Liam
Depois de tudo que ela me disse, eu respirei fundo, e confessei:
— Eu estou tentando entender, Natalie. Mas você não explicou ainda porque que não me contou nas inúmeras vezes que te liguei, e mandei mensagens.
Seus lábios se tremeram levemente antes dela responder:
— Eu sei.. E sinto muito por não ter avisado. Mas eu não sabia como você iria se sentir sobre isso. Eu ficava me perguntando aviso ou não aviso. Mas o que pesou mais foi não avisar e deixar para falar quando você estivesse aqui.— Como você acha que eu iria reagir à isso se tivesse me dito antes?
Um sorriso fraco brincou em seus lábios.
— Sinceramente? Eu não sei. Mas eu podia imaginar que você ficasse chateado.Interessante.
— E como você acha que eu estou agora?Reconhecimento passou pelos seus olhos.
— Chateado?Agitei minha cabeça concordando, ela deixou escapar um suspiro. Ergui meu corpo para frente, e entrelacei minhas mãos na mesa.
— Olha, é difícil de engolir essa história, mas eu vou aceitar porque não tem outra explicação pra isso, não é? Seu marido voltou então você tem que resolver essa situação dele com Haven, e toda essa merda.Uma única lágrima rolou pelo seu rosto.
— Você escutou o que você acabou de dizer?— O que?
— Você disse "seu marido voltou", ele não é mais meu marido, Liam. E não há chance no mundo que possa me fazer voltar para ele. Nunca. Em hipótese nenhuma.
Balancei minha cabeça negando freneticamente.
Não.
Ela estava enganada.
Então eu perguntei:
— Nem se a guarda da Haven dependesse disso?Seus olhos estralaram, e ela tomou conhecimento do que eu falei. Esperei que ela disse alguma coisa, mas peguei seu silêncio como resposta.
— É o que eu estou falando, Natalie. - comecei a me levantar do banco, mas sua mão segurou meu pulso.
— Eu te amo, Liam. Eu não amo ele. Eu só te amo.
Lágrimas corriam pelos seus olhos.Merda.
Eu odiava vê-la assim.
Mas eu precisava sair daqui.— Você não pode dizer isso quando minutos atrás não sabia o que responder quando perguntei se você voltaria para seu ex-marido. - enfatizei a última palavra para ela ver que eu tinha dito certo dessa vez. Se isso fizesse alguma diferença.
Realmente.— Mas você disse pela Haven. - sua voz estava cheia de dor. — E ela é minha filha. Qualquer mãe faria qualquer coisa por um filho.
— Então volte para ele Natalie, e vai viver sua vida.
Soltei meu pulso do seu aperto, e comecei a voltar para casa.— Mas eu te amo. - disse ela novamente.
Porra.
Não precisava ser assim.— Pare de dizer isso.
— Você não me ama? Então todas aquelas coisas bonitas que você me disse eram mentiras? - ela continuou gritando, e eu continuei seguindo em frente.
Eu precisava me manter longe, precisava esfriar minha cabeça.
~*~*~*~*~
Dessa vez eu não fui para o bar, simplesmente me tranquei em meu quarto. Ainda que fosse dia lá fora, eu fechei as cortinas, e apaguei a luz deixando o quarto escuro e propício para o sono, mesmo que eu não tivesse sono.
Eu só queria deitar minha cabeça no travesseiro. E quando fiz isso senti uma leve umidade no canto dos meus olhos.
Merda.
Merda.
Merda.
A última vez que eu havia chorado foi pela morte de Greta.
De repente meus olhos fecharam, e eu fui levado para o tempo onde toda minha vida parecia perfeita.— Amor? - chamou Greta, abrindo a porta do nosso quarto. — Olha o que eu trouxe para você.
Eu estava dormindo fazia um par de horas, e desde que minha cabeça estava uma droga ferrada, eu apenas abri um olho para ver o que ela havia trazido.
Greta entrou no quarto carregando uma caixa. Parecia pesada para ela. Porque duas veias estavam dilatadas em sua testa.
— Você vai precisar sentar.Fiz o que ela pediu, e me sentei na cama. Greta colocou a caixa no meu colo, e começou a torcer as mãos me incentivando a abri-la.
— Ok. Isso não é nenhum tipo de bomba que vai estourar na minha cara né?
Ela sorriu exibindo seu par de covinhas.
Tão graciosa.
— Abra Abra.Enfiei minhas mãos na caixa, e comecei a arrancar a fita adesiva de todas as partes. Até que um barulho explodiu fora da caixa.
— Eu não acredito.— Vê logo. Vai. - ela parecia genuinamente empolgada.
Isso só me fazia perceber o quanto que eu a amava.Abri as tampas da caixa, e então meus olhos fitaram uma bola peluda escondida no fundo do papelão. Mergulhei minhas mãos até ele, e quando trouxe para fora, eu não sabia se ria, se chorava ou se beijava a minha mulher.
Eu era apaixonado por gatos desde que eu tinha seis anos. Eu tive um quando ainda morava com minha vó, mas quando Pita morreu eu não quis que nenhum outro gato ocupasse seu lugar.
Eu fiquei furioso com o mundo na época.
— Greta... - sussurrei encantando com o bichinho com pêlo mesclado, era cinza e preto.
Uma graça.— Como ele vai se chamar? - perguntou ela, subindo na cama para se sentar ao meu lado.
Usei minha mão para esfregar o pêlo macio do gato.
Ele soltou um miado.
Soltei uma pequena gargalhada.
— Vou chamá-lo de Lol.~*~*~*~*~
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Uma Nova Chance
RomansaDepois de perder sua esposa em um terrível acidente de carro, e descobrir que ela estava grávida do seu primeiro filho, Liam Mayer só encontrou uma saída para acabar com a dor em seu coração: morrer também. Mas antes que ele pudesse atentar contra...