*~ Capítulo 18 ~*

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Liam

Eu estava decidido a colocar um ponto final nessa história com Natalie.
Mas depois que a vi na sacada vestindo nada menos que um longo e sexy vestido preto, eu comecei a repensar minha decisão.
Caramba.
Eu nunca tinha visto-a tão linda como ela estava. Embora sua roupa fosse simples, e sem detalhes no tecido. O vestido exibia bem a silhueta do seu corpo.
Era como um violão, sem muito exagero, todas as curvas na medida certa.
Sexy pra caralho.
Eu só consegui trazer minha mente para realidade quando ficamos sozinhos, e eu perguntei sobre ela ter ficado o dia longe de casa.
Agora estávamos sentados embaixo de um par de árvores, com uma mesa cheia de brinquedos entre nós.
Ela com a cabeça inclinada para baixo.
E eu sem conseguir ver seus olhos, e tentando entender o porquê que eu estava fazendo o que havia prometido não fazer com ela.

— Oh merda. - lancei minhas mãos por cima da mesa, e segurei seus braços. Foi quando eu senti a umidade escapando entre seus dedos.
Natalie estava chorando.

— Natalie, por favor, olha para mim. - pedi, tentando descobrir seus olhos. Mas suas mãos estavam firmes em seu rosto.

O que eu fiz?
Seus ombros começaram a tremer, e eu comecei a me sentir mal por vê-la sofrer.
Eu sabia.
No fundo eu sabia que isso iria acontecer.
Porra.
Eu não deveria ter atendido aquele telefonema.

Levantei do banco, contornei a mesa, e deslizei ao lado dela. Passei meus braços entorno do seu corpo, e a puxei para perto. Pousei minha cabeça em suas costas, e ficamos em silêncio assim por um longo momento até seu corpo começar a se acalmar em meus braços.
— Eu sinto muito por fazê-la chorar. - sussurrei em seu ouvido.

Usei uma de minhas mãos para afastar os pequenos fios de cabelo da sua nuca. Ela era perfeita.

— Olha para mim. - pedi mais uma vez, ela continuou encolhida, o rosto escondido. Aproximei meus lábios do seu ouvido: — Por favor.

Demorou mais alguns minutos para ela, lentamente deixar as mãos caírem do seu rosto.
Ela fungou algumas vezes.
E deixou um sorriso triste escapar.
— Você deve estar pensando que eu sou maluca.

— Eu nunca pensaria isso de você. - falei acariciando suas costas. Meu indicador subia e descia por toda extensão da sua pele.

Ela relutantemente virou sua cabeça, e meu peito se apertou quando eu vi a dor em seus olhos.
Merda.
Eu havia causado isso.

— Sinto muito. - foi o que eu consegui dizer. Olhar para ela, para sua expressão triste, para seu rosto molhado, para sua maquiagem borrada. Estava fazendo eu fodidamente me odiar.

— Você não tem que se desculpar, não foi culpa sua. Eu me deixei levar, e tudo mais. - ela deu de ombros, e afastou seus olhos novamente. — Eu pensei que ficaria tudo bem se eu já programasse na minha cabeça que uma hora ou outra você iria embora. – seus olhos continuaram fitando o gramado verde além da mesa. — Mas isso hoje... Eu não sei porque me pegou de surpresa. Eu não sou de chorar facilmente. Talvez tenha sido porque eu fiquei muito emocionada por ver você brincando com Havie... Ou porque eu estou muito apegada à você. Eu realmente não sei, mas isso não altera o meu erro.

Suas palavras estavam entrando em mim como agulhas. Era difícil de ouvi-las. Eu não queria que ela pensasse que me conhecer fosse um erro, que querer estar perto de mim fosse um erro.
O que eu poderia fazer para mudar isso?

— Se nós tivéssemos nos beijado você acha que toda essa situação estaria melhor? - perguntei, afastando meus braços dela, e inclinando meu corpo para frente.

Cruzei meus braços em cima da mesa, e girei minha cabeça para olhar ela de lado.
Sua voz estava cada vez mais fraca, quase esgotada.
— Se nós tivéssemos nos beijado ontem, você diria hoje que iria embora para Nova York?

Sua pergunta havia me deixado sem resposta.
Ela olhou rapidamente para mim, mas antes que eu pudesse me concentrar em seus olhos, e pensar em uma resposta, ela afastou seu olhar novamente.
— Viu? A gente realmente não sabe de nada Liam. E não teria graça se a gente pudesse prever tudo.

Isso era verdade.
Olhei para longe.
— Como que a gente fica agora?

Ela começou a mexer nas panelinhas da sua filha.
— Como o que exatamente?

— Eu não quero que fique esse clima estranho entre nós, também não quero que a gente comece a evitar ficar no mesmo ambiente que um ou o outro está.

Será que eu estava pedindo demais?

Ela suspirou antes de desabafar:
— Eu não posso dizer como vou estar me sentindo amanhã, ou como vão ser os próximos dias. Eu não sei. Estou confusa. Mas também não quero essa situação esquisita entre nós... Só que não há muito o que a gente possa fazer, entende? Seria melhor nós dois nos afastarmos até você ir embora.

Meu peito apertou com suas palavras.
Senti um pouco de umidade no canto dos meus olhos.
Olhei para o céu, mas eu mal conseguia vê-lo por inteiro. Havia muitas folhas de árvore cobrindo-o.
Eu não sabia mais o que dizer para ela.
Natalie tinha razão em tudo.

— Preciso ir checar Havie. - avisou ela, levantando do banco. Ela parou em pé próximo da mesa e começou a juntar os brinquedos.

— Quer que eu ajude você?

Ela agitou a cabeça negando.
— Não precisa.

Engoli em seco.
Levantei do banco, mas eu ainda não estava preparado para deixá-la se afastar.
Caramba.
Será que isso tinha realmente que acabar assim?
Quando passei por ela, interrompi meus passos, e fiquei alguns segundos em silêncio apenas observando-a.
Eu tinha que fazer alguma coisa.

Natalie guardou todos os brinquedinhos de Haven na bolsa rosa com um grande desenho de cactos. E se virou para me encontrar ali parado feito idiota, sem saber o que falar para ela.
Seus lábios tentaram sorrir, mas falharam.
Eu dei um passo para frente, tomando todo o espaço entre a gente. Seu corpo estremeceu com minha aproximação, mas não havia nenhum sentimento de medo, era confusão, e estranhamento. Segurei seu rosto com minhas mãos, e não pensei duas vezes antes de grudar meus lábios nos dela.
Pela primeira vez.
Meu peito explodiu em comemoração.
Mas antes que eu pudesse deixar de sentir o chão sob meus pés. Natalie afastou minhas mãos do seu rosto, e puxou seu rosto para trás.
Ela começou a agitar a cabeça, e usou suas mãos para pressionar suas têmporas.

Quando eu ia começar a me desculpar, Natalie ergueu uma de suas mãos. A outra ela pousou em seus lábios. Os lábios que eu mal pude sentir um gosto.
Eram tão macios, caramba.

— Por favor... - pediu ela, atraindo toda minha atenção. — Não me beije se sua intenção é me deixar.

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