*~ Capítulo 30 ~*

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Liam

— Oi amiga. - cumprimentou a garota já se jogando nos braços de Natalie.
A garota era meio atrevida.

Natalie se afastou e olhou para mim.
— Sarah esse é... - antes que ela pudesse terminar de me apresentar, a garota enfiou a mão na minha cara.
Atrevida e ousada.

— Você deve ser o Liam, muito bom finalmente conhecê-lo.

Esfreguei meu queixo, antes de oferecer minha mão para apertar a dela.
— Digo o mesmo. - falei sem jeito.

Ela sorriu, e agitou seus cabelos negros.
— Então vamos para os fundos?

Natalie puxou minha mão, e nos seguimos de mãos dadas atrás de uma Sarah muito animada. Eu já tinha ido em um bar antes, mas esse aqui era bem diferente dos que tinham em Nova York.

Era pequeno, e pouco acolhedor.

Quando chegamos do outro lado, fiquei mais tranquilo. Essa parte do bar estava mais vazia, e parecia como um restaurante.
Natalie escolheu uma mesa próxima de uma grande janela de vidro.
Soltei sua mão, e puxei a cadeira para ela se sentar, depois fiz o mesmo para sua amiga.

— Nossa que cavalheiro. - observou ela, sentando e me analisando.

Sorri em agradecimento apenas para não ser arrogante. E me juntei à elas na mesa. Essa seria uma noite interessante.

Natalie pegou o cardápio e olhou para sua amiga.
— Que milagre você não ter trazido algum acompanhante.

Sarah agitou seus ombros.
— Não encontrei ninguém interessante.

Descansei minhas costas no encosto da cadeira, e comecei a observá-las. Ambas estavam bem à vontade, eu podia dizer que se conheciam a bastante tempo. Enquanto Natalie falava com mais cautela, Sarah cuspia suas palavras.
Parecia que ela tinha sido ligada na tomada.

— Isso é surpreendente desde que você se joga em qualquer um que aparece. - engoli em seco quando ouvi Natalie dizer isso.

Sarah não pareceu chocada, apenas revirou seus olhos pardos.
— Eu tenho necessidades.

Oh.
Merda.
Eu não queria estar ouvindo essa conversa.
Peguei o cardápio para tentar me concentrar em qualquer coisa além desse papo de mulheres. Havia muitas opções de hambúrgueres, cada sabor com um valor diferente. Havia petiscos como: batata frita, ovo de codorna, picles e frango frito.
— Já sabem o que vão pedir? - perguntei, interrompendo-as.
Eu estava meio que me sentindo como uma vela.

Natalie encerrou o assunto, e olhou para seu cardápio.
— Vamos começar com os petiscos. Eu peço um combo para nós três.

Larguei meu cardápio em cima da mesa.
— Eu quero um chopp. - avisei, ela assentiu.

— Acho que vou acompanhar o Liam na bebida. - piscou Sarah para mim.

Endireitei-me na cadeira.
Natalie fizera sinal para o garçom, e ditou nossos pedidos. O jovem rapaz anotou em um bloco e saiu logo em seguida. 

— Então Liam, - chamou Sarah. — Quantos anos você tem?

— Vinte e nove.

— Uau, e seu aniversário quando é?

Espere aí, isso era um interrogatório?
— Março. - respondi a contragosto.

— Então você é de Áries?

Pensei em bufar mas apenas agitei minha cabeça negando.
— Peixe, nasci no dia três de março.

Sua boca permaneceu um instante aberta.
— Oh...

Natalie lançou seus olhos para mim, e por um rápido momento eu percebi que ela estava pensando o porquê que não havia me feito essas perguntas primeiro.
Por mais que a gente estivesse se conhecendo já há algumas semanas, duas para ser mais claro, a gente ainda não tivemos essa conversa.
Eu não sabia o dia do seu aniversário.
Não sabia sua cor favorita.
Nem mesmo qual era seu maior medo.
Nem seus planos para o futuro.

— O que foi? - sussurrei para ela, para não atrair a atenção da sua amiga.

Suas bochechas se iluminaram. E ela agitou a cabeça.
— Nada.

Usei minha mão para afastar uma pequena sujeira que havia caído em seu cabelo. Assim que deslizei minha mão fora da sua cabeça, ela pegou meus dedos, e se inclinou para dar um beijo neles.

— Vocês são tão fofos. - comentou Sarah nos observando.

Pousei minhas mãos em meu colo.
Natalie retribuiu com uma careta para ela.

— Com licença. - pediu o garçom colocando nossos pedidos na mesa.

~*~*~*~*~

— Graças à Deus. - pensei comigo mesmo assim que Sarah se despediu de Natalie, e acenou um tchau para mim.

Eu não queria ser chato.
Mas durante o jantar ela tagarelou sem parar.
Eu não aguentava mais.

— O que está passando nessa sua cabeça? - indagou Natalie, me analisando com desconfiança.

Endireitei-me na cadeira.
— Nada importante.

Seus olhos continuaram semicerrados.
— O que você achou da minha amiga?

— Quer a verdade?

Uma de suas sobrancelhas voaram para sua testa.
— Uau, sim.

Inclinei meu corpo para frente, e cruzei meus braços em cima da mesa.
— Um saco. - ela arregalou os olhos. — Olha me desculpe, mas eu não estou acostumado com pessoas tão elétricas assim. Ela fala demais. E é um pouco inconvincente.

Natalie passou a língua pelos lábios, e fechou os olhos por um instante. Depois abriu para me encarar com arrependimento.
— Sinto muito por ter submetido você à isso. Será que eu arruinei o nosso encontro?

Puxei meus braços cruzados para meu peito, e retruquei em um tom de brincadeira:
— No mínimo agora você me deve outro. - peguei a mão dela. — Mas apenas nós dois, ok?

— Sim. - suspirou ela.

— Vamos para casa. - anunciei, levantando da mesa ainda segurando sua mão com a minha.
Sua pele estava morna e um pouco úmida.

Natalie se levantou, e cambaleou quando parou ao meu lado. Entrelacei meus dedos com os dela antes de seguirmos para fora do bar.
Agora já estava menos lotado.

— Eu não queria que a noite acabasse assim desse jeito. - lamentou Natalie se apoiando em meu ombro, quando chegamos na rua.

Havia uma leve garoa descendo lentamente. Estava um pouco frio também. Estrelas brilhavam no céu assim como as luzes dos postes espalhados pela rua.

— Desse jeito como?

Puxei meu celular do bolso, e chamei um Uber.
— Com você frustrado. - confessou ela, usando a mão para cobrir o rosto. — Eu não deveria ter convidado Sarah.

Virei para vê-la de frente.
— Ei, eu não estou frustrado. Eu só não curti a companhia da sua amiga.

Ela olhou para os próprios pés.
— Natalie?
Seu rosto continuou concentrado no chão.

— Natalie? - chamei colocando minha mão em seu queixo, e erguendo seu rosto até seus olhos se acomodarem nos meus.

— Você é boba se está pensando que estragou o nosso jantar convidando sua amiga. Não liga para mim, ok? Eu posso ser meio arisco com algumas pessoas.

O esboço de um sorriso brincou em seus lábios.
— Às vezes eu sinto que nem te conheço direito. Eu não sabia que seu aniversário era em Março, que seu signo é peixes. - seus ombros caíram. — Nem mesmo sei qual é sua comida preferida.

Fechei meus olhos, segurei seu rosto e pressionei um beijo em sua testa.
— Eu vou mudar isso. Não se preocupe.

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