevida.
Como Natalie poderia ter uma amiga assim?
Bebi o último gole, e tirei uma nota de vinte dólares da minha carteira. Coloquei em cima do balcão, e desci do banco pegando minha mala.

— Já vai senhor Mayer? - provocou ela, percebendo que eu já estava me mandando. Não olhei para trás. — Bem agora que eu avisei a Natalie que você estava aqui.

Ignorei o que ela disse.
Para onde eu iria agora?
Fechei meus olhos e pensei mais um pouco.
Voltar para Nova York não tinha mais como, meu apartamento lá já estava sob os cuidados da imobiliária. Mas tinha meu primo Josh. Só que ficar com ele, naquela pensão que ele morava não era pra mim.
Não agora.
Bom.
Pensando melhor eu podia alugar um quarto no hotel.
Mas do que adiantaria realmente?
Se mais cedo ou mais tarde eu iria ter que encarar essa realidade?
Eu não era fraco.
Juntando toda coragem em meu peito, eu acenei para o taxi que estava as aproximando, e pedi que ele me levasse para casa de Judith.
Ou era isso.
Ou era nada.

Meia hora depois, eu paguei a corrida, e saí do carro com minha mala. Caramba.
Eu percorri a cidade com minhas mudas de roupas dentro dela.
Assim que meus olhos fitam a casa, nada parecia fora do lugar. Tudo parecia o mesmo.
Segui para varanda, e abri a porta.
Assim que coloquei meus pés dentro da casa, Judith venho correndo em minha direção.
Ela tinha uma expressão preocupada em seu rosto.

— O que está acontecendo? - perguntou minha vó, desesperadamente.

— Como assim?
Soltei minha mala perto da porta.
Eu nunca tinha visto minha vó desse jeito.

— Natalie chegou chorando, e pediu para mim cuidar de Haven, e agora a menina não para de chorar também.

Eu só me importei com a parte final do que ela falou.
— Onde está Haven?

Minha vó sacudiu as mãos para trás dos seus ombros.
— Lá na cozinha, eu dei um copo de água para ela, e também alguns biscoitos. Mas ela recusa tudo.

Oh.
Merda. 
— Eu vou vê-la.
Segui para cozinha em passos rápidos, e meu coração caiu quando vi Haven sentada envolta da mesa, com seus ombros tremendo, e os olhos inchados.
Nem parecia aquela menina que estava toda faceira com a boneca que tinha ganhado.

— O que foi princesa? - me abaixei do seu lado, e passei a mão em seus cabelos. — Conte-me o que aconteceu. Eu vou te ajudar.

Ela continuou chorando, e fungando, e tremendo os ombros.
Depositei um demorado beijo em sua cabeça.
— Sua mãe brigou com você? - perguntei, acariciando seus cabelos, eles estavam úmidos por causa do seu suor.

— Não... - choramingou ela, escondendo o rosto entre os braços cruzados.

— Então o que aconteceu?

— Você brigou com ela.

Oh.
Merda.
Ouvi isso me fez sentir como um monstro.

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